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sábado, março 28, 2020

Diário da Covid-19: duas semanas de coronavírus em Boa Vista

Segunda (16/3) amanhecemos tensos em casa. Edgarzinho tava tossindo muito, mesmo com os medicamentos. Já avisamos cedo à coordenação pedagógica que ele só iria fazer o tal simulado, mas que a partir de terça não iria mais. Ele é que não vai ficar exposto a pegar coronavírus na escola. À tarde, o governador já adiantou as férias de julho para ficar todo mundo em casa até o começo de abril. Menos mal pela questão da saúde pública, bem ruim para quem estava pensando em viajar no meio do ano. 

Perguntei no grupo da firma como ia ser, se ia ter liberação para os técnicos e tal. Não souberam dizer, fiquei irritado, quando cheguei fui cobrir uma reunião e lá avisaram que alunos e professores teriam encontros só via internet. Os técnicos deveriam manter o trabalho, a menos que se enquadrassem nos grupos de risco. Nessas horas lamento não ter nenhuma doença grave. 

Na terça (17/3) já não tinha ninguém na firma. Saí para resolver um negócio e ao voltar por uma entrada diferente da habitual vi um monte de alunos indígenas saindo do campus. Será que os caras estão tendo aula? Pior que hoje vi em algum lugar recomendações para que os parentes que estão na cidade evitem ir para as aldeias. O lance é quebrar a corrente de propagação do vírus. 

Depois de sair do trabalho, vi uns lances e escrevi isto no Twitter (fica aí o convite para me seguir lá):  


Na saída do trabalho, às 18h, na avenida Ene Garcez, Boa Vista, cidade com 4 casos suspeitos de Covid-19: 1. Atletas jogando vôlei e outros com o personal. 2. Muitas mães e crianças no parquinho. 3. Gente comprando ingresso pro cinema. 4. Bares abrindo. RR não teme a pandemia.

Uma menina, a @caamilacesar, me respondeu descrevendo outra parte da cidade: 


Filas enormes, aglomeração de pessoas na frente do Hélio Campos (está tendo alguma coisa por lá, acredito que seja teste físico dos aprovados no concurso), pessoas indo malhar normalmente nas academias, shopping lotado e por ai vai...

Na quarta (18/3) fomos rapidamente ao Atacadão comprar coisas que estavam faltando. Eu não queria ir, mas sou bem mandado pela Zanny e prefiro não encrencar por isso. Conversamos sobre o quanto a cidade parece normal e o comportamento das pessoas não aparenta alteração. Ao mesmo tempo, acho que o coronavírus vai deixar sua marca na vida cotidiana. Pelo menos no costume de lavar as mãos. 

De tarde leio a portaria que regulamente o teletrabalho durante a crise do Corona. É que me atentei: moro com duas pessoas que estão nos grupos de risco das doenças crônicas. Uma com fibromialgia e outra com asma. Vejo uma matéria que fala das teorias da conspiração sobre quem teria criado a doença e um trechinho no final me chama a atenção: 


Se o coronavírus seguir o padrão da pandemia de gripe H1N1 de 2009, ele também vai se espalhar globalmente para se tornar um quinto coronavírus endêmico dentro da população humana.

Ou seja: o que estava pensando desde cedo tem fundamento. Essa doença pode ficar rondando nossa vida para sempre. Será a virose de todo verão em Roraima. 

Falando nisso, o governo divulgou que os nove casos suspeitos de Roraima deram negativo. Acredito? Bicho...desconfio dessas assessorias em tempo de Bolsonaro e fake news como hábito comum. Será que agora vão pedir para reabrir a fronteira, já que não tem nada de mais ou vão continuar querendo só a grana da Venezuela?  

O governador e o secretário de Saúde publicaram um vídeo no Facebook bem sorridentes, dizendo que não tem casos de Covid-19  no Estado. Não falaram que precisa fazer a contraprova e eu não me lembro de ter ouvido falar de terem testado toda a população... Tempos de pós-verdade e de falta duma assessoria para dizer "menos, chefe, menos, por favor".

