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quinta-feira, junho 18, 2009

Sobre o diploma: todos iguais, mas uns mais desiguais que os outros

Então fica assim: quem estudou jornalismo por quatro anos ou mais, fez pós, mestrado, doutorado e tal, favor não reclamar de ficar no mesmo nível de quem nunca passou no vestibular e agora poderá pleitar um posto nas redações. Também não será admitida qualquer discriminação com o sujeito que fez o curso de...de...de...direito, claro, e invocou de colocar no cartão de visitas: Dr. Advogado e Jornalista.

Da minha parte, engolirei meus comentários sarcásticos e meus grunhidos quando alguém me encontrar na rua e falar:

- Você viu? Estou apresentando um programa de TV agora. Comprei o espaço na hora do almoço e faço matérias, reportagens (sic) e entrevistas (sic). Ah, e vou tentar vestibular para alguma coisa este ano. Afinal, acredito que devemos ter um curso superior.

Também ficarei calado e não me irritarei quando outro qualquer falar/escrever sobre o fortalecimento da democracia com a decisão do STF, quando alguém comparar emitir opinião com emitir informação ou quando louvarem a si mesmos por terem começado a trabalhar na área sem ter o diploma.

Olharei calado o quase certo esvaziamento das salas dos cursos de jornalismo e não rirei dos coordenadores de cursos e diretores/reitores de faculdades/universidades que não se posicionaram a tempo sobre a questão.

Sobre a precarização da profissão de jornalista? Comentar o que, se muitos não sabem do termo precarização?

Por fim, não pensarei nos livros de ética e prática jornalística, nos exercícios, provas, disciplinas, nos quilômetros que pedalei e andei para terminar meu curso. No máximo, farei piada dizendo que prevendo isso fiz sociologia também. Quer dizer, ser sociólogo não me garante nada também, mas pelo menos não é todo mundo que pode reivindicar o título.

E, por favor, não venham falar das regras do jornalismo nos Estados Unidos e em parte da Europa, menos Portugal (ah, os portugueses, que tanto xingamos de burros, são inteligentes para entender o papel da regulamentação, da formação específica, dos detalhes que só o estudo aplicado faz. Bem diferente dos inteligentíssimos brasileiros...).


No mais, comentam-me alguns sobre a cela especial para pessoas com o curso superior ser coisa do passado. Isso sim é grave.

quinta-feira, março 05, 2009

Elle está de volta



O título é uma cola de um jornalão do país. “Elle”, no caso, é o Fernandinho Collor, senador e barão da mídia nas Alagoas, eleito presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado numa disputa que gerou intrigas e ódio na última semana.


O desenrolar da briga todo mundo pode acompanhar nos sites de notícias. O resultado é que o Collor tá por cima da carne seca, a base aliada do Governo brigou entre si (e isso deve gerar reações do Planalto), o Sarney mostrou quem manda no País e tudo o referente ao PAC (Programa de Aceleramento do Crescimento vai passar pelo mão do ex-presidente da República.


Aliás, Collor voltou a ser presidente. E com o PAC na mão. Será que ele vai atravancar a vida do Lula, que achou normal a vitória do senador?


Veja a história política do Collor, resumida no dia 5 de março por Gustavo Krieger, jornalista do Correio Braziliense. Atenção ao segundo tópico, que informa quando o homem mandou confiscar a poupança de todo mundo: 16 de março de 1990. Isto é, na próxima segunda faz 18 anos que os poupadores ficaram acesso a sua própria grana. Eu ainda não morava no Brasil, mas me lembro das matérias: foi um pavor o tal do Plano Collor.


“Ascensão, queda e volta por cima


17 de dezembro de 1989
Com 35 milhões de votos, vence o segundo turno das eleições presidenciais, batendo Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.

Oia o presidente aí, o gataço que todas as eleitoras daquele tempo queriam na urna de votação


15 de março de 1990
Toma posse na Presidência da República. No dia seguinte, lança um plano econômico que confisca as contas bancárias e aplicações financeiras.

1991
Seu governo enfrenta várias denúncias de corrupção, em especial sobre a influência de seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, o PC, com negócios públicos.

