Boas novas literárias da semana: faço nesta quarta (10/11) a primeira sessão de autógrafos do meu livro poético Incertezas no meio do mundo.
Será às 19h, no prédio do Sesc Roraima Centro, como parte da abertura do Festival Literário de Roraima 2021, promovido pelo Sesc Roraima.
A programação do festival continua na quinta e sexta (11 e 12/11), no Sesc Mecejana.
Na quinta minhas ações serão com os estudantes da escola do Sesc.
Na sexta serão abertas ao público interessado em saber como é o processo de criação e produção de um livro de poemas.
Além de mim, estão no Festival Literário de Roraima Luciana Correa, Jáder Cabral, Ernandes Dantas E Silva, Tilho Filgueiras, Neto Freitas, Rhafael Porto, Bruno Franques, Prof. Márthns, Elivelton Magalhães, Tia Márcia, Kleber Medeiros, Isabela Rodrigues, Madalena Vaz e Odélia Rodrigues.
Essa galera toda estará dividida em várias atividades, como contação de histórias, lançamento de livros, mesa redonda, bate-papo literário e oficinas.
O convidado deste 22 de março de 2021 para o 19º encontro dos
Diálogos Literários Pandêmicos foi o cronista Afonso Rodrigues de Oliveira, o
mestre Afonso.
Para mim, foi uma grande felicidade e honra poder entrevistá-lo e matar a saudade de ouvir sua risada. Gosto demais dele.
Seu Afonso já publicou três livros: Zuzinha, de 1975; O Caçador de Marimbondos,
de 1992; e uma novela/romance intitulada E Deus criou o Homem, de 2018. Escreve
há 37 anos para jornais de Roraima, boa parte desse tempo para a Folha de Boa
Vista.
Com 87 anos de muitas histórias e causos, mestre Afonso, como é mais
conhecido já mexeu com esculturas e é um dos membros fundadores da Academia
Roraimense de Letras. Confere o que ele conversou com a gente, espalha por aí, volta semana que vem.
A realização destas entrevistas complementa o projeto
“Literatura e prosa em Roraima”, que aprovei no edital N° 006/2020 - Prêmio
Dorval de Magalhães de Literatura.
Este projeto é apoiado pelo Governo do Brasil e pelo
estado de Roraima, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e do Fundo
Estadual da Cultura, com recursos provenientes da lei federal N⁰ 14.017, de 29 de junho de 2020.
Confere a relação completa de entrevistados do
projeto:
8/03: Dia Internacional da Mulher, Vanessa Brandão,
jornalista, cronista e editora do blog Minha Janela. (Confere neste link: https://youtu.be/0sQcLEEt3_w)
15/03:
o contista Gabriel Alencar, autor do livro Personagens não bíblicos e suas
histórias e de É a vida: microcontos de risadas, amor e morte. (Confere
aqui: https://youtu.be/Ap-yesy_X3I)
22/03: Afonso Rodrigues de Oliveira, articulista do jornal
Folha de Boa Vista há mais de trinta anos e autor do livro de crônicas Caçador
de Marimbondos e do romance E Deus criou o Mundo.
29/03: Alexia Braga, contadora de histórias e autora de
vários livros voltados para o público infanto-juvenil.
Ah, depois ou antes de ver: inscreve-te no canal e
comenta.
Lembra disso: toda segunda, enquanto durar a pandemia e
não chegar a vacina, tem encontro aqui.
Passando para deixar registrada a minha participação na segunda edição do Festival Literário de São Gonçalo (Flisgo 2020).
Estive no painel que discutiu as Literaturas nas Periferias. Fui acompanhado pelos escritores Jessé Andarilho e Rodrigo Santos, ambos do Rio de Janeiro.
Valeu, Flisgo. Valeu, Rodrigo, pelo convite para o painel.
Muito agradecido mesmo pela oportunidade de falar de meu trabalho no Coletivo Caimbé e da literatura de Roraima.
Este agosto de 2020 foi infinito nos estresses, mas também trouxe boas notícias. Uma delas é que sou um dos escritores selecionados para o Festival Literário 2020 do Sesc Roraima.