Conversei um bocado pelo wpp com a minha amiga Deni Argenta. Ela me diz que no Rio de Janeiro a situação não tá muito diferente daqui: todo mundo circulando feliz pelas ruas,  inclusive os que não precisariam.  Devem estar sendo guiados pela mensagem do presidente, para quem coronavirus é histeria. 

Quinta (19/3). Acordo 4h44. Enquanto preparo o café, vejo que o filho do presidente foi buscar treta com a China por conta do corona . A embaixada respondeu afirmando que o bolsofilho estava com infecção mental. Tudo Isso no Twitter. 

Vou correr na praia. É o que me relaxa. Não tem ninguém, como de costume nas manhãs de segunda a sexta. Sábado e domingo o povo chega cedo, seja para o bronzeamento, seja para passear com os cachorros
Minhas visão matutina

O fechamento das fronteiras brasileiras cresce. Agora são oito países. Fiquei pensando nos cubanos e haitianos que estavam entrando pela Guiana. Vão ficar do lado de lá sabe-se lá até quando. Alguém me diz que a maioria dos países já havia fechado a fronteira antes. 

Fiz o documento pedindo teletrabalho. A partir desta sexta já fico em casa, trabalhando de lá. Não queria consumir minha energia elétrica, mas é melhor diminuir os riscos para a família. Pelas memorandos que chegam nos sistema interno, tem muito setor administrativo da firma já praticamente fechados ao atendimento externo. Ou pelo menos, limitando ao máximo. 

Leio que a UFPR tornou o teletrabalho algo obrigatório, não mais opcional. 

A toda hora chegam dicas de plataformas de vídeo e livros abertas para a gente passar o tempo. 

Choveu no campus. 

Sexta (20). Primeiro dia de trabalho remoto. Fico sem internet justamente ao meio-dia. Comunico no grupo de trabalho que estou me virando apenas com 4G do celular, mas que já deve normalizar. Minha colega de trabalho Gérsika me avisa: estão dizendo que um caminhão puxou um fio. Tremo, mas fico tranquilo. Devem resolver isso logo. E assim vamos, trabalhando pelo celular em mais uma tarde quente do verão roraimense. 

O brasileiro sempre decepciona:


Empreendendo na crise

São mais de 20h quando chega no grupo dos escritores a notícia de que o professor e escritor Devair Fiorotti morreu devido à complicações pós-operatórias. As redes sociais se enchem de depoimentos. Eu também fiz o meu e joguei no meu perfil do Facebook. Zanny ficou triste e ambos ficamos pensando nas crianças que deixou. 


Devair Fiorotti durante um Sarau da Lona Poética, evento organizado por mim e o coletivo Caimbé

 A notícia da morte do Devair chega quase junto com as notícias do Bolsonaro desdenhando da pandemia de Coronavírus. Ao longo dos próximos dias, ele vai se dividir entre atacar quem defende isolamento social como alternativa à propagação de casos e tentar acabar com a vida dos trabalhadores brasileiros em nome da economia. E mesmo quando recua, avança sobre a gente. 


Um comentário da internet

Arregou no outro dia

Já pensou?


22 a 28/3

Minha internet só voltará a ser normalizada na terça à tarde e eu não aguento mais a OI. Edgarzinho estava que não aguentava mais ficar off-line. Eu aproveitei que não havia como entrar na Netflix e fui encarar os livros da estante que ainda não haviam sido lidos. Devo dizer que a semana foi proveitosa nesse sentido. 
Capitães da Areia, que eu achei sempre que era Capitães DE are




Livro com foco no público infanto-juvenil, muito bom e me ajudou a entender a carreira do JK. Se lincar isso com outras biografias, dá para entender melhor a época dele


Este é uma coletânea de quadrinhos. Tenho que entregá-lo em uma biblioteca, como combinei com a autora. Já deixei na UFRR e no Sesc. A próxima será a do Palácio da Cultura


Na sexta (27) iniciei este: 
Muitos bons os contos do Scliar. É um livro grosso que só, mas as leitura caminha fácil


Não fiz foto porque larguei logo, mas ainda li umas 40 páginas de Lavoura Arcaica. Não gostei do estilo da narrativa. 

