segunda-feira, abril 29, 2019

#02 #CulturaDeRoraima: Lindomar Bach declama cordel de Zanny Adairalba

Registramos o cordelista Lindomar Bach declamando o texto "Calango, a revanche de Pipoca" , de autoria da poeta e cordelista Zanny Adairalba. A leitura aconteceu na edição de abril de 2019 do projeto Coreto Cultural, ação organizada pelo próprio Bach, que também é artista plástico.


   

 A hastag #CulturaDeRoraima serve para nomear a playlist de meu canal no Youtube com os registros que fazemos dos agentes culturais que atuam em Roraima. 

 Cultura de Roraima também é o nome de um blog que mantive ativo entre 2010 e 2018, publicando matérias e colunas sobre a cultura em Roraima: www.culturaderoraima.blogspot.com.br.

sexta-feira, abril 26, 2019

Notas da última sexta de abril de 2019


1. Começaram ontem as chuvas de fato e de direito. Choveu um pouquinho à tarde aqui no Paraviana, dando aquela sensação posterior de que estamos em uma panela de pressão liberando todo o vapor do mundo. Na verdade, a frase correta seria: “choveu (...) no final do Paraviana. Lá em cima, mais perto do Caçari e do Bairro dos Estados, não pingou nada. De madrugada choveu tanto que a terra amanheceu empapada. O céu amanheceu nublado e as paredes da casa estão bem mais frias que ontem.  


2. Enquanto escrevo, chuvisca. Agora será assim até julho, agosto. A chuva traz conforto para estar em casa. Some com as praias, é verdade, mas não dá para ter tudo ao mesmo tempo. 




3. Esta semana fiz algo que há tempos não fazia: comprei e li uma HQ impressa. Me criei fazendo isso, aprendi a ler em português por conta das histórias em quadrinhos, mas havia um tempo que só estava lendo em formato Scan nos sites piratas. Nunca gostei de ler muito em computador, mas desde o mestrado e seus infinitos PDFs, me acostumei a passar horas na frente da tela. Daí foi só ir buscar os Scans e me maravilhar com a possibilidade de ampliar a página até o ponto em que as palavras fiquem ao meu gosto de olho de velho meio cego. Foi essa impossibilidade de ampliar os balões o que mais me incomodou na leitura. Agora que uso óculos para quase tudo ficou meio complicado até ler em local mais escuro. Mesmo assim encarei o título Batman – Veneno. Gostei da história, que é começo dos anos 1990, com uma arte característica daquele tempo (leia-se um monte de quadros por página). 

Batman - Veneno: as quatro edições em uma só publicação

4. Estreou Vingadores e nos grupos de WPP todo mundo fala nisso. Nem um pio sobre os direitos que vamos perder com a reforma da previdência que o Bolsonaro vai enfiar na nossa goela, mas tudo bem, o foco não é mesmo esse nesses grupos. Até concordo e se fosse diferente eu saísse, porque as discussões costumam ser bem rasas. Enfim, sabe um lance que me incomoda mesmo nessas horas? Essa idiota coisa do medo do spoiler. Gente, que confusão que a galera forma por conta de um comentário qualquer feito por quem já viu o filme. Eu não entendo mesmo isso. Quando alguém me conta algo de um filme, série, livro ou HQ, fico prestando atenção para depois comparar o que a pessoa disse com o que de fato foi apresentado. Daí faço uma avaliação sobre a capacidade narrativa do “spoileiro” para saber se é confiável ou não nesse sentido. Acho muito divertido isso. Vou atrás até de cena vazada se tiver rolando fácil. Já o resto do mundo, inclusive o povo aqui de casa, morre de raiva. Eu, heim, gente doida. Imagina essa galera pegando spoiler da Bíblia, por exemplo, com alguém falando que lá no Novo Testamento vai rolar a crucificação de Jesus. Ou que lá no Velho tem uma parte bem The Walking Dead chamada as sete pragas do Egito?



