Histórias de índio: infância
Nasci apressado, antes dos nove meses de gestação. Para aprender a controlar a ansiedade, passei uns dias na incubadora.
Naquele dia, conta minha avó Maria José, chovia muito. Era junho, quando o inverno amazônico já está com tudo, elevando o nível dos rios e das lagoas.
Conta dona Neide que a minha primeira palavra escrita foi "Deus".
Ainda lembro daquele gibi do Scooby Doo em português que a professora pegou no jardim de infância e nunca mais devolveu.
Na Venezuela, todos me chamavam de "brasilerito". Quando vinha passar as férias no Brasil, me chamavam de "mira, muchacho".
Entre os seis e oito, acredito, tive hepatite e fui considerado caso perdido pelos médicos. Com muito carinho de mãe, ervas medicinais, frutas e uma promessa à Santa Virgen de la Pastora, sobrevivi.
Aos nove anos queria ser dono de uma banca de revistas.
Acho que entre os 10 e 11 anos era apaixonado pela Blanca num mês e pela Rocio no outro.
Quando moleque, lia e entendia bem o português. Pensava que falava bem, mas era uma ilusão.
Fui um moleque quieto demais, chorão demais, protegido demais.
Fui beijado na boca, com língua e tudo, pela primeira vez aos 10 anos. Fiquei de olho aberto para ver que história gostosa era essa. Foi bom...
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