A semana toda foi de trabalho remoto em casa (na segunda a UFRR editou portarias dizendo que as atividades deixam de ser presenciais por enquanto). Quero ver como vai ficar minha conta de energia depois disto. E como tem sido quentes as tardes e noites de Boa Vista




A prefeita e o governador fecharam tudo (inclusive as praias, o que me deixa triste, já que era numa delas que eu corria toda manhã), mas reabriram depois muita coisa durante a semana. Estão pagando para ver em nome da pressão dos empresários, que alegam prejuízos e ameaçam com demitir os funcionários. E os funcionários, com medo disso, apoiam a volta ao trabalho. A Casa Grande sempre vence. Em Brasília e outros estados, Bolsonaro trava uma guerra de narrativas com os governadores e a Câmara dos Deputados. Até tentar dar esculacho no governador de São Paulo ele deu, em vez de ficar quieto e conversar como gente educada no meio de uma crise. 


Acesso à minha praia querida bloqueado. 



Matemática básica dos leitos de UTI em Boa Vista. Se todo mundo cair de uma só vez, muita gente vai morrer no corredor do Hospital Geral de Roraima


Perdi uma folha onde estava anotando as coisas que queria registrar neste depoimento. Agora vai tudo memória e baseando-me nas fotos e imagens que guardei ao longo da semana. 

Entre lidas, calor e trabalho remoto, gravei dois vídeos para meu canal de youtube. Se você não está inscrito, faça o favor de se inscrever. O primeiro foi montando um lego do Batman

e o segundo foi lendo um trecho da obra Capitães da Areia. Vai lá conferir depois os dois.

Ontem, sexta (27), o governador de Roraima disse que a partir de abril as aulas serão à distância. Não explicou como vai ser. Só fico imaginando aulas via internet nas comunidades indígenas ou nas comunidades pobres de Boa Vista.... Sem noção. Vamos ver. 

Aqui a gente tinha conversado e decidido que Edgarzinho não voltaria às aulas enquanto a crise do corona não baixar. Mesmo que isso lhe custasse o ano escolar, seria bem melhor que pegar essa doença e correr o risco de morrer. Além de não termos UTIs para todos em tempos normais, o menino, asmático e sobrevivente a cinco pneumonias nos seus cinco primeiros anos de vida, era quase um alvo pintado para o vírus. 

Sábado (28). A vida tenta seguir a calmaria. Dona Alba, mãe de Zanny, está com a gente há quase uma semana. Quase todo dia faço uma chamada de vídeo para minha mãe, buscando saber como estão por lá e como estão comportando-se. Meu pai só me dá raiva com seu comportamento de risco, mas ela minimiza. Diz que ele fala muito, mas que está tomando as precauções. 


Os velhinhos de Boa Vista e os jovens conscientes


Corri hoje, ontem e anteontem. Não na praia, mas na avenida não asfaltada que tem aqui no bairro. Vamos eu e o vento nesse horário. No máximo, alguém passando de moto, geralmente os trabalhadores da construção civil, que não parou um momento suas atividades aqui no bairro. 

Tenho acordado muito antes das cinco todos os dias. Melhor aproveitar isso queimando calorias. Meu foco é chegar a 5 km em 30 minutos. Se o coração não explodir, talvez em dois meses consiga calmamente isso. Descobri que tenho fôlego para aguentar de 15 a 20 minutos sem parar e estou me aproveitando disso. 




Sinto falta da areia da praia, confesso. Temo pelos joelhos e lá na praia eu ainda pegava bronzeado nas coxas.


Quando a praia era só minha...



Vamos agora para terceira semana. Uma certeza eu tenho e já a compartilhei aqui em casa e numa vídeochamada ao meu amigo Timóteo Camargo: só não estou pior porque já praticava o distanciamento pessoal voluntário. Agora, imagina que vivia nos bares e outros locais socializando a todo momento? Esses devem estar ficando loucos já. 