5. Até ontem a gasolina estava custando R$ 4,29 no dinheiro na maioria dos postos que estão em minha rota comum de deslocamento. Acho bom anotar isso para jogar na cara do povo que vive dizendo que o PT quebrou a Petrobras e que por isso estavam certos o Temer, ao autorizar, e o Bolsonaro, ao manter, a política do preço subir o tempo todo conforme a movimentação do mercado. Parece até que isso se traduz em ganho para cada eleitor desse povo. Eu fico aqui preocupado com o gasto mensal, fazendo contas para ver se não vou ficar no prego no meio da rua e o povo bolsominion elogiando e feliz com essa política de preços. Ou sou muito ranzinza e pobre ou todo mundo está ganhando bem mais do que eu. 

Estou em crise energética

segunda-feira, abril 22, 2019

#CulturaDeRoraima: cantoria à capela com o cordelista Otaniel Souza


Otaniel Souza é um cordelista de origem maranhense radicado há décadas em Roraima. 

O gravamos em abril de 2019 cantando, à capela, a música Os Brutos Também Amam, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. 

A gravação aconteceu na edição de abril do projeto Coreto Cultural, organizado pelo também cordelista Lindomar Bach.




A hastag #CulturaDeRoraima servirá para nomear a playlist de meu canal no Youtube com os registros que fizermos  dos agentes culturais que atuam em Roraima. 

Cultura de Roraima também é o nome de um blog que mantive ativo entre 2010 e 2018, publicando matérias e colunas sobre a cultura em Roraima. Se quiser conferir, clique aqui. 

sexta-feira, abril 19, 2019

Registros sobre o que já ganhei com a literatura


O fato de eu não ser um escritor profissional (minha subsistência é garantida pelo emprego de funcionário público) ou um escritor focado em ser escritor
profissional (passo semanas sem produzir textos literários e meses sem participar de editais, concursos ou prêmios, muito menos submetendo livros a editoras), bem, esses fatos nublam a minha visão sobre o quanto já ganhei escrevendo.

Muitas vezes me perguntaram se a profissão de escritor dava para pagar pelo menos parte das contas, se havia ganhado algo com literatura. De meu suposto lugar de fala, descrito acima, falei que não. Na verdade, ia além, demostrando ingratidão com a vida: respondi várias vezes que nunca ganhei nada escrevendo. Exagerando, errei. Ganhei sim e muito.

Tentarei resumir isso a seguir, como uma espécie de registro confessional para que não volte a falar nunca ter recebido nada escrevendo ou trabalhando com contos, crônicas e poemas (essa descrição aqui é para distingui-los dos textos jornalísticos que me sustentam desde o ano de 1998, quando comecei a trabalhar como repórter).

Vamos aos fatos:

1.    Viagens: participei de bienais, feiras de livros, eventos literários e debates sobre política cultural nos estados Amazonas, Amapá, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Em Roraima conheci várias comunidades indígenas e trabalhei nos municípios de Pacaraima, Alto Alegre, Boa Vista, Cantá, São João da Baliza e Bonfim. Quem lê viaja e quem escreve também. 

2.    Plata. Sim, plata. Várias vezes ganhei grana como escritor, como organizador de atividades focadas em literatura, livro eleitura, como parecerista, como palestrante e até apenas como participante. Ganhei algum dinheiro também em concursos, prêmios e editais. Consegui pagar contas, economizar, comprar coisas que estavam faltando para a casa e coisas que queria comprar apenas por querer. A grana da literatura me sustentou ou sustenta? Não, mas já ajudou um bocado.

3.    Trófeus, certificados livros e afins: no momento tudo o que é meu está encaixotado. Em alguma caixa estão esses objetos citados acima, deixando claro que houve retorno do mundo para mim, sim.

4.    Amizades, risadas e bebidas: desde moleque, o ato de escrever (e de ler) sempre trouxe boas pessoas ao meu convívio. Aprendi um bocado com a diversidade de pensamentos que carregavam, ri muito, me emocionei muito. São amigos e parceiros presencialmente perto, alguns bem longe, outros nunca vistos cara a cara, mas sempre disponíveis nas redes digitais. Gente que já me convidou para atividades que renderam boas conversas, renda e conhecimento. Gente boa.