O Sesc Roraima realiza de 9 a 11 de outubro o Festival Literário 2019 e eu sou um dos autores selecionados para o evento. As atividades vão acontecer pela manhã e tarde na unidade Sesc Mecejana, conforme essa programação aí a seguir:
A abertura oficial é no dia 9, com lançamento de livros e música. A programação continua no dia 10. Neste dia participo de duas atividades:
9h45 às 10h30 – Roda de conversa sobre a as Influências de relatos de povos tradicionais na produção de obras literárias. Estarei nisso com o autor Ricardo Dantas.
14h-14h45 – um recital de poesias juntamente com a poeta Elimacuxi.
No dia 11 participo de dois bate papos pela manhã e um sarau à tarde:
9h às 10h30 - Literatura e tecnologia: monólogo ou diálogo. Além de mim, estarão também Elimacuxi, Íthalo Furtado, Ricardo Dantas e Marcelo Perez.
11h às 12h - Poesia e Redes Sociais, juntamente com Elimacuxi, Íthalo Furtado, Ricardo Dantas e Marcelo Perez.
16h – Sarau, com microfone aberto ao público.
Sintam-se todos convidados!
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P.S.: Sobre algumas outras participações nos eventos literários do Sesc. Não todas, mas boa parte. Não estão aí as da época em que trabalhei como monitor nos anos 1990 e a feira era ou no meio do avenida Jaime Brasil ou no palácio Latife Salomão.
Como muitos e muitas devem saber, há alguns anos lancei meu primeiro
livro de contos, intitulado Sem Grandes Delongas (aqui você pode ler alguns dos textos).
Desde antes do lançamento, eu já pensava em disponibilizá-lo
digitalmente para leitura gratuita após um certo tempo. Fui adiando, fui
esquecendo, fui lembrando, fui olvidando, fui me enrolando em coisas da vida. E
a vida nem sempre nos lembra das nossas promessas internas.
Há um ou dois anos cheguei a perguntar no grupo de facebook
que reúne os colaboradores do blog Concursos Literários qual seria a melhor
plataforma para disponibilizar o livro. A turma teve consenso em indicar o
google drive. Li, disse “amanhã coloco” e adiei.
No começo do ano, lendo muito sobre publicações digitais
(estava eu recém-saído de um calote do governo estadual de Roraima que me impediu
de publicar um livro de poemas) cheguei a cogitar lançá-lo na Amazon. Mas li que
precisaria de um novo ISBN. Fui atrás disso no site da Biblioteca Nacional. Li,
pensei, analisei e a vida me levou a resolver as demandas do dia. Nisso se
passaram meses.
Na semana retrasada, do nada, lembrei do arquivo, localizei
e pensei: semana que vem, vai. Aí um colega escritor aqui de Roraima, Ricardo
Dantas, botou para download gratuito um livro dele na Amazon e eu adiei.
Ficaria meio “ui, ele fez, tu copiou na hora”. Meio bobo, mas bem a cara de
nossa cidade pequena. Melhor parecer que demorei a copiar, acho. E vai que
ninguém sabia dessa iniciativa do Ricardo até agora e pelo menos ajudei a
divulgar a ação dele.
Bueno... digressões concluídas, comunico aos leitores e leitoras
deste humilde blog, no ar da web há 15 anos, que o livro Sem Grandes
Delongas está disponível para download gratuito no link abaixo. Ainda tenho exemplares
da versão impressa. Portanto, se você baixar, gostar e quiser comprar uma edição
autografada, é só escrever para edgarjfborges@gmail.com
ou passar uma mensagem no whatsapp para o número (95) 991114001.
A convite do projeto Literatura a Caminho, coordenado pelo escritor Aldenor Pimentel e financiado pelo Itaú Cultural, estive na última sexta-feira (20.09) na escola estadual Maria das Neves Rezende, lá no bairro Asa Branca, para conversar com duas turmas de adolescentes.
Um mural desses, bicho...
