Encerrando a trilogia iniciada no El Mariachi, seguida de A Balada do Pistoleiro, nas cenas finais do filme Era uma vez no México, El Mariachi enfrenta o General golpista:
Filme teve a gostosona da Selma Hayek no elenco
GENERAL
- ¿Y Carolina?
MARIACHI
- Murió.
GENERAL
- ¿Y tu hija?
MARIACHI
- Murió.
GENERAL
- ¿Y tu?
MARIACHI
- Muerto.
GENERAL
- ¿Y yo?
MARIACHI
- Viviendo bien...
Troca de tiros, El Mariachi acerta o General, aproxima-se do corpo estendido no chão do palácio presidencial, abre a camisa, arranca um colar que pertenceu a sua esposa e diz:
- Cada cosa en su lugar.
Banderas, El Mariachi
quinta-feira, novembro 13, 2008
Parentesco
Índios, samurais,
tudo tem olho puxado,
todos são,
por assim dizer,
a cara dos orientais.
Meu pequeno índio wapichana Pemón
segunda-feira, novembro 10, 2008
Cenas de Boa Vista
I A moça sorri e gesticula enquanto fala ao telefone. Nem parece que se esconde do sol das duas da tarde na sombra de uma parada de ônibus na avenida Ville Roy.
II O carro passa acelerado ao lado do vendedor de picolés que atravessa a Ponte dos Macuxis. Às 11h de um dia de verão amazônico, é possível ouvir o homem de origem indígena assobiando uma canção popular enquanto caminha na estrutura sobre o rio Branco.
Ponte dos Macuxis sob o rio Branco, que passa ao lado de Boa Vista, Roraima. (foto: Thiago Orihuela)
III Alheios ao show de rock que acontece no ginásio à sua frente, os meninos vestidos com roupas pretas cantam e tocam violão às duas da manhã.
IV O garoto sobe a ladeira do Calungá uma, duas, três vezes, senta no triciclo e desliza rua abaixo rindo e gritando, observado pela irmã, que segura com carinho uma boneca velha.
quinta-feira, novembro 06, 2008
Tucanos de Honduras no céu de Roraima
Texto de Plínio Vicente da Silva, jornalista radicado por estas bandas desde 1984. Reparem na ausência da palavra “que”, a maldita muleta que todo jornalista acaba uma hora usando.
Não gosto de me gabar, mas fomos eu, Fernando Estrella, a Folha de Boa Vista e o Estadão responsáveis pela construção da Base Aérea. Já contei várias vezes essa história e a Folha já relembrou o fato em uma de suas edições comemorativas. Mas nunca é demais recontá-la, aproveitando agora o gancho das comemorações do 24º aniversário de existência dessa unidade da Força Aérea Brasileira (FAB) em Roraima.
Recém-chegado de São Paulo com a missão de instalar o escritório de correspondente do jornal O Estado de S. Paulo na capital do então Território Federal de Roraima, fui morar no conjunto Caçari. Já mantinha relações profissionais e de amizade com o pessoal da Folha e acabei ganhando um espaço para poder trabalhar, dando em troca minha colaboração ao jornal, vivendo ainda seus primeiros passos.
Boa Vista foi uma grata surpresa a mim e a toda a família. Prisioneiros de um apartamento em condomínio fechado na Paulicéia, meus filhos ganharam a liberdade só encontrada mesmo aqui no lavrado roraimense. Eu, por minha vez, pude finalmente fazer do churrasco domingueiro o lazer jamais me permitido em São Paulo.
Numa dessas manhãs (Maio de 1984) cuidava de acender o carvão da churrasqueira, à sombra de um caimbezeiro no quintal, quando vi quatro Tucanos T-27 passarem sobre minha casa, seguidos de um Hércules C-130. Como sabia de apenas quatro aviões pequenos (o do governo e os táxis-aéreos do comandante Alves, do Robertinho e do lendário Piauí) e não se tratavam de aeronaves da Esquadrilha da Fumaça (as cores eram diferentes), meu faro de repórter disparou o alarme. Liguei para o Estrella e fomos ao Aeroporto Internacional de Boa Vista descobrir o segredo daqueles aviões.