25 de maio de 1992
Seu irmão, Pedro Collor, dá uma entrevista à revista Veja com pesadas acusações contra o governo. O Congresso cria uma CPI da Corrupção.

16 de agosto de 1992
Manifestações em todo o país pedem o impeachment do presidente.

26 de agosto de 1992
A CPI aprova o relatório, acusando Collor de ser financiado pelo Esquema PC.

29 de setembro de 1992
A Câmara aprova a abertura do processo de imepachment e afasta Collor do cargo.

29 de dezembro de 1992
Collor renuncia para tentar salvar seus direitos políticos. Mesmo assim, o Senado cassa seu mandato.

Dezembro de 1993
O Supremo Tribunal Federal (STF) considera válida a sessão do Senado que cassou o mandato e os direitos políticos de Collor, que fica inelegível.

Dezembro de 1994
Por cinco votos a três, o STF absolve Collor no processo criminal por corrupção passiva.

Agosto de 1995
Muda-se para Miami, com o argumento de estudar.

2002
Depois de recuperar os direitos políticos, filia-se ao minúsculo PRTB e disputa o governo de Alagoas. É derrotado no primeiro turno.

2006
Elege-se para o Senado.

Fevereiro de 2007
Um dia depois de tomar posse no Senado, troca o PRTB pelo PTB, a convite do ex-deputado Roberto Jefferson.



Mr. Fernando, o cara da Comissão do PAC


4 de março de 2009
Elege-se presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado."


terça-feira, março 03, 2009

Da Agência Senado para o nosso afastado e desconectado mundo amazônico

Augusto Botelho comemora acordo que permitirá acesso de RR à banda larga


LI O TÍTULO PARA UM COLEGA E ELE PERGUNTOU: PARA QUANDO É ISSO?

O senador Augusto Botelho (PT-RR) comemorou em Plenário, nesta terça-feira (3), o entendimento entre os governos brasileiro e venezuelano no que diz respeito à interligação dos dois países por fibra ótica, o que proporcionará aos habitantes de Roraima e do Amazonas o acesso à Internet por banda larga.

OPA, ENTÃO ATÉ OS COMEDORES DE JARAQUI VÃO SE DAR BEM.

Segundo o senador, o Ministério das Relações Exteriores teria informado que o projeto encontra-se em fase avançada e que as tratativas entre os dois países devem estar concluídas até o fim de maio.

MAIO, MAIO, MAIO. ESTAMOS EM MARÇO. FALTA ABRIL E MAIO INTEIRO. DAÍ DEVEM FAZER AS LICITAÇÕES, DEPOIS AS OBRAS DE INSTALAÇÃO. DEPOIS VÃO CONSEGUIR O ÁLVARÁ DE FUNCIONAMENTO...OU SEJA, NÃO É PARA HOJE, NÉ, SENADOR?

Augusto Botelho informou que atualmente é utilizada em Roraima a Internet via satélite, sistema que não atende satisfatoriamente os usuários, pois as mudanças de temperatura e a chegada do inverno dificultam e tornam lenta a conexão. Ele disse que os meses chuvosos são os piores para o acesso à Internet, devido às nuvens densas que prejudicam a comunicação com o satélite, o que deixa universidades e empresas fora da rede mundial de computadores.

O SENADOR FOI GENTIL COM O SERVIÇO DISPONÍVEL HOJE. PARA SE TER NOÇÃO, INTERNET DE RÁDIO ERA VENDIDA COMO INTERNET BANDA LARGA. E NEGUINHO ENTRAVA NESSAS PROMOÇÕES.

CONTINUANDO A NAVEGADA, PAREI NESSA OUTRA MATÉRIA DA AGÊNCIA:

A data de celebração do aniversário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), 7 de abril, poderá transformar-se no Dia Nacional do Jornalista. A medida consta do Projeto de Lei da Câmara 169/08, que se encontra pronto para votação na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). O relator da matéria é o senador Gerson Camata (PMDB-ES).


Em seu voto favorável à proposta, o relator recorda que a ABI completou um século de existência em 7 de abril de 2008. Para ele, a associação conta com o "respeito e a admiração de toda a sociedade brasileira", particularmente por sua defesa do Estado de Direito. Por isso, na opinião do senador, nada mais correto do que utilizar a data para celebrar o Dia Nacional do Jornalista.