A meninada tinha entre 15 e 18 anos, em média. Como fazia tempo que não falava com gente dessa idade, comecei perguntando dos pontos que poderíamos ter em comum se fossemos da mesma faixa etária: reprovações no ensino médio, pais separados, corações partidos, corações apaixonados, quem era migrante, quem tinha pais migrantes. Só esqueci de perguntar quem era da Venezuela. No meio da fala descobri que quase metade da plateia era formada por jovens que chegaram recentemente do país vizinho, fugindo da crise que está rolando por lá.
Teve sorteio de livros para os estudantes
Os meninos apresentaram duas esquetes baseadas em contos de meu livro “Sem Grandes Delongas” e, quero deixar bem claro, me surpreenderam com o tanto de coisa que viram nas histórias. Conseguiram inclusive me deixar confuso enquanto aceleradamente procurava em meus arquivos quais eram esses contos que estavam encenando. Meus parabéns aos alunos e à professora Joanecy, que coordenou as encenações.
Uma das esquetes que os meninos montaram
Nas fotos de Adriana Duarte, fotógrafa venezuelana que acompanha o projeto, vocês podem ver o capricho com que fui recebido, né? Muralzão bonito desses, sorrisos dos estudantes e, disso não tem foto, um suco de acerola espetacular no final, trazido pela coordenadora da escola, Maria Edna.
Com Aldenor Pimentel, responsável pelo projeto
Curti muito a experiência. Fazia muito tempo mesmo que não trocava ideias com estudantes sobre literatura e vida de artista. Não é por falta de vontade, mas sim por uma postura muito comum das escolas de Roraima: todas querem oficinas e a presença dos escritores, mas poucas querem comprar nossos livros ou pagar um cachê para bancar as atividades. E como há um tempo decidi, por vários motivos, parar de ir gratuitamente a estas ações, tenho andado afastado das salas de aula. Tomara que esse pensamento de não valorização financeira do trabalho do escritor mude, pois adoro essas conversas. Elas rejuvenescem e me dão assunto para conversar cada vez mais.
Voltei a gravar vídeos para o meu canal no Youtube. Meu sonho é um dia receber aquele aviso de que tem um cheque me esperando por conta de tanta visualização e seguidor. Enquanto isso não chega, me botei uma meta aqui: um vídeo por semana, dividido entre colecionismo, literatura e o que vier. Sim, o lance de ter foco não faz parte de minha vida criativa. Vide a diversidade de coisas que já publiquei aqui no blog. Foco é só para os estudos e para as fotos. Para as demais coisas, quanto mais caótico, mais divertido. Bueno, vamos lá: mostramos hoje a coleção de livros que temos aqui em casa e foram produzidos por escritores que vivem ou já viveram em Roraima. Tem coisa minha e de minha mulher, a poeta Zanny Adairalba. É um vídeo longo, mas que dá um panorama do que vem sendo feito no Estado nas últimas décadas.
Se você tiver um livro de autores de/em Roraima que não apareceu no vídeo e quiser me presentear, é só mandar mensagem que a gente se encontra. Para receber presente sou rápido. Para dormir também. Não falemos de trabalho pois isso não vem ao caso.
O Sesc Roraima me convidou para gravar um vídeo alusivo ao
Dia do Escritor, comemorado todo 25 de julho. Gravamos na nova biblioteca da
nova sede administrativa, ali no Centro de Boa Vista, na rua Araújo Filho. O
vídeo é esse aí de baixo, recompartilhado no meu canal do Youtube.
Teve também fotinha bonitinha no instagram.
Bacana foi receber esse carinho do Gabriel Alencar, da nova geração de proseadores de Roraima, que republicou a postagem em seu perfil no instagram:
Sim, algumas notas sobre a nova biblioteca do Sesc Roraima:
Nunca havia entrado no local. É uma biblioteca bem espaçosa,
com cinco ou seis vezes mais espaço do que tinha nos tempos do prédio original.
Essa biblioteca – a do prédio original, demolido nos anos 2010 para construção
do atual, bem mais moderno – bem, essa biblioteca era praticamente a minha
segunda casa na adolescência.