5.     Beijos na boca e na bochecha: considerem que escrevo textos desde a adolescência. Considerem que sempre tive a sorte de tropeçar com gente sensível à arte e à literatura. Considerado e anotado? Então... Beijo na boca é algo que se deve levar em conta na hora de fazer o levantamento daquilo que se ganhou ao longo da carreira. Por sinal, o beijo mais importante foi o que consegui da moça que depois virou minha minha esposa, encantada - digo eu - com as minhas poesias e prosas. Este beijo e atos afins resultaram em meu filho, luz de meus dias, P do meu samba, senhor de mim, dono do beijo na bochecha mais gostoso do mundo.

Então é isso. Eis o resumo de minhas conquistas como escritor e agente cultural da área literária. Se algum leitor um dia tropeçar comigo em algum lugar e me ouvir dizer que nunca ganhei nada como escritor, faça o favor de jogar o link em minha cara.

Obrigado, de nada.

terça-feira, abril 16, 2019

Trilha de bicicleta pelo meio do Cauamé: entre os banhos da Polar e dos Gnomos

A postagem de hoje é o registro de um passeio de bicicleta que fiz no rio Cauamé em maio de 2019. 

Parti do meio do bairro Paraviana rumo à Praia dos Gnomos. No meio do caminho, um desastre aconteceu.




sexta-feira, abril 05, 2019

Sabores da noite passada

Meu hálito nesta manhã me lembra um pouco das alegrias e sabores da noite passada. Bebemos, rimos, cantamos e, sinceramente não tenho certeza, mas acho que também usamos alguma coisa levemente ilegal para adoçar ainda mais a madrugada.

Começamos cedo, com um happy hour que buscava espantar as dores de um dia pesado de trabalho para ambos. Eu não te conhecia. Não, eu já havia te visto uma ou duas vezes por aí. Sim, isso mesmo. Os amigos nos apresentaram formalmente, começamos a falar de filmes, livros, política e jardinagem. Chope vai, tira-gosto vem, desafinamos algumas músicas no karaokê, discordamos sobre os rumos da economia, sorrimos muito e, se não me engana a memória, trocamos uns beijos no estacionamento do bar. 

Quando a mesa começou a ficar vazia e iniciativas mais decisivas passaram a ser exigidas pelo horário, te fiz uma pergunta fundamental para definir os rumos daquela noite: 

- Dorme comigo? 

Então você abriu um sorriso, encostou tua boca em minha orelha e me disse, antes de mordê-la: 

- Claro. Só estava esperando o convite.  

Ainda bebemos mais um pouco e trocamos ideias sobre o futuro da nação antes de chegar em casa. Por sorte, meu companheiro de aluguel havia encontrado lugar melhor para passar a noite e ficamos à vontade para passear com os nossos corpos sem roupa da sala até o quarto. Li com a língua cada uma das tatuagens e sinais da tua pele enquanto lembrava de um som que ouvia quando era moleque: 

“Y yo que nunca tuve
Más religión que un cuerpo de mujer
Del cuello de una nube
Aquella madrugada me colgué”

Pendurado em tuas nuvens estava quando você falou que provavelmente não amanhecerias ao meu lado. Algo como um compromisso logo cedo com o trabalho, amigos, namorado, não sei... Confesso que naquele momento eu só pensava em sentir o teu gosto e isso afetava o meu raciocínio. O depois ficará para depois, pensei.

Amanhece, abro os olhos e fico olhando para o teto do quarto, cantarolando em minha mente a mesma música da madrugada. Só me acompanham teu cheiro grudado em minhas mãos e uma mensagem no celular, na qual dizes ter gostado da noite e prometes um dia talvez repeti-la. 

Enquanto tomo uma xícara de café preto, sorrio e penso em como promessas de noites boas são fundamentais para aguentar os dias cheios de rotina.

quinta-feira, abril 04, 2019

Diário de um mestrando - 13o mês


14.03.19

Os dias têm sido estupidamente quentes e mal aproveitados neste mês de março.