- Pela importância de sua função, voltada precipuamente para a disseminação democrática da informação, o jornalista constitui um verdadeiro pilar das liberdades e garantias individuais. A liberdade de expressão, alicerce sobre o qual se apoia a imprensa livre e responsável, é uma das mais importantes conquistas democráticas de todos os tempos, destinada a contribuir para um convívio social em moldes justos - afirma Camata em seu voto.

O SENADOR FALA BONITO QUE SÓ, MEU DEUS!

Autor do projeto, o deputado Fernando Ferro (PT-PE) afirma, na justificação da matéria, que o jornalismo "é hoje talvez o principal instrumento de viabilização do exercício dos direitos e garantias fundamentais da liberdade de imprensa, de opinião e expressão". Nos últimos tempos, porém, como recordou, a categoria tem sofrido o que classificou de "muitos golpes", como a decisão judicial de abolir a exigência legal de formação superior e de diploma como condição para o exercício da profissão.

É VERO, É VERO, É VERO.

terça-feira, outubro 21, 2008

Aparência


- Você mudou...


- Como assim?


- Você não é mais como era antes.


- Não tô te entendendo...


- Aquele teu espírito revolucionário, aquela vontade de mudar o mundo, saca? Onde ficouaquela garra toda?

- Ficou na outra calça, que já está sendo lavada.


- Antigamente você não era tão materialista, era mais pelo social e tal...


- Hum...


- O que te aconteceu?!

- Sou uma vítima do mundo capitalista selvagem.


- Que história é essa de mundo selvagem?


- Quer provar?


- Ah?


- Quer ou não?



Ilustração: Rayma , direto da Venezuela, pais do socialismo chavista

terça-feira, outubro 07, 2008

Campanha

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Viveu um amor de eleição. Em outubro, perdeu o voto e a paixão.

segunda-feira, outubro 06, 2008

Das eleições


Boa Vista reelegeu o prefeito Iradilson Sampaio (PSB) com 54,35% dos votos válidos, ou 66.998 votantes.

Luciano Castro (PR) ficou em segundo, com 51.329 votos (41,64%).

José Luís Oca (PSOL) recebeu 3.029 votos (2,46%).

1.921 (1,56%) pessoas votaram em Ariomar Farias (PCO).


O colégio eleitoral de Boa Vista é de 159.075 pessoas. É o maior do Estado de Roraima.


Foram reeleitos Alfonso Rodrigues, Lurdinha Pinheiro, George Melo, Masamy Eda, Telmário Mota, Sebastião Neto (Pelé) e Braz Behnck.


Entraram Manoel Neves, Maurcélio Melo, Chico Doido (o mais votado, com 3.360 votos), Joziel Vanderlei, Paulo Linhares, Pastor Rosival e Idinaldo "Dunga" da Silva ( o menos votado dos que entraram, com 1.231 eleitores).


Vão cair fora da Câmara o atual presidente Marcello Vieira, a vice-presidente Iracema Araldi, o primeiro secretário Osmar Sampaio e o segundo secretário Rogério Trajano. Também perderam a vaga Francisca Pleneilda e Paulinho Marchioro.

quarta-feira, setembro 03, 2008

E a vida?



Para não dizer que tudo tá igual, chuviscou agora há pouco. Bem pouco, apenas o suficiente para mostrar que até para o mundo acabar precisar dar uma refrescada.

Dona Maria José, minha vó fonte de informaçoes sobre o passado de Boa Vista, me conta:

- Ainda não estamos no mês quente. O calor vai chegar em outubro. Antigamente ainda chovia muito em setembro, mas agora eu não sei como estão as coisas. Mudou tudo, né?

Como assim, vó? Ainda vai ficar mais quente? Daí relembro que ainda virá um mês em que não venta na cidade. As folhas ficam paradas, o calor aumenta por 10 e a sensação é de asfixia.

Ou seja, o mundo vai acabar e tudo vai começar por aqui.


E a história do 3 de setembro?

"Este dia não está nas listas de história, ninguém se lembra dele ou lhe dá o devido valor, mas é muito importante para que Universidade Federal de Roraima seja o que é, pelo menos no lado positivo".