Lembro de pegar quase toda manhã minha bicicleta e ir do
bairro Caçari até o Sesc para ler jornal, participar de cursos, fazer
pesquisas, pegar livros emprestados. Vivia tanto no Sesc que as pessoas achavam
que eu trabalhava lá. Na verdade, um dia desses alguém ainda veio me perguntar
em que setor eu trabalhava no Sesc naquela época. Confesso que sonhei várias
vezes com trabalhar no setor de cultural deles e ajudar a desenvolver as ações
na cidade.
Infelizmente, o máximo que consegui naquele tempo foi ser monitor de feiras de
livros e de trânsito. Me corrijo: felizmente tive essas oportunidades. Era essa
grana a que eu guardava para comprar apostilhas e bancar um lanchinho quando já
estava na UFRR, cursando jornalismo. Felizmente também me deram a oportunidade
de conviver e conhecer pessoas fantásticas, como minha comadre Érica Figueredo
e os contadores de histórias Moacir do Monte e Tana Halu, além de outros
artistas da cidade.
Ia tanto na biblioteca do Sesc Centro que já sabia até que também ia. Com alguns trocava
ideias, a exemplo do Francisco, que depois de ter sido deportado da Europa,
veio rodando o Brasil até parar em Roraima e também ser monitor numa feira de
livros (por ele ter trabalhado fantasiado de lobo, o chamava de Chico Lobo).
Foi na biblioteca do Sesc que li minha primeira HQ do Milo
Minara, rei do erotismo. Li um monte de autores (não sei como e quem me deu a
carteirinha de usuário se não era comerciário e não me lembro de nunca pagar
para renovar – mas é capaz de ter feito isso sim, afinal, era lá que pegava
todo livro de literatura que me interessava). De todos esses autores, decorei
uma frase da Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, livro que naquela época
há havia virado filme:
“Se fosse dada ao homem a oportunidade de matar à distância e
sem ser punido, a humanidade não sobreviveria cinco minutos”.
Na verdade, não lembro mais se a frase é exatamente igual,
só que gostei muito à época e a anotei em um caderno.
Parei de ir tanto na biblioteca depois que comecei a trabalhar no
jornal O Diário, em 1998, e tive meus dias ocupados pela rotina de quem não é dono dos
meios de produção. Ou seja, trabalha de manhã e de tarde e ainda de tarde (sim, de
tarde) e de noite vai estudar para ter um diploma que permita continuar trabalhando
de manhã e de tarde. Quando fui para a comunicação social da Prefeitura de Boa Vista, em 1999 ou 2000, não recordo agora, abandonei de vez espaço durante o dia e só aparecia quando tinha evento, tipo Café Com Letras ou Overdoze.
Não lembro quando, mas sei que antes de 2007 (conforme vi numa citação aqui nesta postagem falando de um evento do próprio Sesc)
a biblioteca do Sesc Centro recebeu o
nome do escritor Afonso Rodrigues de Oliveira, uma linda homenagem em vida ao
cronista e romancista que a gente chama carinhosamente de Mestre Afonso (recentemente
li uma obra dele, por sinal).
Falei disso para o povo que agora trabalha lá e
dei a dica: valeria a pena colocar uma plaquinha com esse nome na porta do
espaço.
Tenho outras memórias na biblioteca, mas agora não quero falar
delas. Daria um livro.
O poeta e tradutor Vitor de Araújo passou um tempo nos Estados Unidos recentemente. Selecionado para receber a bolsa Fulbright Brasil, lecionou português para os gringos na Universidade do Arkansas.
Para isso, fez várias atividades. Uma delas foi o Sarau do Português, no qual alunos leram obras no nosso idioma. Uma dessas obras foi o meu livro, Sem Grandes Delongas.
Em fevereiro, Vitor me passou um dos vídeos gravados no sarau. Por preguiça na época, postei o vídeo somente nas minhas redes sociais. Esta semana, lendo uma matéria no portal do Senac Roraima, percebi que devia colocar aqui também.