Não havia vigilância policial, nenhuma segurança armada e ninguém impediu nosso acesso ao pátio. Até fomos convidados pelo superintendente da Infraero, Euclydes Monerat, a visitar o interior do Hércules, cuja carga reunia mísseis Piranha, metralhadoras ponto 50, munição e peças de reposição.
Enquanto Estrella fotograva os Tucanos pintados com as cores da Força Aérea e o brasão de Honduras e mais o restante da carga do C-130, fui ao bar do aeroporto e abordei o comandante da esquadrilha, coronel Armínio Gutierrez. Coca-Cola na mão, entregou o jogo. O Brasil vendera oito Tucanos para seu país e aqueles eram os primeiros quatro do lote. Honduras estava em guerra com El Salvador e uma resolução da ONU proibia a venda de armamentos e aviões militares para países localizados em zona de conflito. Para contornar o impedimento, o governo norte-americano negociou com o Brasil a venda dos Tucanos, considerados aviões de treinamento e, portanto, à margem da proibição.
Base Aérea de Boa Vista
Para os leigos vale a explicação: o Tucano tem dois assentos, um para o aluno e outro para o instrutor. Conforme me explicou o comandante, bastava instalar uma metralhadora para o artilheiro, retirar os tanques suplementares nas extremidades das asas, substituindo-os por dois Piranhas, e ele virava um avião de caça anti-guerrilha, pois pode voar a baixa altitude. Ademais, por ser uma aeronave versátil, consegue atirar em alvos móveis a pequenas distâncias, causando estragos em colunas de deslocamento pela selva, como ocorria naquela guerra da América Central.
A matéria e as fotos foram bater na redação do Estadão e virarammanchete simultaneamente com a Folha de Boa Vista. A repercussão foi imediata. O Departamento de Estado norte-americano negou a transação, o Itamaraty desconversou, a Embraer silenciou e eu acabei indo parar no quartel do 2º Batalhão Especial de Fronteira (precursor da atual 1ª Brigada de Infantaria de Selva) para, a “convite” do comandante, coronel Mirócem, prestar esclarecimentos ao Serviço Nacional de Informação, o temido SNI. Dois agentes vieram de Manaus com a missão de descobrir como eu tivera acesso a um segredo militar muito bem guardado na Embraer em São José dos Campos (SP) e vazado num distante e solitário aeroporto da Amazônia.
Pude lhes dizer apenas ter-me valido de duas armas para descobrir a presença dos aviões: meus olhos, reveladores dos Tucanos passando sobre minha casa, e o instinto natural da curiosidade, cujo cultivo recomendo a todo repórter por se tratar de ferramenta de trabalho. Ele me levou considerar a estranheza daqueles objetos sobrevoando Boa Vista na manhã de um dos meus domingos.
Depois da reportagem e toda a repercussão causada dentro e fora do Brasil, o ministro da Aeronáutica, brigadeiro Délio Jardim de Matos, de quem tive o privilégio de ser amigo e de quem merecia respeito ainda antes de eu vir para Roraima, determinou a construção da Base Aérea de Boa Vista. Portanto, paternalismo à parte, não me resta dúvida: eu, Fernando Estrela, a Folha e o Estadão somos, sim, personagens da história dessa importante organização militar sediada em Roraima.