A frase, sem nenhuma ponta de vaidade mas sim de quem acredita que trabalhou por uma educaçaõ melhor para todos, é de meu amigo químico-guitarrista-compositor Rhayder Abensour, que lembra o 3 de setembro de 1998, quando ganhamos a eleição do Diretório Central dos Estudantes. Éramos da chapa Acontecer, que tinha como componentes André Vasconcelos (jornalista), Adelaide Moura (médica), Dorinha Leal (professora de Letras), Érica Figueredo (jornalista) e outros que saíram logo em seguida e por isso não me lembro deles.

Minha função? Diretor de comunicação. Era fácil demais. Tínhamos uma reitoria que não fazia nada para melhorar a estrutura, conhecíamos todo mundo na imprensa, éramos (quer dizer, eles eram) simpáticos e conseguíamos mobilizar o povo rapidamente.


Ocupamos a reitoria; brigamos com os adversários; coordenamos assembléias e assembléias; conseguimos o malocão do campus, à época abandonado, para o DCE; promovemos festas, exposições, ajudamos a formar os Centros Acadêmicos de vários cursos e a fortalecer outros tantos.

O mais importante de tudo, porém, foi ter registrado o DCE no cartório. Outras gestões já haviam passado pelo diretório mas não haviam feito isso. Com a turma do Acontecer, o DCE da Federal de Roraima passou a existir de fato e de direito.

Foi um tempo divertido. Trabalhoso, mas divertido.

Pena que o único que conseguia namorar as meninas bonitas ou mais chegadas no movimento político estudantil era o presidente do DCE.

quarta-feira, agosto 20, 2008

Propaganda (Ou como escrever sem nexo aparente)

Aprendi faz tempo que propaganda não é publicidade. Aprendi faz uns dias que marketing na Venezuela é “mercadeo”, ou seja, venda no mercado.

(Quebra de pensamento, seguido do pouco recomendável começou de parágrafo com um elemento aditivo “e”.)

E aprendi também há anos que toda eleição só começa quando o primeiro programa eleitoral dos candidatos majoritários é exibido na TV. Portanto, hoje, terça-feira (20) começou a campanha eleitoral em Boa Vista. Entraram no ar, às 12h, horário local, os programas dos candidatos Iradilson Sampaio (PSB), Luis Oca (PSol) e Luciano Castro (PR). Ariomar Farias, do PCO, não apareceu.

(Nova quebra de pensamento, ficando cada vez mais confuso.)

Outro que não apareceu hoje foi meu acesso à internet no notebook. Os técnicos passaram a manhã toda mexendo na máquina e na rede e nada de acessar a web. Tudo isso motivado pela ida da CPU para manutenção para ver se retiram os vírus e as falhas no sistema.

(Fim do texto sem nenhuma ligação com os parágrafos anteriores)

Falando em acesso à net, os modens das operadoras de telefonia são a melhor pedida para quem quer ficar longe da lenta internet discada ou da inútil web via rádio que há em Boa Vista, mas o preço de compra (R$ 300 e poucos) e a manutenção (Quase cem pilas mensais) do serviço, que nunca chega àquilo que oferece na propaganda, são motivo de reclamação entre os usuários.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Meados de agosto de 2008

18 de agosto de 2008. Chove lá fora e aqui, graças a Deus, não faz frio. Já fez, mas hoje, com as ondas cada vez mais constantes de calor, a temperatura ficou normal, mesmo com o ar ligado no máximo.

Daqui a pouco será insuportável andar pelas ruas de Boa Vista. O calor vai tomar conta de nossas vidas. Por enquanto, agosto cumpre com a tradição de ser o mês dos trovões.

E ainda falando do “enquanto isso”, nesta terça, 19, começa o fenômeno climático conhecido como propaganda eleitoral na TV e nas rádios. Somando tudo, dá uma hora de promessas, apresentações, promessas e apresentações.

