sexta-feira, dezembro 18, 2015

Das coisas que sinto falta en la Navidad

Das coisas que sinto saudades dos Natais vividos na Venezuela cuando ainda era un chamito: 
gaitas, aguinaldos, hallaca, pán de jamón, la ropa del estreno, a galera da rua ansiosa esperando que llegue San Nicolas, las estrellitas, o pessoal sentado en la calle hablando de todo, un palito de ron o de cerveza con los panitas, a festa, la rumba, el traqui-traqui que dava mais susto que outra coisa, a certeza de que Navidad era no dia 24 (pois era na noite desse dia que chegava o presente), ver don Juan Pino e don Roscio, nosso vizinhos idosos, bêbados de alegria y de unos tragos, encontrar a los chamos en la plaza...

Daí viemos para o Brasil e vimos muros e não vimos praças e não vimos nada mais parecido. Afinal, país novo, costumes novos.

quarta-feira, dezembro 16, 2015

Edzinho, curumim do rio



Esse é meu moleque, o verdadeiro curumim do rio. 

Adora atravessar o rio Branco nas canoas e passar a tarde na praia Grande, brincando com as conchas, mergulhando com umas das mãos protegendo o nariz (culpa do pai, que só mergulha assim por não saber nadar nem aquelas técnicas em que a água não entra nas narinas).
 

A mãe dele ainda morre de medo de uma tromba d’água levar a gente ou de cairmos em algum buracão escondido debaixo de uma leve camada de areia.
 

Enquanto nada disso acontece e enquanto Boa Vista e seus gestores não matam o rio, vamos aproveitando as praias do Branco todas as tardes quentes de verão em que pudermos ir.

sexta-feira, dezembro 11, 2015

E vai ter mais um Sarau da Lona Poética, o último de 2015

Neste sábado tem mais um Sarau da Lona Poética, o único de Roraima. E vai ser bonito, aposto: 


O Coletivo Arteliteratura Caimbé promove no próximo sábado (12.12) a última edição do Sarau da Lona Poética em 2015. Com entrada franca e aberta a todas as idades, a festa literária, musical e artística começará às 19h. Será no Abrigo de Idosos Maria Lindalva Teixeira de Oliveira, mais conhecido como Casa do Vovô, instituição parceira desta ocasião. O abrigo fica na rua Pavão, 123, Mecejana, ao lado do prédio da Setrabes.

O ator e escritor Marcelo Perez é o poeta convidado deste sarau. Além de sua performance poética, apresentando textos de seu livro “Ainda que estivesse faltando pedaços”, vai expor e distribuir edições do fanzine que edita, o Receita no Verso.

Poeta Marcelo Perez


Os artistas visuais Claudio Barros e Kellen Silva são outros convidados especiais da Lona Poética natalina. A dupla fará uma mostra de seu trabalho, composto por telas pintadas usando diversas técnicas.

Outra atração será um varal poético com fotografias, ilustrações e poemas de Edgar Borges, Zanny Adairalba e Edgar Bisneto. Para deixar mais bacana a noite, o Coletivo Caimbé sorteará e venderá livros de autores locais.




Os idosos da Casa do Vovô também terão participação ativa no Sarau da Lona Poética. Aproveitando os seus talentos artísticos, a equipe do abrigo está preparando com eles uma exposição de poemas e ensaiando performances musicais e literárias.

Também poderá ser conferida a exposição “Baús abertos: corpos vividos”. Composta de retratos e composições fotográficas, surgiu de um trabalho relacional produzido por Ellen Apolinário junto a quatro moradores da Casa do Vovô e da releitura poética e visual desse produto, feita por Elimacuxi, integrantes do Peca (Grupo de Pesquisas e Estudos em Corpo e Arte). A exposição completa o ciclo da obra, prestando homenagem aos retratados.