Assim sendo, convido todo mundo para ver a gringuinha lendo um conto meu:
Nesse trecho acima printado, o Vitor conta sua experiência e cita a minha participação, enquanto autor, no sarau:
“Valeu a pena” Vitor de Araújo foi um dos participantes da última edição do FLTA e esteve no Senac Idiomas na última terça (28) compartilhando sua experiência.
O jovem recebeu seguro-saúde, moradia, bolsa (“em um valor muito bom para se viver com conforto”), passagens de ida e volta e o visto.
Lá, ele trabalhou na Universidade do Arkansas, onde estudou cultura e história americanas e ensinou português para duas turmas.
Além disso, ele participou de eventos externos; ajudou a alimentar as redes sociais do programa e a organizar eventos de integração: saraus literários (nos quais os alunos americanos leram poemas e minicontos de Gonçalves Dias a Edgar Borges, escritor roraimense), piqueniques, apresentações de música brasileira.
“Foi bem legal”, exclamou sempre que contou uma história ou mostrou um vídeo de algum trabalho realizado em sala de aula. O grupo de bolsistas depois criou um perfil no Instagram onde dá dicas e conta sua experiência para quem também quiser participar das próximas edições. O nome do perfil, pocando nos States, é inspirado em uma gíria do Estado do Espírito Santo (de onde vieram duas bolsistas) e significa "sendo feliz" e "arrasando".
Esta semana yo não te vi e nem por
isso senti tua falta, mas se te hubiera dito algo será que teria chovido? Era de café o bombom que recusei só que mais tarde escutei uma música
bonita. Não lembro o que dizia e o senhor de la esquina estaba orinando en la
rua. Quatro bolas de sorvete por um real, quatro meses sin comprarme uma ropa
nueva. Soy un nuevo ser ou apenas não tenho como pagar as contas antigas, de el
tempo em que poderia fazer nuevas contas?
Gritava
sempre que podia e agora gosto mais de escuchar los carros passando. Si todos
los viernes vengo a verte, será que você poderia abrir su puerta y darme un
trago de vinho? É que é tanta
saudade que já no sé, no sé, en sério, no sé.
Esta
semana te besé duas vezes. Paguei somente uma, a outra era tarde e não tinha
nada para decir. Ouvi no rádio alguém diciendo poesias como a las 11hy esta hambre que te tengo me llenó de
angustias. Lloro, lloro como uma criança e no banheiro nadie lo sabe. Todo dia
es eso: yo camino, tu ni pendiente, hija de la gran... Disculpa, velhas manias
são difíceis de dejar para trás. Na lateral habia algo para sentir, pero talvez
seja melhor para cuando volvamos. Baja la sierra, dejate de eso, baja la
sierra, dejate de eso, baja la sierra, deja ese peso.
Esta
noche hizo frio. Amanheceu nublado e al mismo tempo, que te digo, o sol estava
dourado lá no nascente. Yo no vi nada, pero me contaron que segun y qué foi
assim, foi diferente. Quando voltar, te procuro, estaba escrito no bilhete. Me recordó
um viejo samba, te acuerdas? De aquellos que bailávamos
pegaitos, pegaitos, pegaitos, como en los buenos tempos em Buenos Aires. Ya,
pues, un dia vamos ir de verdade, no reclames tanto. Apurate, pues, apurate...é
que acaso no ves o tanto de soledad que está llegando? Hay que trabalhar, fazer
por merecer cada um de los pedazos de desespero que vão distribuir hoy. Vamos a
darle com fúria, con ganas.
Tás
viendo? Ya no te siento aqui. Mi tempo es otro y dijeron en la esquina que o próximo
feriado não tá tendo, mas quando llegar vão
reservar
um pra gente lá da rua de baixo.
Esta
semana quise chorar y os compañeros de la avenida me dieron un cigarro para
que me afogasse en humo. Te lo juro: hasta este momento estoy en eso.
Registramos o cordelista Lindomar Bach declamando o texto "Calango, a revanche de Pipoca" , de autoria da poeta e cordelista Zanny Adairalba.
