No sábado passado ventou forte e chuviscou. Avisos do
inverno, pensei. Sentado na varanda de trás, escrevi, gravei, editei e
carreguei o poema no youtube enquanto via as plantinhas balançarem.
Assiste e se gostar, curte o vídeo e se inscreve no canal
para me estimular a continuar produzindo webliteratura em Roraima.
Antes que acabe o mês, uma lembrança: dia 19 de julho fui com a turma de poetas Elimacuxi, Zanny Adairalba e Vitor de Araújo fazer uma intervenção poética no abrigo para venezuelanos migrantes que fica na avenida São Sebastião, bairro Santa Tereza.
Zanny Adairalba, Edgar Borges, Elimacuxi e Vitor de Araújo: poesia no abrigo
Eu, quem me lê e quem me conhece sabe disso, sou mais de colocar as pessoas para falarem poesia do que propriamente ser o falador. Me dá preguiça e desencanto ensaiar a performance. Mesmo assim, quando a Eli me passou mensagem convidando para a intervenção, não tive dúvidas e topei na hora.
Para minha parte, separei uns poemas que havia escrito em portunhol, mexi um pouco para melhorar a sonoridade deles e também falei para a Eli que ia cantar/recitar uma música.
Dito e feito, me arrisquei e meio que cantei pela primeira vez na vida. Bem, na verdade, falei e tentei cantar. Mas não há fraude nisso porque já fui avisando o povo do abrigo sobre não ser cantor.
Escolhi Pedro Navaja, de Ruben Blades, uma música que ouço desde a infância e sempre cantarolo. É meio falada, então achei que não passaria tanta vergonha. Eu acho que não foi. Mas cada um julga conforme seu interesse.
Vou lhes dizer: foi gostoso demais ver o povo cantando a música. Deu uma energizada boa. Tô até pensando em pegar outra música e agregá-la ao meu repertório.
Olha só que legal este acontecimento de julho: os alunos da oficina de teatro da Escola do Sesc Roraima interpretaram um poema de minha autoria. A dramatização de "Todos tão iguais - um poema sobre migração" fez parte da programação turística do Fórum de Presidentes de Federações do Comércio, que reuniu mais 100 representantes das entidades (Fecomércio-Sesc-Senac-IFPD) de 16 estados do País. A direção da interpretação ficou a cargo de Karen Barroso, instrutora da oficina. Abaixo, você pode conferir a performance dos alunos. Na sequência o poema. Todos tão iguais - um poema sobre migração Eu já fui lá de fora Ele já foi de lá fora E não duvide: você também já foi bem lá de fora Minha família veio de longe A família dele veio de por aí E se você pensar um pouco Sua família também não é daqui Quem é só do lavrado Se somos de todos os cantos Temos vários sotaques, várias cores Amamos vários sabores? Em um estado como Roraima Formado na base da migração Não gostar do migrante é bobagem É ódio sem lógica e nem razão Pense apenas um pouquinho Nisto que vou lhe falar: E se fosse você por aí Tentando a vida recomeçar? Como gostaria que fosse O tratamento por você recebido Xingamento, pedrada, brutalidade Ou mãos estendidas em sinal de amizade? Reflita sobre o que lhe falamos Pensem no que dizemos antes Moramos no meio do mundo Somos de todos os cantos Somos todos migrantes Eu já fui lá de fora Ele já foi de lá fora E não duvide: você também já foi bem lá de fora. ======== P.S.: Caso você não tenha visto minha fala sobre a influência da migração na literatura roraimense, dá um click aqui e vê como foi o encerramento do II Sesc Literatura em Cena, realizado em junho pelo Sesc Roraima.
-------------------------------- Poema que achei perdido nas lembranças que o Facebook apresenta todos os dias. Não lembrava dele e para que não voltasse a acontecer, jogo ele aqui para vocês...