O calor me acaba, deixa sem vontade de estudar. Só penso em ir para a praia (e não vou). Só penso em sair pedalando pelas avenidas, ir para a praia do Caçari, atravessar as praias e me refrescar, como prêmio de melhor esportista amador, na praia dos Gnomos. Não o faço, ou faço menos do que deveria e quero.







 Todos os dias anoto as metas do dia. Todos os dias volto a anotá-las.

Sim, li alguma coisa (bem menos do que deveria).

Sim, hoje isso muda, com certeza. Tenho reunião com a orientadora, professora Leila Baptaglin. A primeira pós qualificação. Separei alguns pontos para discutir. O ritmo deve voltar ao normal.

O que tenho feito então se não tenho estudado como deveria? Quase nada.

Nem a obra avançou neste mês. Este mês só não se perdeu pois fui passear no Lago do Caracaranã e dormimos debaixo dos cajueiros, pegamos bronze, fortalecemos a amizade com Tim, Grazi e Liz. Até gravei uns vídeos para juntar e publicar no Youtube, mas cadê disposição?



Yo, en el lago Caracaranã (Foto: Zanny Adairalba)




Zanny, acordando debaixo dos cajueiros (Foto: Edgar Borges)


Minha avó completa 93 ou 94 anos na sexta. No sábado tem almoço para comemorar a data. O que isso tem a ver com o Diário de um Mestrando? Tudo. Se não fosse o suporte dela e de meu avó ao longo de quase toda a vida que venho vivendo em Roraima, quem sabe o que teria sido de minha vida acadêmica? Ter um apartamento sem pagar aluguel e almoço pronto todo dia quando se chega do trabalho ou da escola/universidade não é para todos. Assim como não é para todos admitir que nem tudo o que se conquistou foi fruto exclusivo do suor e esforço pessoal.


11h36. Vou parar e ir ajudar a Zanny a preparar o almoço. Me diz o Google que a sensação térmica é de 36 graus centígrados, mas sentindo o bafo quente vindo da rua, acho que é o dobro.


22.03.19 Sexta


São mais de 11h. Dediquei a manhã a tomar café, comer bolacha e buscar finalizar um pedaço da dissertação abordando a cena de Rap local. Esta semana foi de buscas e leituras de comentários em redes como o Youtube e Soundcloud.


O que procurava? Saber quantos rappers atuam em Roraima.
O que achei? Uma quantidade muito acima da esperada. Em dois dias e meio localizei mais de 50 rappers em diversos municípios e algumas produtoras de vídeos, bancas, canais de divulgação...


É uma cena bem mais complexa do que parece. Pode não ter o sucesso comercial e midiático que almeja, mas isso não diminui sua extensão. Sobretudo em um estado como Roraima, no qual, apesar de todo o desenvolvimento acumulado na cena artística cultural, ainda tem muito caminho a ser aberto.


Poderia ter sido uma semana bem mais produtiva, mas ontem bateram no meu carro. Estava parado em uma esquina quando a caminhonete amassou a lataria traseira. O motorista desceu, se comprometeu a pagar, o idiota aqui não pegou os dados pessoais, apenas o telefone e saiu cada um para seu lado. Fiz uns orçamentos, liguei pro sujeito e adivinha: um blá-blá-blá imenso sobre eu estar errado, sobre ele estar certo, sobre como a grana tava curta e que ele poderia me ajudar, mas só em muitas parcelas, sobre tudo ter sido minha culpa, sobre só poder pagar no começo do próximo mês se tudo estiver bem...


Gente...que estresse. Se fosse comigo eu tava agoniado querendo me livrar da pessoa, mandando ela logo ir arrumando o carro. Tudo para me soltar desse peso logo. Infelizmente o mundo não é assim...Resultado: vou mais tarde fazer novos orçamentos para decidir se espero pelo sujeito ou eu mesmo faço isso. O pior é que uma das empresas apontou ser um serviço de pelo menos cinco dias.