“Queremos que esta noite seja linda, integradora e poética, com uma troca de energias entre os idosos e os poetas, músicos e artistas que sempre participam do sarau. Além disso, qualquer pessoa que quiser, poderá participar”, afirma a poeta Zanny Adairalba, uma das articuladoras do Coletivo Caimbé.

Segundo Edgar Borges, outro articulador do Coletivo Caimbé, os saraus contribuem para o fortalecimento da cena literária em Roraima, estimulando escritores e declamadores a apresentar suas obras em público. “A Lona Póetica mexe com o processo criativo, com a mediação entre autores e público e estimula a produção de nossa literatura. É um momento em que público e artistas se encontram e se conhecem”, afirma.

POESIA POR RORAIMA - O Sarau da Lona Poética é o único evento público deste gênero realizado regularmente no estado de Roraima. Itinerante, é realizado em praças, parques, livrarias e espaços culturais com a intenção de promover a circulação da poesia que se faz e se lê em Roraima.

De novembro de 2015 até abril de 2016, o Coletivo Caimbé realizará 11 edições do Sarau da Lona Poética em Boa Vista, Iracema e na comunidade indígena Canoani, município do Cantá. A jornada de poesia, música e artes visuais faz parte do projeto Saraus Poéticos Caimbé, selecionado pela Bolsa de Fomento à Literatura da Fundação Biblioteca Nacional e do Ministério da Cultura.

A primeira edição da Lona Poética em 2016 já está marcada: será no dia 9 de janeiro, no Espaço  Cultural do Quintal, na avenida Castelo Branco, 2266, bairro São Vicente, na quadra entre as avenidas Ville Roy e Surumu.

IMAGENS DO SARAU - Para ver mais fotos e vídeos das edições do sarau, curta a página www.facebook.com/coletivocaimbe ou siga o grupo no perfil www.twitter.com/coletivocaimbe.

OS CONVIDADOS - Marcelo Perez é ator, diretor, dramaturgo, instrutor de teatro, professor de Língua Portuguesa, contista e poeta. Lançou seu primeiro livro, “Ainda Se Estivesse Faltando Pedaços”, em 2015, pela Máfia do Verso. Natural do Rio e Janeiro, escreve desde o primeiro rabisco.

Kellen Silva, aprendeu a pintar no curso de Artes Visuais da UFRR. Em suas pinturas gosta de fazer imagens que vão desde paisagens ao surrealismo.  Cláudio Barros também é estudante de Artes Visuais na UFRR e teve seu primeiro contato com a pintura no segundo semestre do curso. Pinta paisagem, animais e rostos, nos quais valoriza olhares e expressões faciais.

Serviço

O que: Sarau da Lona Poética, com poesia, música e exposição de artes visuais.
Onde:  Casa do Vovô, rua Pavão, 123, Mecejana, ao lado do prédio da Setrabes.
Quando: 12 de dezembro (sábado), às 19h.
Quanto: entrada grátis.
Outras informações: 99111-4001 (Edgar Borges)

quinta-feira, dezembro 10, 2015

Gaita, saudades e modernidade


As melhores lembranças que minha mãe, dona Gracineide, e eu carregamos da Venezuela estão relacionadas ao tempo de Natal: ropa de estreno, hallacas, pán de jamón, cena de navidad, estrellitas para iluminar la noche...

Musicalmente, o que mais sinto falta daqueles tempos é o ritmo que costumava predominar nas rádios AM que conseguíamos sintonizar em Guasipati. A Gaita, som originário do estado Zúlia e suas vizinhanças, era o que imperava nos dials, ditando até o tempo que faltava para as viradas de ano.

Mesmo hoje, duas décadas e meia após termos saído da Venezuela, ainda sinto falta de ouvir gaita quando chega la navidad. A sorte é que hoje temos internet para matar essas vontades:

segunda-feira, dezembro 07, 2015

#Artesanias: Batman Caveira na camiseta


Minha primeira camiseta pintada, fruto de o espanto com o preço das camisetas do Batman nas lojas + vontade de pintar + um tutorial de como fazer uma caveira do Homem-morcego + uma pesquisa no Pinterest sobre caveiras mexicanas.