(Acho que eu estou começando a ficar cansado, mas tenho reservas para alguns dias ainda)

sexta-feira, março 27, 2020

Lendo Jorge Amado: Capitães da Areia e o orixá Omolu

Fiz uma leitura de um trecho do livro Capitães da Areia, de Jorge Amado. O trecho relata a crise do Alastrim que se espalhou por Salvador e o papel do orixá Omolu nesse momento. 

Tenho o livro há muitos anos, mas andava fugindo de leituras longas, priorizando contos em vez de romances. A quarentena do Covid-19 mudou meus hábitos. 

Achei o trecho do livro condizente com o momento que estamos passando. Duas doenças e muitas vítimas entre os mais desfavorecidos ou entre aqueles que não têm como se prevenir.  

Se gostar do vídeo, deixa seu like, compartilha com os
amigos, manda seu comentário e se inscreve no canal. Prometo ser mais produtivo o quesito "criador de conteúdo".



Uma curiosidade sobre esse livro: exemplares dele chegaram a recolhidos em queimados em 1937. Alegação: seu suposto conteúdo vermelho comunista. Ou seja, o medo e a paranoia do capital e seus consequentes ataques à cultura são um fato recorrente no Brasil. 

sexta-feira, janeiro 03, 2020

Diário de um mestrando - 22° mês - o final da saga


Acabou. Finalmente defendi a dissertação (Quer dizer, finalmente não, visto que defendi dois meses antes do prazo regulamentar). Acho que posso disser: finalmente me livrei da dissertação (Na verdade, também não posso. Depois da dissertação vem a parte das correções, impressão, capa dura, essas coisas que ainda não fiz).

Enfim, é dia 3 de janeiro de 2020 e a defesa aconteceu em 18 de dezembro de 2019. Como foi eu vou contar agora.

Mas antes: obrigado a quem acompanhou aqui no blog o relato de minha jornada acadêmica durante os últimos 22 meses. Olhando agora parece que tudo foi menos difícil do que pareceu, mas na perspectiva o couro sempre dói menos, né?

Eu poderia escrever agora somente o dia da defesa, mas não...vamos seguir a linha do tempo em janeiro, pois nada aparece do nada. 

Bora lá, aos acontecidos: 

O mês começou com o Programa de Pós-graduação em Letras divulgando os defensores da dona Dirce. O trio formado por mim, Vanessa Brandão e Jackson Félix (coincidentemente todos somos jornalistas infiltrados na área de Letras) estava sendo orientado por professores que haviam deixado o programa por conta de outros programas. Se entrassem o ano na categoria de professores colaboradores do PPGL, este perderia pontos na avaliação da Capes. Ou seja, aceleramos as pesquisas por conta disso.

Felizmente (ou não), eu sofro de agonia se fico sem fazer nada tendo o que fazer (mas só se for algo intelectual. As demandas físicas adio de boa). Então já estava com o meu material pronto praticamente no final de outubro e não tive grandes problemas. Os colegas defenderam nos dias 13 e 16 e eu fiquei para 18 de dezembro.






 Antes das defesas teve um evento do PPGL intitulado "IV Jornadas de Estudos Literários", realizado de 4 a 6 de dezembro no bloco I da UFRR. Apareci lá em um dos dias e foi bacana. Boa parte da turma atual do mestrado estava lá. 






No dia da defesa da colega Vanessa  Brandão, o Facebook me mandou esta lembrança bem bacana de um tempo em que sabia que queria fazer mestrado, mas não sabia o que nem como pesquisar: 







Por sinal, essa foi a primeira dissertação que li inteira na vida. Adorei esse tema. 

Fui prestigiar a Vanessa e dar-lhe apoio moral. Conversamos muito durante o mestrado, lhe dei muito conselho, passei vários links para ela analisar se valiam a pena serem incluídos no trabalho, li seu material conforme ia avançando e no final ajudei com a revisão gramatical (e um pouco de conteúdo também). 





