quarta-feira, abril 04, 2018

Diário de um mestrando em Letras - Primeiro mês

Mês 1 - março de 2018




01.03.18 - 1° dia de aula



Acordei como sempre: antes do alarme tocar às 6h30.


8h05 - já na sala do Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL), bloco I da UFRR.

8h07 - a colega avisa: o professor continua muito doente (havíamos sido avisados em janeiro ou fevereiro de sua condição de saúde) e não haverá aula. Talvez seja substituído.

Vou resolver coisas pessoais. Me sinto estranho: depois de 20 anos é a primeira vez que sou apenas um estudante, com a única obrigação de ter bom desempenho acadêmico. É um tipo de retorno à juventude, mas sem toda aquela energia e com filho e esposa.

06.03.18

Como já paguei duas disciplinas na condição de aluno especial, hoje pode ser considerado meu segundo dia de aula e o primeiro na disciplina Linguagem e Identidade. Manhã tranquila, de apresentações mútuas entre a turma e a professora Débora Freitas, doutora em Linguística Aplicada.

Então, oficialmente já começaram as atividades. Textos e plano de aula definidos, é hora de acelerar o ritmo de concentração nas leituras.

Por sorte consertamos semana passada um velho abajur de mesa que tenho desde a primeira graduação em jornalismo. Ele é quem vai me acompanhar nas noites acadêmicas, tipo a de hoje.

No extra-mestrado da vida, lembrando um grafite que diz que "viver não cabe no Lattes", comecei a ir na academia e em uma aula de canto.

07.03.18

Fiquei até tarde ontem lendo o texto. Bem denso. Hoje tentei fichá-lo e fazer algumas interpretações e, além de não conseguir terminar isso, me enrolei nos entendimentos. Foi da mesma forma que sempre rola: anoto palavras chaves que depois não fazem nenhum sentido e sublinho trechos que não consigo entender mais.

Fiquei a tarde toda nisso, fui resolver umas paradinhas, recomecei à noite e decidi parar para ir beber uma cerveja e pegar conselhos com um amigo recém titulado mestre.

08.03.18

Cheguei bem tarde, acordei cedo como sempre e tive um sono terrível durante a aula da disciplina de hoje.

O professor titular vai fazer uma cirurgia violenta no coração (algo como várias pontes de safena) e foi substituído pelo coordenador do curso, professor doutor Roberto Mibielli, que fez análise de um texto de Machado sobre a identidade nacional literária. Temos esse para terminar na próxima semana e mais o Manifesto Regionalista, do Gilberto Freyre. Ruim é que são todos online e ainda não comprei um e-reader para fugir das leituras grandes no computador...

À tarde voltei na UFRR para reuniões com os demais colegas orientandos e a professora orientadora, a doutora em Educação Leila Baptaglin. Já ganhei trabalhinho de casa para ir adiantando o texto da qualificação.

09.03.18

Aí você senta na frente do notebook, passa meia hora se concentrando, levanta para fazer um capuccino e quando volta o troço desligou sozinho...mais meia hora para conseguir ligar e mais meia hora para entrar em sintonia com o fichamento, quebrando toda a programação da manhã....



13.03.18



Li ontem até quase meia-noite vários textos, entre eles o Manifesto Regionalista e um artigo sobre regionalismo que encontrei em uma revista de ensaios que ganhei uma vez em um sorteio do Twitter. Sorte que nunca joguei fora.

Hoje foi dia de professora Débora. Para semana que vem temos que chegar com um livro lido e um diagrama-esquema-desenho apresentando as ideias principais. Vai ser um desafio, pois nunca fiz isso com um livro todo, só com pouco conteúdo para relacionar.

Falando nisso, tenho que lembrar amanhã de melhorar o resumo que fiz do texto passado.

Ontem também comecei a mexer no texto que vou apresentar na qualificação. Acresci o que a professora Leila indicou e agora vou ler uns materiais que mandou para irmos colocando teoria na cabeça.

Essa vida de leitor obrigado não tá legal, mas faz parte do caminho. Não fiz antes, sempre quis fazer, então é o que temos: mestrando com mais de 40. À leitura, ora pois.


30.03.18

Não anotei nada no meu diário de mestrando. O que escrevo agora é puxando pela memória e feito com o intuito de  lembrar de cada etapa da jornada. 

Vamos lá: 

Me enrolei na última semana do mês e não fiz a leitura de um texto da professora Débora no dia que deveria ter feito. Resultado: isso quebra todo o meu planejamento de pesquisa e redação para o texto da qualificação. A sorte é que não tinha nada do Mibielli para ler. Mesmo assim, acho que não vou conseguir levar o resumo que ela pediu para o dia primeiro. 

Minha vida agora é toda agendada, calculando exatamente o que devo fazer todos os dias para que não me complique todo. O que não conseguir fazer hoje, vou jogando para o amanhã. Devo confessar que tá complicado ser tão organizado. 

A professora Leila Baptaglin convocou seus orientandos, eu no meio, a participar das reuniões do grupo de pesquisa Amazoon, no qual ela me incluiu. Eis um compromisso fixo para toda quarta-feira agora e um motivo a mais para tentar manter a vida cronogramada (nem sei se essa palavra existe, mas o sentido que lhe dei é bem legal). 

Com essa convocação da Leila, já são três idas fixas à UFRR por semana: terças e quartas pela manhã e quartas á tarde. Quinzenalmente terei reunião de orientação às quintas no turno vespertino. Como estou tentando manter a regularidade nas idas à academia, vou segundas, quartas e sextas no campus. Acrescentando eventuais idas à biblioteca, dá que estou indo agora como estudante bem mais do que quando era funcionário. 

Das coisas que não tem a ver com o curso, mas tem a ver com ser escritor: no dia 23 fui acompanhar uma análise de uns textos de prosa e verso meus, feitos pelos alunos da graduação em Letras. O resumo eu já publiquei, mas se você tá chegando via pesquisa do Google, o link é este aqui. 





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