Plínio Vicente da Silva
segunda-feira, novembro 03, 2008
O XI Femurr está chegando
O Governo do Estado divulgou nesta segunda-feira (3) a relação das músicas que vão concorrer no XI Femurr (Festival de Música de Roraima). Depois de milhares de anos, o festival volta a ser realizado, desta vez nos dias 20, 21 e 22 de novembro, no Forrodromo do Parque Anauá, aqui mesmo em Boa Vista. Exatamente 106 músicas foram inscritas. Do bolo todo, saíram essas aqui:
01Indefesos ( Kleber Barbosa Gomes – Boa Vista)
02Muralhas ( Carlos Alberto Gomes – São Paulo)
03Branco No Samba ( Kleber Barbosa Gomes – Boa Vista)
04Um Reska ( Isaias da Silva – Boa Vista)
05Pétalas Delirantes (Jose Maria de Souza Garcia – Boa Vista)
06Segredeiro (Jose Maria de Souza Garcia – Boa Vista)
07Rock Na Maloca (Galdino Pinho – Boa Vista)
08Um Lugar (Renato Bassilee – Amazonas)
09Rorainopolitano (Raimundo Nonato de Albuquerque Lima – Rorainópolis/RR)
10Roraimeriar ( Josué Rodrigues Da Costa – Rorainópolis/RR)
11Mameluca Malemolência ( Elias Venâncio/João Carlos Wandenberg – Boa Vista)
12Mil Maneiras ( Filomeno De Sousa Filho – São Luiz do Anauá/RR)
13Me Chamo, Seu Amor ( Handerson Cruz – Boa Vista)
14Outros Brasis ( Roberto Dibo e Eliakin Rufino – Amazonas)
15Sombras De Um Grande Amor ( Ana Claudia Batista Lima Souza – Boa Vista)
16Sendeiro ( Airton Vieira – Boa Vista)
17Baby Dream ( Airton Vieira – Boa Vista)
18Eu, Você E O Violão ( Jair de Medeiros – Boa Vista)
19Anjo Louco (Lucevilson Araujo de Sousa – Amazonas)
20Curumins ( Raimundo Chermont/Ana Alves - Amapá)
Essa aqui foi a galera que escolheu as composições:
Onésimo de Souza Cruz Neto (secretário-adjunto de Estado), Marco Aurélio Porto Fonseca (produtor musical e servidor do Governo Estadual), Joelmir Guimarães de Souza (cantor), Rosângela Queiroz Batista (assessora da secretaria que está promovendo o evento), João Pojucan Pinto Souto Maior Filho (produtor musical) e Dalva Honorato de Souza Dias (sei quem é não).
Comentário 1: a premiação é das boas. R$ 10 mil para o primeiro colocado e R$ 5 mil para o segundo.
Comentário 2: Jose Maria de Souza Garcia é mais conhecido como Zeca Preto, um dos ícones da música regional.
Comentário 3: na música 14, Eliakin Rufino aparece como sendo do Amazonas, mas é morador a vida toda de Boa Vista, Roraima.
Comentário 4: Airton Vieira mora em Pacaraima, na fronteria, e lançou disco dia desses, o “Nós”. Eu comprei.
Comentário 5: Handerson Cruz, ou Handy, também lançou um CD neste ano, o “Versos”. Muitoooooo bom, por sinal.
Comentário 6: Galdino Pinho é um professor amalucado que comanda a banda A Coisa.
Terça vi o meu segundo show do Paralamas do Sucesso. O primeiro foi em Floripa, há alguns anos, no CIC. O de agora foi no parque Anauá. Muita gente, mas nem todos buscando desfrutar do som do Herbert, Barone e Bi. Estavam esperando os sorteios que o Governo do Estado, promotor da festa (graças aos impostos que pago) por conta do Dia do Servidor, estava fazendo.
Aliás, quem pagou a inscrição no concurso público, estudou, fez a prova e entrou com recurso para garantir a sua vaga no serviço público ficou curioso com o sorteio. Foram chamados mais funcionários das empresas terceirizadas que do próprio governo. Eu mesmo não sabia que empregado de empresa que presta serviço podia entrar no bolo.
O show foi muito bom, de uma hora e pouco. O problema veio depois. Ao chegar em casa, lá pela uma da manhã, e preparar-nos para dormir, o indiozinho resolveu acordar, muito bem disposto, e quis atormentar- brincar comigo. Se não fosse a ação rápida e eficiente da Swat, quer dizer, da mamãe dele, o resultado teria ruim para este cronista.
Daí, no outro dia, nada como dois copos de capuccino para segurar a onda de calor que está parada em Boa Vista há algum tempo. No fim da tarde, antes de ir para o Atual Empreendedor, resolvo fazer o que há meses não fazia: tomar um copo de guaraná. Os caras se excederam e fizeram dois pelo preço de um. Resultado: nada de sono ou cansaço até meia-noite, quando caí. O lance é que lá pelas 3 e pouco comecei a acordar e lá pelas 4, quando olhei o relógio, percebi que a cafeína finalmente havia surtido efeito. Assim sendo, das 7 da manhã de sábado até o momento em que faço esta postagem (o horário tá lá no título), novamente no Atual Empreendedor, só dormi 150 minutos
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E vamo que vamo, querido diário, pois “ocomandante da Polícia Militar do estado de Roraima, coronel Márcio Santiago de Morais, 49 anos, foi detido na noite desta quarta-feira (29/10) após protagonizar uma confusão que terminou em agressão, no shopping Pátio Brasil, no Setor Comercial Sul”, conforme diz a matéria do Correio Braziliense. O cara não gostou quando reclamaram dele mijando em público. Pô, aqui em Boa Vista ninguém faz isso, só para evitar que alguém pense que reina la mala educación.
terça-feira, outubro 21, 2008
Aparência
- Você mudou...