Cinco dias sem o carro no lugar onde moro, no calor que está fazendo, com as minhas obrigações? Significa dias de muito estresse e correria, principalmente por ter que levar e pegar o Edgarzinho na escola, que fica a uns seis fucking quilômetros de distância...
Enfim...


Avancemos.


25.03.19 segunda


Em ritmo de segunda-feira. Lendo o e-mail da professora Leila com as definições do que vamos acatar da banca. Dor nos olhos (será que os óculos já venceram?). Muito calor. Preguiça. Seis ou sete xícaras de café e ainda com sono. Pensando no conserto do carro e as implicações de ficar sem veículo morando na periferia (ver, antes de reclamar, o conceito original de periferia, plis). Fiz um poema. Quarta de manhã vem o povo para consertar a cerca do vizinho. O João anda sumido e a obra da varanda parou. Meu pai pegou o carro emprestado ontem e me devolveu quase sem gasolina. O que será que tem mais de bom nesse livro do Umberto Eco que peguei semana passada e até agora não abri? Será que quando as chuvas começarem o meu ânimo vai melhorar? Dor de cabeça. Quero deitar, mas deitar não rende.


Muito tarde da noite:




Participei nesta segunda de uma aula da disciplina Literaturas Amazônicas, ministrada pelo professor Roberto Mibielli, do curso de Letras da UFRR. Troquei ideias com os alunos sobre seis microcontos publicados em redes sociais e uma coletânea. 


Acho sempre enriquecedor ouvir as interpretações dos acadêmicos. Me surpreendem. Na atividade de hoje, até o meu filho jogou na roda a sua interpretação de um dos textos. Foi bacana.


Abaixo dois dos textos que limos:

DESFECHO

"E a comeria de novo, sem duvidar um segundo", disse, retirando-se da mesa e deixando só o cheiro da cereja no ar.


INDECISO

E aí ela disse "vem!".
Fiquei naquela: "vou, não vou, vou, não vou...".
Quando decidi ir, ela já estava em outro lugar.
Fiquei, apenas a vontade e a frustração me acompanhando.



27.03.19 quarta

Estou uma preguiça só. Ando puro esse meme aí:




Na verdade não é preguiça, é concentração pouca. Ontem ainda fiz algo para apresentar esta semana à orientadora. Agora de manhã deveria já estar fazendo a segunda coisa que me pediu, pelo menos parte dela para fingir que estou super me esforçando, mas não consigo começar.


O pior é que ontem de madrugada, logo antes de dormir, mil ideias bacanas apareceram para escrever essa parte que agora não sei por onde começar. Fiz até um plano de tomar café e banho mais cedo, sentar e agilizar tudo antes que o povo que ainda não chegou em cada chegasse.
São 8h38 e acho que estou cansado.


Estou, creio, no limite do desconforto provocado pelo calor, pela rotina, pelos inúmeros probleminhas que aparecem sugando a grana que não tenho mais.
Até poemas ando fazendo. Dirão os acadêmicos: em vez de fazer ciência, tái: fazendo textinho poético.


Desse jeito vou acabar...Vou acabar nada. Vou continuar. Partiu agora ativar a playlist de jazz instrumental. Nunca falha na hora de ajudar o cérebro a se aprumar.


15h23 - Fiz algo. Não fiz completo, mas fiz. Custou. Bem muito. Para fazer, sacrifiquei o cochilo. Não está UAU, mas vale algo. E foi quase 85% do que precisava por enquanto. Então tá valendo. Espero. Espero não levar reprimenda da profe por conta de minha aparente procrastinação. Agora é tomar banho e vamos numa reunião de pais e mestres. Afinal, temos várias identidades ao longo do dia.


31.03.19 Domingo




Entre calor e acompanhando mais uma etapa da obra infinita estou desde sexta. Sem condições de sentar e ler alguma coisa para o mestrado.

...................

