quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Às vezes

Às vezes, é melhor não fazer nada, esperando apenas que o tempo traga a sua resposta definitiva aos questionamentos. Só a idade, para exemplificar, mostra como muitos adolescentes comportam-se como idiotas enquanto pensam agir como senhores do mundo. Também te lembra que aquele cabelo estranho invejado por todos, hoje não passa de uma feia foto que se esconde na última gaveta.
Às vezes é melhor pensar mais antes de agir e reagir. É bom lembrar que o eu de hoje é diferente do eu de ontem e de anteontem. Por isso, não adianta mais falar ?se fosse em outro dia, você veria?.
Às vezes, é melhor ficar indiferente e não acreditar muito na humanidade, que alguma coisa ela fez para chegar aonde está. Esquecer que aquele a te afundar já recebeu tua ajuda para nadar. Ficar apenas lembrando do entardecer da cidade pequena, tão longe da fumaça de outras terras.
Às vezes, o bom mesmo é rir das palhaçadas do teu vizinho, do guarda que não sabe multar, da buzina estridente do carro daquele velho senhor. Sentir a vida valendo a pena mesmo quando a chuva prejudica o teu encontro com aquela pessoa especial.
Às vezes, as melhores conversas são as tidas sob a chuva, sem segundas intenções, sem cobranças de decoro ou excesso de intimidade, apenas no equilíbrio de um bom papo.
Às vezes, o melhor é terminar aquele caso de amor e deixar o coração correr livre, à procura de um novo porto, ouvir música clássica e beber vinho, permitindo-se a extravagância de colocar gelo na taça sem pensar na cara de horror dos amantes da bebida.
Às vezes, é melhor engolir o orgulho e pensar em como é bom pedir desculpas por aquela bobagem (no seu entender) que os outros consideraram grave ofensa.
Às vezes, bom mesmo é bater, é verdade, desprezando a teoria do amor ao próximo.
Todas as vezes, escrever um bilhete elogiando a ação do próximo é melhor do que telefonar para gritar pelos erros cometidos.
Às vezes, mas só às vezes, rir não é o melhor remédio e cantar não espanta os males.

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