- Como assim?
- Você não é mais como era antes.
- Não tô te entendendo...
- Aquele teu espírito revolucionário, aquela vontade de mudar o mundo, saca? Onde ficouaquela garra toda?
- Ficou na outra calça, que já está sendo lavada.
- Antigamente você não era tão materialista, era mais pelo social e tal...
- Hum...
- O que te aconteceu?!
- Sou uma vítima do mundo capitalista selvagem.
- Que história é essa de mundo selvagem?
- Quer provar?
- Ah?
- Quer ou não?
Ilustração: Rayma , direto da Venezuela, pais do socialismo chavista
quinta-feira, outubro 16, 2008
Vamos embora II (ou Do que se abdica quando se tem um molequinho)
Eduardo Bueno chega em Boa Vista trazido pela Fundação Banco do Brasil, que agendou uma palestra dele nas Faculdades Cathedral, pertinho de casa. Sou fã do cara desde meados dos anos 1990, quando li suas obras de história, muito antes dele ir parar no Fantástico. Vamos nessa então eu, a mamãe do indiozinho e o próprio pemoncito, doidos para ouvir o cara.
Uns minutinhos de atraso, vai logo que já começou, não tem problema com cadeira pois será no auditório com mais de mil lugares, chegamos, vejo alguém e penso: o que aquele escritor está fazendo do lado de fora, hum, isso cheira a palestra chata ou que ainda não começou.
Um guarda avisa que a palestra mudou de lugar e será na videoteca, biblioteca, sei lá, interessa que é uma saleta. Pela janelinha de vidro na porta, a visão de muitas pessoas em pé. Um rapaz sai e explica para o trio pemônico e a outras quatro pessoas que a organização decidiu mudar o encontro de lugar pois não tinham certeza se ia dar público.
- Quer dizer que vocês não confiaram no próprio evento?, manda um dos rapazes do quarteto.
- Não, veja bem, é que a gente não tinha certeza de que ia dar público suficiente, responde o rapaz da organização.
- Ou seja, não confiaram no próprio evento, diz este cronista.
- Mas tudo bem, vocês entrar e ficar em pé sem problema. Tem vaga aí, convida, sorridente, o rapaz da organização.
Olho para ele, penso em como era bom quando podia sentar no chão sem me importar com ninguém mais, olho para o neném e para sua mamãe, penso no desconforto dela, e decido: vamos embora. Evento no qual os próprios organizadores não tem confiança não vale a pena ficar, mesmo prometendo ser bom.
segunda-feira, outubro 13, 2008
Vamos embora (ou Do que se abdica quando se tem um molequinho)
É noite de domingo, o grupo é de fora e o espetáculo fala de um ensaio e tal. O teatro do Sesc Mecejana tem muitos lugares, mas para criar uma atmosfera intimista, vai todo mundo para cima do palco, ficar bem pertinho dos atores. A peça começa e a família Pemón chega um pouco atrasada, já que parou para comprar os alimentos não perecíveis que serão entregues a título de ingresso.
Por um cálculo errado da organização, poucas cadeiras foram colocadas no palco, aparentemente menos de 30, e agora só há espaço nas cadeiras da platéia, abaixo do nível do cenário e com os outros espectadores à frente. Ou seja, não tem mais vaga para três e meio retardatários.
Digo para ir embora e a mamãe do indiozinho demora. Saio e os atores que estão na porta, preparando-se para entrar em uma nova cena, me dizem: senta no chão. Eu até sento, mas não vou deixar a mãe de meu filho ficar no chão, incomodada, a peça toda, respondo. Desculpa, a gente não sabia, diz a menina.