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sexta-feira, março 29, 2019

Acontecimentos paralelos (Ou: bateram meu carro e vim fazer prosa poética)


Tardes de sol em Boa Vista (Foto: Edgar Borges)

Alguém bateu o meu carro à uma e meia da tarde numa rua quase deserta, com um sol de quarenta graus atrapalhando a paz que todos deveríamos ter quando deixamos nossos filhos na escola.

Alguém bateu meu carro, estando o carro parado esperando outro carro acelerado passar na avenida à frente, palco de outros inúmeros acidentes leves e graves a perturbar a vida de quem só pensava em ir ou voltar para casa, para o trabalho.

Na mesma hora em que alguém bateu meu carro, uma mulher e um homem faziam amor em um quarto de motel na zona sul da cidade, desprezando as horas que tanto atrapalham quem só quer beijar, beijar e beijar como se não tivessem outros amores esperando por eles.

Quando desci do carro para conversar com a pessoa que bateu no meu carro, um homem velho subia em uma rede e se preparava para dormir em alguma comunidade indígena sem conexão com a internet para receber a foto das pessoas que estavam na esquina discutindo como seria solucionar o conserto do carro.

Quando tirei fotos dos carros parados no meio da rua, a mesma internet que levou as fotos para uma nuvem digital também ajudou o mocinho a sete quilômetros dali a pesquisar como ensinar facilmente regra de três à coleguinha que ele quer namorar.

Quando fiquei sem visão por conta de tanto sol que tem a uma e meia da tarde, quatro amigas olharam para o céu e pensaram em ir à praia, bronzeando-se antes que o inverno chegue e engula todas as areias.

Na mesma hora em que continuei meu rumo depois de ter anotado o telefone do sujeito que bateu o meu carro estando o meu carro parado, nessa mesma hora uma jovem conversava com o seu namorado e o questionava sobre a infantilidade do roteiro da série que haviam visto juntos ontem.

Quando comecei a escrever isto, dias havia se passado, oficinas haviam sido visitadas, panoramas de estresse haviam sido detalhados e desastres de todos os tipos haviam acontecido pelo mundo.

Quando o mundo todo passava por tudo isso acima e outras coisas mais, eu estava pensando: se eu tivesse virado à esquerda em vez de seguir reto, teria igualmente acontecido um acidente?

Enquanto digitava as últimas palavras, ouvi ao longe minha mulher me chamar para tomar um suco e tudo ficou mais alegre.


(P.S.: em 2013, voltando de uma viagem às serras do Uiramutã, tive um acidente de carro, novamente numa esquina. A história está aqui.)

sexta-feira, março 15, 2019

Galeria do Parque Anauá: em vez de quadros, armas

As prioridades dos governos estaduais de Roraima são esquisitas. O foco no incentivo à cultura e à arte nunca é uma delas e tudo é desculpa para exibir isso. E eu, que vivo aqui desde o primeiro desses governos, ainda me surpreendo com a capacidade negativamente inventiva desse povo. 




Antiga Galeria de Artes do Anfiteatro do Parque Anauá


A surpresa desta semana foi ver a galeria do anfiteatro do parque Anauá, que ficou fechada por anos e anos até ser mais ou menos reformada e receber uma duas ou três exposições apenas, ser transformada em base da Força Nacional. 

A questão não é discutir o mérito do papel da Força Nacional na área de segurança. 

A questão é tentar entender o que se passa na cabeça dos gestores que fecham equipamentos culturais em uma cidade que tem seu único museu fechado, uma cidade cuja biblioteca municipal não funciona, uma cidade que não possui nenhuma galeria pública...

Como vamos ser melhores assim?

Não tem como.

É por isso que sempre faço minha versão da música Porto de Lenha quando descubro ou revejo uma ação/comportamento governamental/social desse tipo: Boa Vista, tu nunca serás Liverpool. 

E muita gente dá risada dessas ações e medidas, diz que artistas que reivindicam espaços e políticas públicas assim são esquerdistas, que vivem na mamata e outras tantas baboseiras aprendidas nos grupos de whastapp. 

Fico pensando em como essas pessoas educam seus filhos...