Vanessa durante a sua defesa

Professores da banca. Em primeiro plano, a minha orientadora, doutora Leila Baptaglin

Como não era eu quem estava tenso no dia, aproveitei para fazer umas brincadeiras com as fotos que bati durante a defesa: 


Pense numa nota que demorou a sair. Ninguém aguentava mais a expectativa

Não foi isso que minha professora disse, obviamente, mas que o gestual das mãos dela me lembrou alguém querendo esganar outro, me lembrou

No final, Vanessa saiu com um belo 10 pelo seu trabalho. De noite teve comemoração com damorida na galeria do Jaider Esbell, seu sujeito de estudo. Comi que só e só não comi mais porque faltou espaço na barriga

Não sei se foi nesse dia ou depois, mas fotografei em algum corredor da UFRR esta Nota de Repúdio ao professor Ruben Pessoa. Parece que foi ele quem entrou com recurso para cancelar o processo seletivo para refugiados e imigrantes na UFRR. Não tenho trato com ele,mas vez ou outra uma postagem dele aparece em alguns grupos de facebook dos quais faço parte. Sempre com o discurso antipetismo-comunismo-lulismo do mal.




Não fui na defesa do Jackson por motivos de estar praticando a minha apresentação para não ficar dizendo "ahhhhhhh...beeeeem...ehhhhhhh" a todo momento na minha defesa. 

Na véspera da defesa fui tomar uma cerveja de boas na lagoa na casa do Timóteo Camargo. Nada madrugador, apenas para poder contar no futuro que estava tenso e fui relaxar bebendo. Só que na verdade não estava tenso. Nadica. Afinal, a defesa é uma cerimônia apenas e o trabalho, que é o que vale, já estava na mão da banca havia mais de um mês para leitura e avaliação. A nota, na minha cabeça, já estava quase fechada e não seria minha agonia a responsável pela sua definição. 

Dito isto, lembrei que tive dois estranhos momentos de aflição no período pré-defesa: dois sonhos/pesadelos sem lógica nenhuma. Em um deles alguém me dizia, não lembro se era a professora Leila, que o trabalho estava incompleto porque não havia entrevistado alguém. E eu ficava "como assim? Fulano devia ser entrevistado? Meu Deus, a defesa tá logo ali!". 

O segundo momento foi quase um metasonho: eu acordava, via as horas e pensava: "carai, não vai dar tempo de comer, tomar banho e chegar no horário. Vou me dar mal". E saía voado em direção à porta do quarto. Acho que o sonho acabou aí, mas seria engraçado eu perder a defesa por conta de acordar tarde justamente no dia mais importante do ano. Logo eu, que às vezes é quem acordo os passarinhos. 


Continuando: a vontade mesmo era mandar mensagem pra dissertação dizendo isso aqui: 


Mas claro que não fiz. Dia 18 de dezembro estava de pé bem cedinho, bem pimpão às 5h33 da madrugada. 





 O café veio antes do sol nascer: 



Imagens da chegada na UFRR. Esse é o parlatório: 



Dezembro é tempo de caju:  



Praticamente abrindo as portas do bloco I:



Chegamos cedo demais e não havia ninguém no PPGL que nos entregasse as chaves da sala 133. Pensa, pensa, pensa e vambora para um dos laboratórios do curso de Artes Visuais, morada acadêmica da professora Leila: 



A defesa estava marcada para as 8h30, ou 9h30 lá em Porto Alegre, de onde a professora Dulce Mazer, uma das integrantes da banca, ia acompanhar a defesa via skype. 


 E começou. Ou melhor, comecei. Falei, falei, falei...A intenção era usar menos de 20 minutos dos 30 disponíveis. Nos ensaios cheguei a falar tudo em 17 minutos, mas no dia bati, se me lembro bem, uns 24 minutos de apresentação. 



Além dos professores Vilso Santi e Leila Baptaglin, a plateia teve a presença dos amigos lindos Timóteo Camargo (camiseta vermelha) e Gérsika Nascimento, autora dessa imagem, também minha colega de trabalho na UFRR. 



E falei...

Falei...



Ouvi...



Ouvi...

E ouvi até finalmente sair a nota da defesa: um 10 que encheria minha família de orgulho se alguém da família estivesse lá. 

No final, na foto feita por Timóteo Camargo, o registro final da defesa: eu, meu sorriso de nota 10 e até que enfim quase acabou e os professores Dulce, Vilso e Leila. 