Tudo isso acontecendo e nada da mamãe do indiozinho deixar o recinto. E olha que estava pertinho da saída. Aí, eles entram gritando e batendo com muita força a porta, conforme previsto no roteiro. Resultado: o neném se assusta com o ruído e abre o berreiro, chorando como quem pegou uma lapada de galho de goiabeira. Então, finalmente, mamãe sai, assustada com a reação do bebê. Eu a olho, penso e falo baixinho: bem que eu falei antes para sair e irmos embora.
Viveu um amor de eleição. Em outubro, perdeu o voto e a paixão.
segunda-feira, outubro 06, 2008
Das eleições
Boa Vista reelegeu o prefeito Iradilson Sampaio (PSB) com 54,35% dos votos válidos, ou 66.998 votantes.
Luciano Castro (PR) ficou em segundo, com 51.329 votos (41,64%).
José Luís Oca (PSOL) recebeu 3.029 votos (2,46%).
1.921 (1,56%) pessoas votaram em Ariomar Farias (PCO).
O colégio eleitoral de Boa Vista é de 159.075 pessoas. É o maior do Estado de Roraima.
Foram reeleitos Alfonso Rodrigues, Lurdinha Pinheiro, George Melo, Masamy Eda, Telmário Mota, Sebastião Neto (Pelé) e Braz Behnck.
Entraram Manoel Neves, Maurcélio Melo, Chico Doido (o mais votado, com 3.360 votos), Joziel Vanderlei, Paulo Linhares, Pastor Rosival e Idinaldo "Dunga" da Silva ( o menos votado dos que entraram, com 1.231 eleitores).
Vão cair fora da Câmara o atual presidente Marcello Vieira, a vice-presidente Iracema Araldi, o primeiro secretário Osmar Sampaio e o segundo secretário Rogério Trajano. Também perderam a vaga Francisca Pleneilda e Paulinho Marchioro.
quinta-feira, outubro 02, 2008
O tempo passa e Roraima completa 20 anos
Quando vim morar em Roraima, o Estado ainda esperava o 5 de outubro chegar para completar quatro anos de criação. Do quente fevereiro de 1991 até o também quente outubro de 2008, muitas coisas aconteceram em minha vida e na história desta parte do Brasil.
Na minha chegada, o prefeito era Barac Bento. Lembro de um mapa confeccionado em sua gestão, nas cores verde e amarelo predominando, com as fotos ou nomes dos vereadores e os poucos bairros da época. Conjunto Cidadão, Cidade Satélite, Raiar do Sol, Parque Caçari e algumas outras partes da cidade ainda não existiam.
Lembro da campanha da sucessão na prefeitura, tendo Salomão Cruz e Teresa Jucá, entre outros como candidatos. Teresa levou. Depois veio Ottomar Pinto, que era o governador no ano em que cheguei e havia eleito o atual deputado federal Neudo Campos seu sucessor. Aprovada a reeleição, Fernando Henrique Cardoso engatava um segundo governo, assim como Campos, que rachou com Ottomar, que perdeu a campanha para Teresa, que depois se reelegeu deixando em segundo lugar o à época ex-governador Neudo. Na seqüência veio Iradilson Sampaio, vice por duas vezes de Teresa e disputando domingo a reeleição.
Parque Anauá e o seu lago urbano, em frente à avenida Brigadeiro Eduardo Gomes: caminho feito por vários anos a caminho da UFRR e agora da Atual. (foto: Antônio Diniz)
Outros momentos importantes da vida política foram o impeachment do governador Flamarion Portela, a volta de Ottomar à governadoria, sua reeleição e a morte em novembro passado (no mesmo dia marcado para o chá de bebê de meu filho), a vitória e reeleição de Lula, cassações de vereadores, deputados e prefeitos, criação dos municípios de Pacaraima, Bonfim, Normandia, Uiramutã (entre os que me lembro) e recorrentes operações da Polícia Federal para tentar acabar com esquemas de corrupção envolvendo representantes do poder público e seus amigos/familiares empresários.