Se é que educam, né? O que lhes dirão sobre artes visuais, música, literatura? Que é bacana, mas só em outras famílias, em outros estados, na TV, fora do Brasil? 

Imagina o tamanho da reprodução da ignorância nessas famílias...

É por isso que eu tento levar meu filho ao máximo de eventos que consigo. Sei que, no mínimo, incomodado por estar fora de casa ele vai ficar. E que talvez alguma obra lhe chame a atenção.

Mas essas crianças cujos pais ficam criticando a arte e falando asneiras, qual será o destino intelectual delas?

É a era da ignorância acima de tudo?

Enfim. Resistamos. 

Ah, em 2014 publiquei aqui mesmo no blog um pequeno texto intitulado “Check-list cultural da depressão”. Listei uma série de equipamentos culturais que estavam  com as portas fechadas. O Anfiteatro do Parque Anauá estava entre eles, saiu e voltou. 


sexta-feira, março 01, 2019

Diário de um mestrando - 12o mês

01.02.19 Sexta

Não consegui sentar para trabalhar de manhã. De tarde foi aquele calor. Avancei um pouco. Agora são 18h21 e estou cansado. Acho que só falta mesmo um pouco de teoria para fundamentar minhas estapafurdices. Vou botar para dialogar minhas ideias com as dos teóricos.

Ah, publiquei hoje no blog a edição número 12 do Diário de um Mestrando. A colega de UFRR Rebeca Alencar, que foi estudar na França comentou a postagem no facebook falando disso. Me contou que engatou o doutorado e está lecionando no mestrado. Cara, eu admiro mesmo gente que foca nos objetivos e vai atrás. Admiro ainda mais quem consegue estabelece objetivos. Não consigo e se consigo não levo pra frente. Se dependesse de mim, a humanidade ainda estaria na África, esperando o sol baixar para começar as grandes migrações e conquistar outras terras.

05.02.19 terça
Ontem deveria ter começado mais uma obra aqui em casa (vamos botar cerâmica nas varandas da frente e de trás, refazer a caixa de apoio do motor do portão, terminar de telhar a varanda e fazer muitos reparos). Eu deveria ter fechado o artigo no domingo, mas não rolou. Felizmente (ou infelizmente, depende muito da hora que vejo) João, o pedreiro não veio. Problemas com o carro alegou. Aproveitei a paz e fui ler novamente alguns textos para ver o que podia utilizar de referência dada na disciplina que me cobra um artigo para ganhar a nota. Foi bom. Li, anotei, acrescentei, fechei o material no começo da noite. Parei para ir no aniversário de 8 anos do Saulo, filho de minha afilhada Sângela, comi bolo, voltei para chegar as referências e mandei pra professora Leila dar uns vistos. Depois que devolver, imprimo e adeus essa parte.

São 17h30. Daqui a pouco vou começar a fazer os PPTs da qualificação. Antes olharei meu curso de EaD de mediador de leitura. Antes disso vou pedalar, que a parada tá tensa em casa por umas questões de documentação da casa que achávamos que seria fácil resolver, mas parece que vamos ter de meter advogado no meio.... Aí é tchau dinheiro.

06.02.19 quarta
12h01. Não fiz o PPT ontem, mas hoje adiantei pelo menos as partes fáceis. 11h e pouco a professora Leila devolveu meu artigo. Veio com mais comentários do que eu esperava. Bem mais. Agoniantemente mais. Do tipo que "carai, ela tem razão mesmo, mas precisava ter razão?". O bom é que vou entendendo cada vez mais como é o processo e a formatação dessas estruturas. Bem, mas agora só de noite. De tarde tem as coisas mundanas caseiras da vida para resolver, inclusive uma novidade da madrugada: o vazamento da caixa d'água que fica sobre o banheiro.

Está calor lá fora e a luz do dia convida a uma praia, mas hoje não. Hoje é dia de trampo e às vezes parece que a vida é olhar para uma tela.

