Sabe quando você passa anos sem fazer uma parada que gostava muito e aí um dia você fica feliz porque conseguiu voltar a fazê-la, mesmo que não seja na intensidade de antes? Então, essa foi a sensação deste domingo, quando depois de mais dez anos (talvez 12 ou 13) voltei a pegar na bicicleta para fazer uma trilha.
Quem é leitor antigo deve se lembrar das minhas hérnias, surgidas há um tempão apenas para me fazer sentir muita dor e abandonar certos bons hábitos como o de pedalar.
Recentemente decidi parar de ligar tanto para a dor na cervical para investir mais no prazer que é pegar a bicicleta para sair de noite e pedalar por aí. Até na UFRR já fui por estes dias, bem no estilo “sou estudante e vou pegar sol ardente, mas tô de boas”.
Noite sim, noite não, semana sim, semana não, faço uma pedalada com fins emagrecedores. Acho que deve dar uns 12 km e cerca de 50 minutos. Vou na manha, pelas ciclovias (coisa que não havia quando eu só tinha a bike para me deslocar), subo umas ladeiras, fico ofegante, sinto o vento no rosto e chego feliz em casa para estudar em paz.
A vontade de fazer uma trilha nasceu ao perceber que tem gente vindo de carro pela margem do rio Branco, saindo do Iate Clube, e chegando na praia do Encontro na maior tranquilidade (clica aqui se tu ainda não viu o vídeo que fiz lá neste verão de 2018). Conversei com o Timóteo e falei que devia ser uma boa fazer isso de bike. Ele topou a trilha, mas disse que as pedras iam gerar sofrimento e talvez até pneus furados, sugerindo então a trilha do Caçari.
Essa trilha eu fiz muitas vezes antes de aparecerem as hérnias e as dores. Tenho boas lembranças dela, mas poucas fotos. Era o tempo de introdução ao mundo digital, quando ainda era raro alguém ter uma câmera digital. Sei que em algum lugar devo ter fotos guardadas de um desses passeios, mas não imagino onde.
Enfim, na tarde do domingo passado (ontem, 15 de abril de 2018, para ser bem exato) peguei a bike, coloquei no carro, fui até a casa do Timóteo e saímos pedalando rumo ao banho do Caçari. Pra vocês terem noção, a última vez que fiz esse caminho a avenida Getúlio Vargas era só piçarra. Hoje é asfaltada, com quatro pistas, tem canteiro central e iluminação.
Chegando no balneário, empurramos as bicicletas até a parte da areia dura, atravessamos o Cauamé (aqui me lembrei do estresse que é não ter sapatilha de ciclista para não ter que ligar se o tênis se molha) e nos enfiamos no meio do lavrado.
Na praia do Caçari (Foto: Timóteo Camargo) |
´Timóteo rumo ao ponto onde atravessamos o Cauamé para entrar na trilha |
Saudades tinha eu de pedalar fora do asfalto (Foto: Timóteo Camargo) |
Vimos que se o Cauamé tá baixo, baixo, baixo, o Branco tem uns pedaços que parecem ser de um deserto. Os caras dos carros tracionados se aproveitam disso para ir barranco abaixo e curtir muito isso. Eu só brinquei que ia me jogar de bike pelo barranco, mas não arrisquei me lançar. Tenho amor à minha pele.
Vou-num vou-vou-num fui que não sou doido de me jogar do barranco para cair no areal que virou o rio Branco (Foto: Timóteo Camargo) |
Avançamos até a parte em que a trilha começou a fechar e decidimos voltar para ir pedalando até a praia do Encontro. O Timóteo me gravou gentilmente com sua mão-drone e estabilizou o vídeo com os aplicativos que tem no celular. Vê aí a vegetação e percebe como saímos de uma mata para entrar no lavrado novamente.
O que ainda tem de água no Cauamé vai ziguazeando pelo leito até chegar no Branco. Nos também fomos fazendo isso até chegar lá.
Depois de um banho bem legal na praia do Encontro (talvez o último desta temporada, pois hoje já começou a chover do ano, ficando nublado o dia todo, sinal do fim do verão) pegamos as bikes e voltamos. A ideia era fazer novas trilhas para ir preparando o corpo para aventuras mais pesadas, mas não sei se vai rolar. Com o fim do verão, chuva é coisa que cai sem avisar, estragando programas tão legais como ir pedalar com os amigos.
Bikes na praia do Encontro: provavelmente a última ida do verão |
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