 Depois da defesa fui comemorar comendo uma paçoca de carne no lanchinho em frente ao bloco I. 




Quando cheguei em casa, Zanny e Edgarzinho haviam enchido uns balões do Batman para me receber. E o Balu (iti malia!) veio entregar uns na minha mão





Basicamente foi isso. Rolou o almoço em casa, uns parabéns no grupo dos orientandos da professora Leila, fui dormir, acordei e já no final da tarde, para não deixar passar batido, escrevi isto aqui no instagram e  no facebook (Tem um vídeo no facebook mostrando a leitura da nota, mais uma gentileza do Timóteo. Clica aqui para ver a postagem): 

Habemus maestria!
Cheguei hoje inteiro e mentalmente são ao final do mestrado, uma jornada intelectual que havia muitos anos desejava fazer.
Obrigado a todos aos que ligaram e mandaram mensagens desejando que tudo corresse bem na defesa da pesquisa. Deu. Não esqueci nada, não faltou energia elétrica e os professores não tiraram meu couro (Isso é muito importante destacar).
Inclusive quero dizer que a nota do trabalho foi 10.Obrigado a todo mundo que colaborou, direta ou indiretamente, para que a dona dissertação fosse concluída. É um tanto de gente que chega encheu uma página lá nos agradecimentos do trabalho. Muita gente, muita gente. Escrever um trabalho científico pode parecer um ato solitário, mas se o entorno não for solidário a parada não anda, não sai.
Depois digo mais. Hoje o lance é basicamente registrar que a partir de agora sou a versão local autorizada do mestre dos magos: baixinho, gordinho, com cabelo branco e comprido. Mas quem quiser pode me chamar de Batman do PPGL.



Agora estou fazendo os ajustes pedidos pelos professores. Dia 8 de janeiro terei a possivelmente última reunião com a professora Leila e aí virá a etapa de imprimir, botar a capa dura, fazer a cópia digital e passar tudo para o PPGL. 

Estou pensando em fazer um ou dois artigos, pelo menos, com o material e ver se publico em algum lugar. Já sei que em 2020 sai, com um artigo meu, um e-book intitulado Relações Identitárias e Intertextuais. Vou ver se consigo fazer outra coisa na área. 

Ah, antes de fechar, trago para cá os agradecimentos que fiz na parte pré-textual da dissertação. Que sejam públicos e lidos por muita gente, pois muita gente fez parte desta caminhada de quase dois anos, com uma tenebrosa reforma de casa e muitas idas ao hospital no meio. 



Agradecimentos

À minha família, pelas inúmeras colaborações diretas e indiretas que me permitiram chegar no mestrado e concluir mais esta etapa formativa: Zanny (companheira e poesia), Edgarzinho e Lai (filhos), Gracineide e Juca (pais), Dona Maria José (avó) e seu Edgar Borges Ferreira (avô, in memorian). Sandra e John (tios) e Sângela (prima/afilhada), valeu por estarem sempre aí, a postos para o que se precisar. 

À professora Leila Adriana Baptaglin, melhor orientadora que poderia ter tido nesta jornada. Muito obrigado mesmo e nos vemos (quiçá) em outra etapa. 

Ao MC Frank D’Cristo, meu sujeito de pesquisa, parceiro de arte, representante do gueto boa-vistense. Que tua jornada seja sempre de crescimento e ascenção, bródi.  

À família Camargo (Timóteo, Graziela e Liz). Valeu pelas horas de risadas e diversão que ajudaram a diminuir o estresse deste mestrado. 

À Universidade Federal de Roraima, meu local de trabalho e de formação acadêmica desde as graduações em Jornalismo e em Sociologia. Que possas sempre continuar prestando um bom serviço e fornecendo educação pública superior de qualidade e gratuita aos teus alunos. 

Aos colegas da turma 2018.1 do PPGL, pelos cafés nos intervalos e no meio das aulas, pelas risadas e pelos incômodos. De alguma forma, (quase) todos somaram. 

