(Texto-exercício produzido para a oficina de jornalismo cultural do projeto Rumos)
Sexta chuvosa, 3 de março de 2009. Mais de 20 alunos de jornalismo e profissionais graduados deixaram suas casas e trabalhos para participar de uma palestra sobre jornalismo cultural com Eliane Brum. No bloco 3 da Universidade Federal de Roraima, todos aguardam o começo da atividade, prevista para as 9h30.
Eliane chega em um carro da Universidade, entra na sala de informática e aguarda o fim dos preparativos. Conversa com alguns blogueiros que haviam visitado o blog do projeto Rumos, iniciativa do Instituto Itaú Cultural e responsável pela sua segunda visita conhecida a Roraima.
Gripada (“Peguei um vírus em algum lugar do Norte”, conta), a jornalista começa sua palestra falando do personagem Tião Nicomedes, ex-morador de rua que virou escritor de livros e peças de teatro. Eliane tem a fala mansa, é magra, com aquilo que alguns chamariam de aspecto suave. Impossível imaginar que é a mesma pessoa que despertou a ira da sociedade local em 2001, quando publicou uma matéria para a revista Época abordando algumas singularidades de Roraima, como danças de forró na Praça das Águas e o preconceito contra os indígenas (Ok, é verdade, o preconceito não é tão específico do Estado).
Eliane trata da busca do personagem singular e recomenda: para que o encontremos, precisamos olhar primeiro para nós, buscar conhecermos. Parece fácil, mas quem disse que olhar para si é tão fácil como olhar para o outro?