Em Boa Vista, centenas de pessoas são candidatas a vereador, mas apenas quatro encararam a briga para tentar sentar na cadeira de chefão do município: o prefeito Iradilson Sampaio (PSB, buscando o segundo mandato apoiado na Coligação Boa Vista de Todos Nós), o deputado federal Luciano Castro (PR, à frente da Coligação Boa Vista Feliz) e os solitários Ariomar Farias de Lima (PCO) e José Luís Oca (PSOL), afirmando que a esquerda tem que estar presente nas eleições municipais.





quinta-feira, fevereiro 21, 2008

O fim de uma era

Atrasado no assunto, relembro a renúncia do comandante Fidel Castro. Liderança carismática que encantou e inspirou centenas de pessoas nos últimos 50 anos, Fidel abre vastas possilidades para o futuro da da Ilha de Cuba. Politicamente, sugere representar o fim de uma era. As revistas semanais devem deliciar-se na próxima semana mostrando a penúria pela qual passam os cubanos em algumas situações e ignorar solenemene as conquistas nas áreas de educação e saúde.

Da minha parte, meus planos de um dia ir a Cuba e assistir a um discurso de Fidel no meio de seu povo estão descartados. Só não fico mais frustrado por lembrar que em 1999 o vi em Belo Horizonte.

Estávamos eu e dois colegas de faculdade (os hoje jornalista André Vasconcelos e químico Rhayder Abensour) em um congresso da União Nacional dos Estudantes realizado na capital mineira. Fidel estava no País e atendeu a um pedido da UNE para discursar no congresso.

Lembro que a euforia tomou conta de quase todos os participantes. Na entrada do ginásio Mineirinho, um casal que não era estudante disse que fazia questão de ver Fidel discursar.

Fidel chegou muitas horas depois de seus seguranças ocuparem pontos estratégicos no ginásio. A posição que ocupei no meio da quadra do ginásio, longe das poucas caixas de som instaladas pela organização, transmitiram palavras cortadas durante boa parte do discurso. Quase no final percebi que o melhor local para ouvi-lo era bem na frente do palco. Tarde demais. Cansado e aborrecido, continuei, desta vez por escolha, no lugar aonde a som chegava ruim.

Fidel se retira da cena principal e deixa Raúl, seu irmão, como sucessor. Eu nunca mais terei chance de ouvi-lo.
Um dia, entretanto, quando meu filho ler em algum livro de história sobre esta figura da história mundial, poderei dizer: papai esteve em um discurso dele.

Na sequência, o texto de despedida de Fidel, traduzido e copiado da Agência Estado:



"Queridos compatriotas:

Prometi na última sexta-feira, 15 de fevereiro, que a próxima reflexão abordaria um tema de interesse para muitos compatriotas. Este artigo adquire esta forma de mensagem.

Chegou o momento de postular e eleger o Conselho de Estado, seu presidente, vice-presidentes e secretário.

Desempenhei o honroso cargo de presidente por muitos anos. Em 15 de fevereiro de 1976 foi aprovada a Constituição Socialista por voto libre, direto e secreto de mais de 95% dos cidadãos com direito de voto. A primeira Assembléia Nacional foi constituída em 2 de dezembro do mesmo ano e elegeu o Conselho de Estado e a sua Presidência. Antes, exerci o cargo de primeiro-ministro durante quase 18 anos. Sempre dispus das prerrogativas necessárias para levar adiante a obra revolucionária com o apoio da imensa maioria do povo.

Conhecendo o meu estado crítico de saúde, muitos no exterior pensavam que a renúncia provisória ao cargo de presidente do Conselho de Estado, em 31 de julho de 2006, que deixei nas mãos do primeiro-vice-presidente, Raúl Castro Ruz, era definitiva. O próprio Raúl, que ainda ocupa o cargo de Ministro das Forças Armadas Revolucionárias por méritos pessoais, e os demais companheiros da direção do Partido e do Estado, foram resistentes a considerar-me afastado de meus cargos, apesar de meu precário estado de saúde

Era incômoda minha posição frente a um adversário que fez de tudo para se desfazer de mim, e em nada me agradava comprazê-lo.

Mais adiante pude alcançar novamente o domínio total da minha mente, a possibilidade de ler e meditar muito, obrigado pelo repouso. Me acompanharam as forças físicas suficientes para escrever por muitas horas, as quais compartilhei com a reabilitação e os programas pertinentes de recuperação. Um elementar sentido comum me indicava que esta atividade estava ao meu alcance. Por outro lado, me preocupo sempre, ao falar da minha saúde, em evitar ilusões que no caso de um desenlace adverso, trariam notícias traumáticas ao nosso povo no meio da batalha. Prepará-lo, psicológica e politicamente, para minha ausência, era minha primeira obrigação após tantos anos de luta. Nunca deixei de assinalar que não se tratava de uma recuperação "isenta de riscos".