A leitura aconteceu na edição de abril de 2019 do projeto Coreto Cultural, ação organizada pelo próprio Bach, que também é artista plástico. A hastag #CulturaDeRoraima serve para nomear a playlist de meu canal no Youtube com os registros que fazemos dos agentes culturais que atuam em Roraima. Cultura de Roraima também é o nome de um blog que mantive ativo entre 2010 e 2018, publicando matérias e colunas sobre a cultura em Roraima: www.culturaderoraima.blogspot.com.br.
O fato de eu não ser um
escritor profissional (minha subsistência é garantida pelo emprego de
funcionário público) ou um escritor focado em ser escritor
profissional (passo
semanas sem produzir textos literários e meses sem participar de editais,
concursos ou prêmios, muito menos submetendo livros a editoras), bem, esses
fatos nublam a minha visão sobre o quanto já ganhei escrevendo.
Muitas vezes me perguntaram
se a profissão de escritor dava para pagar pelo menos parte das contas, se havia ganhado algo com literatura. De meu suposto lugar de fala,
descrito acima, falei que não. Na verdade, ia além, demostrando ingratidão com
a vida: respondi várias vezes que nunca ganhei nada escrevendo. Exagerando,
errei. Ganhei sim e muito.
Tentarei resumir isso a
seguir, como uma espécie de registro confessional para que não volte a falar nunca
ter recebido nada escrevendo ou trabalhando com contos, crônicas e poemas (essa
descrição aqui é para distingui-los dos textos jornalísticos que me sustentam
desde o ano de 1998, quando comecei a trabalhar como repórter).
Vamos aos fatos:
1.Viagens: participei de bienais, feiras de livros,
eventos literários e debates sobre política cultural nos estados Amazonas,
Amapá, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio
Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Em Roraima conheci várias comunidades indígenas
e trabalhei nos municípios de Pacaraima, Alto Alegre, Boa Vista, Cantá, São
João da Baliza e Bonfim. Quem lê viaja e quem escreve também.
2.Plata. Sim, plata. Várias vezes ganhei grana
como escritor, como organizador de atividades focadas em literatura, livro eleitura, como parecerista, como palestrante e até apenas como participante. Ganhei
algum dinheiro também em concursos, prêmios e editais. Consegui pagar contas,
economizar, comprar coisas que estavam faltando para a casa e coisas que queria
comprar apenas por querer. A grana da literatura me sustentou ou sustenta? Não,
mas já ajudou um bocado.
3.Trófeus, certificados livros e afins: no
momento tudo o que é meu está encaixotado. Em alguma caixa estão esses objetos
citados acima, deixando claro que houve retorno do mundo para mim, sim.
4.Amizades, risadas e bebidas: desde moleque, o
ato de escrever (e de ler) sempre trouxe boas pessoas ao meu convívio. Aprendi
um bocado com a diversidade de pensamentos que carregavam, ri muito, me emocionei
muito. São amigos e parceiros presencialmente perto, alguns bem longe, outros
nunca vistos cara a cara, mas sempre disponíveis nas redes digitais. Gente que
já me convidou para atividades que renderam boas conversas, renda e
conhecimento. Gente boa.
5.Beijos
na boca e na bochecha: considerem que escrevo textos desde a adolescência. Considerem que
sempre tive a sorte de tropeçar com gente sensível à arte e à literatura.
Considerado e anotado? Então... Beijo na boca é algo que se deve levar em conta na hora de
fazer o levantamento daquilo que se ganhou ao longo da carreira. Por sinal, o beijo mais
importante foi o que consegui da moça que depoisvirou minha minha esposa, encantada - digo eu - com as minhas poesias e
prosas. Este beijo e atos afins resultaram em meu
filho, luz de meus dias, P do meu samba, senhor de mim, dono do beijo na bochecha mais gostoso do mundo.
Então é isso. Eis o resumo
de minhas conquistas como escritor e agente cultural da área literária. Se
algum leitor um dia tropeçar comigo em algum lugar e me ouvir dizer que nunca
ganhei nada como escritor, faça o favor de jogar o link em minha cara.