Aos professores com os quais tive aula no PPGL: Déborah Freitas, Devair Fiorotti, Roberto Mibielli, Tatiane Capaverde, Lisiane Machado, Maurício Zouein, Eduardo Amaro, Emerson Carvalho, Adriana Albano, Ivete Silva e Vilso Santi.  A todos também cabe uma parte deste latifúndio chamado dissertação. 

Aos demais rappers que acrescentaram conteúdo a este trabalho: 7niggaz, Pérez, Gabriel White e quem por ventura tenha esquecido. Máximo respeito por todos.


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É isso, gente, valeu pela leitura. Quem chegou somente nesta última edição e quer saber como foram os demais meses precisa apenas clicar aqui e ler, ler, ler e ler este Diário de um Mestrando. 

Abraços.




quarta-feira, dezembro 04, 2019

Diário de um mestrando - 21° mês

Chegamos ao final do vigésimo primeiro mês da jornada. Não teve grandes agitações. De leve, só para não deixar passar correr solto e sem registro de minhas agonias e alegrias, vou trazer o que aconteceu usando as fotos e as legendas: 




Em algum dia do mês, Balu foi me ajudar a editar algo. Não lembro o que, mas com certeza ele colaborou muito

No dia 8 de novembro participei de uma reunião sobre o doutorado em rede Educanorte. Essa de branca é a minha orientadora, professora doutora Leila Baptaglin, coordenadora local do bagulho. A senhora de vermelho é a professora que esqueci de anotar o nome e é a coordenadora mor do Educanorte. Fiquei com a coceira de tentar daqui a dois anos, quando termina o prazo obrigatório para poder voltar a sair para qualificação.  

Teve Lula Livre, teve bolsominion P da vida, teve gente rindo, teve gente bebendo. Altera em algo a minha vida? Não altera, mas no mar de tristezas institucionais que o Brasil virou, ver um símbolo das causas sociais preso por conta do lawfare é algo muito bom.


Teve lançamento de livro com o jovem Gabriel Alencar

Fiz um curso de formação de professores na área de português como língua estrangeira/português como língua de acolhimento. A responsável foi a professora doutora D'Ajuda, que está como visitante do Programa de Pós-graduação em Letras da UFRR. Boas aulas, ocupando muitas manhãs deste novembro

Meu bloquinho na UFRR


O dólar iniciou uma jornada rumo ao infinito e não parou de subir até o final do mês. Declarações infelizes do Bolsonaro e do Guedes colaboraram ainda mais para a alta. Alguém ganhou muita grana com isso e não fui eu, que não arrisquei fazer nenhuma importação via Aliexpress

Professora D'Ajuda, durante o curso de português como língua de acolhimento

O ministro da Educação teve um surto e foi dizer (sem provas) que há plantações extensivas de maconha nas universidades federais. Além da indignação coletiva com a loucura expressa na frase, rolou uma série de cartazes pela web para mostrar à sociedade que não existe nada disso e que somos justamente o contrário do que o governo Bolsonaro tenta apresentar.

As faces do desespero e do cansaço quando o arquivo da apresentação da defesa da dissertação fica totalmente desconfigurado a cada hora. Essa é a fase 1

Fase 2: senhora, dai-me paciência, pois se for força eu quebro o computador

Fase 3: bicho, o que carajos está acontecendo? Porcaria de arquivo que parece me ouvir pensar "agora vou mandar para a professora" e decide então dar pau...

Fase 4: vou deixar essa porcaria para lá e apresentar sem slide mesmo....(fiquei espantado com o quanto de cabelo branco tenho. Quando comecei o mestrado não tinha tantos. Ou tinha?)

hehehehehe



Turma que ficou até o final do curso de PLE. Faltou o bonitão do Timóteo Camargo, que nesse dia estava doente

E foi isso novembro: curso, reuniões e elaboração do material do dia da defesa, marcado para o dia 18 de dezembro. Ah, teve também uma série de poemas legais, feitos para as redes sociais e repostados aqui.



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Obrigado pela leitura da 21a edição do Diário de um Mestrando. 
Para ler as anteriores, basta clicar AQUI. Abraços.