08.02.19 Sexta

Ontem os passarinhos que sempre estão na varanda estavam numa cantadeira que me deu agonia de tanta desconcentração que causavam. Perto de meio-dia descobri (acho) o motivo: um filhote havia caído do ninho que uma das espécies fez nas madeiras do telhado. Na verdade, quem descobriu foi o Balu, nosso supercão. Colocamos numa caixa, os pais agoniados voando perto da gente, Balu ali, meio que segurança, meio curioso, o tempo todo olhando para ele. De tarde pensamos em colocar a caixa em um ponto mais elevado para que os pais pudessem alimentá-lo sem risco de serem todos comidos por algum gato. Quando fomos ver, o bichinho havia morrido.

Fim do conto dos ativistas frustrados do Greenpeace.

Voltamos à programação normal: a parada acadêmica ontem foi focada em arrumar o artigo lá da disciplina que falta ainda entregar. De noite rolou EaD (ou EAD, nunca sei) sobre mediação de leitura. Hoje o foco é o PPT da qualificação, nem que seja uns três slides só para não atrasar e ter tempo de corrigir e treinar a apresentação.


15.02.19 Sexta

9h27. Estou revendo o PPT que fiz para a qualificação. A professora Leila olhou e devolveu com várias observações. O problema é que estou carregando a preguiça do mundo em meus ombros. Preguiça com ressaca de um churrasco que fiz ontem à noite em casa. Acho que vou atrás de um médico para me receitar vitaminas estimulantes. Qualquer cerveja com carne na maior paz caseira e amanheço como se tivesse virado a noite dançando, bebendo e fazendo outras coisas no ritmo "não haverá mais tarde". Um pouco disse é esse meu relógio biológico idiota: seja qual for a hora em que me deito, quando chegam as seis e pouco da manhã os meus olhos abrem e a mente quer levantar.

Detalhe climático: ontem amanheceu nublado. Hoje está um belo dia cancerígeno.

Isto foi ontem:




Voltemos ao PPT.







28.02.19 Quinta
Cabô fevereiro. Amanhã praticamente já começa o tempo de carnaval. Hoje inclusive tem baile do bloco do Mujica lá no CTG. Não vou. Estou me resguardando para passar uns dias no interior do Estado com a família e com amigos.

Mas isso não se relaciona diretamente com a pós-graduação. Falemos do que interessa:

Fui aprovado na qualificação.

A quali foi concluída sem danos físicos ou sequelas mentais graves (aparentes, pelo menos). A família ainda está em casa, a orientadora e eu não estamos nos odiando e o doguinho Balu se lembra de mim quando saio do escritório.

Ou seja, qualificação concluída com sucesso! 😄🤸🕺💪

A banca teve o professor Vilso Santi da UFRR e a professora Dulce Mazer, da UFRGS, analisando o texto e a apresentação. Quase deu ruim no local: era para ser a sala de vídeoconferência da RNP, um setor na UFRR que gerencia a nossa internet. Estávamos lá quando chegou outro professor e disse que a sala havia sido reservada para ele. Checamos, perguntamos, vimos que de fato, mesmo com a minha defesa estar marcada praticamente desde janeiro, com divulgação e tudo (vê o banner que o PPGL produziu), a sala não era nossa. Fomos para o bloco do Centro de Comunicação, Letras e Artes (CCLA) e lá fizemos via Skipe.






Olha, vou lhes contar: no dia da defesa acordei cedão, cedão. Tava meio tenso, querendo me livrar disso logo. Tendo sido aprovado, agora estou na nova fase de tensão: começando a alterar e acrescentar as partes fáceis da revisão feita pelos professores e separando o que vai exigir mais trabalho no que resta de mestrado.










Serão meses de bom trabalho.

Ah, as fotos foram feitas pela colega Vanessa Brandão, que defendeu na mesma semana e agora está em um intercâmbio na Europa.

Março? Depois do carnaval será de foco nas novas leituras que já separei, definição de cronogramas internos para avançar sempre e vamos ver o que dá. Vem, segundo ano de mestrado!


Para quem chegou até aqui, fica o convite: clique aqui para ler todas as edições do Diário de um mestrando.