Tudo isso acontecendo e eu estudando. Primeiro fechando o primário na escola Vitória Mota Cruz, depois indo para médio no Gonçalves Dias, sendo aprovado no vestibular de jornalismo na UFRR, para onde voltei em 2001 ou 2002 para cursar sociologia paralelamente a uma pós-graduação. No meio de tudo isso, trabalhei como office-boy, prestei serviços ao Sesc, fui redator de jornal, passei pela assessoria de comunicação da prefeitura e vim parar na UERR, instituição que não existia em 1991, assim como a Univirr e as faculdades particulares Cathedral e Atual (onde sou professor), entre outras.
O mundo, seja na ótica local ou mundial, mudou muito nesse período. A internet explodiu, assim como as bolsas de valores o fizeram várias vezes. Veio o 11 de Setembro, a invasão do Iraque e do Afeganistão, as eleições de Hugo Chávez, Evo Morales e Vladimir Putin.
Apareceram vários canais de TV na cidade, muitas pessoas ficaram ricas de uma hora para outra, a população aumentou, as agressões à natureza idem. Amigos e amores chegaram e se foram. Bandas de rock nasceram e sumiram, modismos também.
Em 17 anos muita gente próxima apareceu e foi embora. Nasceram muitos priminhos e sobrinhos postiços deram a cara as minhas afilhadas Sângela e Beatriz, um policial militar matou meu primo Sandro e desconhecidos assassinaram o primo Janderson. Nesse percurso, apareceu a figura mais importante de minha vida: um indiozinho a quem tenho o prazer de chamar de filho.
Não sei como estará Roraima quando ele completar 17 anos. Não sei se estarei vivo para contar-lhe como era Boa Vista quando cheguei e quando ele nasceu. Só sei que tento dar a minha colaboração para que não fique pior do que já está, com gangues juvenis demarcando espaços na periferia, igarapés sendo mortos, miseráveis invadindo as ruas e pessoas desonestas enriquecendo às custas dos impostos que pago.
segunda-feira, setembro 29, 2008
10 coisas que detesto + bônus track
A voz depressiva da Adriana Calcanhoto.
O pseudo-intelectualismo-reflexivo e o vocal depressivo da banda Los Hermanos.
O calor de Boa Vista.
Alguém fazendo muitas ou poucas perguntas sobre mim.
Gente arrogante.
Ligação de atendentes do telemarketing.
A linha editorial de algumas revistas que não questionam o lado ruim do sistema econômico predominante.
A programação das TVs abertas domingo à tarde.
Gente bêbada que cospe enquanto fala.
Cheiro de cigarro.
Trabalhar muito e ganhar pouco (ou a disparidade entre o custo da vida e o que entra na conta no final do mês).
O calor.
Ser ignorado quando dou atenção.
Minha timidez.
Pressão política, amorosa ou pessoal.
Forró elétrico, calipso e rock metal.
segunda-feira, setembro 22, 2008
Poesia alheia
Texto dum paranaense louco, que veio a Roraima em busca de dias melhores, mas decidiu reencarar a vida no sul maravilha, levando na bagagem uma carioca e uma macuxizinha. Aliás, decidiu ir para a Ilha da Magia, também conhecida como a Terra dos Manezinhos.
Por sinal, mesmo lugar para onde voltou minha grande amiga Carlotinha Cavalheiro depois que decidiu economizar na conta do protetor solar.
Pouco me lixando
meu verso é lixo
e recolho pelo chão da sala
pelo piso da cozinha, atrás dos móveis
por debaixo dos tapetes
em meio a restos de tão pouco
montanhas e mais montanhas de ainda menos
nas prateleiras não há nada, leve o quanto quiser.
minha rua é um deserto
a vizinhança é o meu peito aberto
cravado de balas e migalhas de biscoito
estou sempre convidado a beber meu chá das oito
que às cinco é outra droga, algum esterco tipo oriental
e das seis às sete pratico yôga e me perco no quintal.
A revista on-line portuguesa Minguante leu, analisou, gostou e publicou uma série de micronarrativas de minha autoria, transformando-as em um e-book chamado Roraima Blues.
Convido você a acessar e ler. Depois, se odiou ou gostou, não fique em silêncio. Volte ao blog e faça um comentário positivo ou depreciativo, tanto faz. O importante é participar.
E aí, se você ficou afins de participar da Minguante, produz tuas micronarrativas e manda para o Luis Ene dar uma olhada e ver se te coloca na próxima edição.