Meu desejo sempre foi cumprir o dever até o último sopro. É o que posso oferecer.

"A meus queridos compatriotas, que me deram a imensa honra de me eleger recentemente como membro do Parlamento, em cujo seio devem ser adotados acordos importantes para nossa Revolução, comunico que não aspirarei e nem aceitarei - repito - não aspirarei e nem aceitarei o cargo de Presidente do Conselho de Estado e Comandante-chefe."

Em breves cartas dirigidas a Randy Alonso, diretor do programa 'Mesa Redonda' da televisão nacional, que foram divulgadas por minha solicitação, foram incluídos discretamente elementos da mensagem que hoje escrevo, e nem sequer o destinatário das mensagens conhecia meu propósito.

Confiei em Randy porque o conheci bem quando ele era estudante universitário de Jornalismo, e me reunia quase todas as semanas com os principais representantes dos alunos, que já eram conhecidos como o coração do país, na biblioteca da ampla casa de Kohly, onde se abrigavam. Hoje, todo o país é uma imensa universidade.

Parágrafos selecionados da carta enviada a Randy em 17 de dezembro de 2007:

"Minha mais profunda convicção é de que as respostas aos problemas atuais da sociedade cubana - que possui uma média educacional próxima de 12 graus, quase um milhão de pessoas com ensino superior completo e a possibilidade real de estudo para seus cidadãos sem nenhuma discriminação - requerem mais soluções para cada problema concreto do que as contidas em um tabuleiro de xadrez.

Nenhum detalhe pode ser ignorado, e não se trata de um caminho fácil, se é que a inteligência do ser humano em uma sociedade revolucionária prevalece sobre seus instintos.

Meu dever elementar não é me perpetuar em cargos, ou impedir a passagem de pessoas mais jovens, mas fornecer experiências e idéias cujo modesto valor provém da época excepcional que pude viver. Penso como (Oscar) Niemeyer que é preciso ser conseqüente até o final".

Carta de 8 de janeiro de 2008:

"Sou decididamente partidário do voto unido (um princípio que preserva o mérito ignorado). Foi o que nos permitiu evitar as tendências de copiar o que vinha dos países do antigo bloco socialista, entre elas a figura de um candidato único, tão solitário e ao mesmo tempo tão solidário com Cuba.

Respeito muito aquela primeira tentativa de construir o socialismo, graças à qual pudemos continuar o caminho escolhido. Tinha muito presente que toda a glória do mundo cabe em um grão de milho.

Trairia minha consciência ocupar uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total quando não estou em condições físicas de oferecer isso. Explico sem dramaticidade.

Felizmente nosso processo conta ainda com quadros da velha-guarda, junto a outros que eram muito jovens quando começou a primeira etapa da Revolução. Alguns quase crianças se incorporaram aos combatentes das montanhas e depois, com seu heroísmo e suas missões internacionalistas, encheram de glória o país. Contam com autoridade e experiência para garantir a substituição.

Dispõe igualmente nosso processo da geração intermediária que aprendeu conosco os elementos da complexa e quase inacessível arte de organizar e dirigir uma revolução.

O caminho sempre será difícil e exigirá o esforço inteligente de todos. Desconfio dos caminhos aparentemente fáceis da apologética, ou da autoflagelação como antítese. É preciso se preparar sempre para a pior das hipóteses.

Ser tão prudentes no êxito quanto firmes na adversidade é um princípio que não pode ser esquecido. O adversário a derrotar é extremamente forte, mas o mantivemos longe durante meio século.

Não me despeço de vocês. Desejo apenas lutar como um soldado das idéias. Continuarei a escrever sob o título 'Reflexões do companheiro Fidel'. Será mais uma arma do arsenal com o qual se poderá contar. Talvez minha voz seja ouvida. Serei cuidadoso.

Obrigado

Fidel Castro Ruz

18 de fevereiro de 2008"