Essa eu fiz toda com as canetinhas para pintura em tecido. Na próxima vou experimentar pincel.

sábado, dezembro 05, 2015

Olha como foi uma entrega de livros para alunos da escola estadual Mário David Andreazza


Este momento bacana aconteceu nesta sexta-feira (04.12.15), resultado de uma parceria que misturou o Coletivo Arteliteratura Caimbé (eu, indo conversar com o povo várias vezes para explicar a proposta e definir as compras), o ponto de cultura Escola Forrozão (salve, Mario Moura), a escola Mário David Andreazza e recursos do governo federal para fazer a compra e deixar na escola centenas de obras de autores roraimenses. 

A turminha ali atrás já iniciou as leituras e os comentários que nos fizeram foram ótimos e divertidos. 

E ainda deu para bater um papo bom com o Tana Halú e a Elimacuxi e reencontrar umas pessoas que havia mais de anos estavam sumidas por Boa Vista.


Depois das fotos, vem o texto que foi publicado no blog do Coletivo Caimbé explicando melhor o que aconteceu.


Elimacuxi

Eli e Tana Halú





Gente escolarmente linda!


Nesta sexta-feira (4) aconteceu um Sarau Literário e Musical na escola estadual Mário David Andreazza, no bairro Caimbé, Boa Vista.


No meio da programação, foi realizada pelo ponto de cultura Escola Forrozão a entrega simbólica de mais de 200 exemplares de livros de vários autores locais. Como fomos nós que intermediamos a compra, conversando com o pessoal sobre a importância dos estudantes terem contato com a literatura feita por autores de Roraima, fomos convidados a falar sobre as obras e sobre o nosso trabalho.


Participaram deste momento tão bacana os escritores Edgar Borges e Elimacuxi (autores dos livros, respectivamente, Sem Grandes Delongas, de contos, e Amor para quem odeia, de poesia) e Tana Halú, ilustrador do Tangolomango da Massa. 


A conversa foi rápida, mas divertida. O melhor de tudo foi saber que muitos estudantes já estavam lendo os livros e que o conteúdo lhes agradou.


Essa é a semente que queremos ver germinar: uma geração de leitores que leia a nossa geração de escritores, criando novas ondas literárias a médio e longo prazo.
Este ano, por sinal, o Coletivo Caimbé articulou, via seus projetos aprovados juntos ao Governo Federal e mais essa iniciativa do ponto de cultura Escola Forrozão, a compra de quase 600 exemplares de obras de escritores e ilustradores roraimenses. O material foi e está tendo distribuição gratuita em escolas indígenas, de Boa Vista e nos Saraus da Lona Poética. 


Estamos aí, fortalecendo a nossa cena e contando com mais pontos de cultura e escolas fazendo o mesmo. Se tiver qualquer boa vontade de fortalecer a ação, vem falar conosco. Afinal, ler é bom demais!

quinta-feira, dezembro 03, 2015

Star Wars, a fotinha do Stormtrooper com Edgar C-3PO


Não gosto da saga Star Wars. Quando muito, paro um pouco para ver com meu filho alguns trechos do desenho Star Wars Rebels. Aliás, o moleque curte tanto que até os filmes já está assistindo na TV (e me chamando e ficando bravo se não fico ao seu lado).

De toda forma, mesmo com esse desgosto pela série, foi impossível resistir ao canto da sereia da indústria cultural. Fui num shopping ontem e lá no fundão da loja da Riachuelo estava esse Stormtrooper feito de vinil em tamanho natural. Não resisti e peguei a almofadinha com o rosto do robô C-3PO para fazer um combinado e colocar no Facebook e agora aqui.


 Que a força esteja com aqueles que não aguentam mais ouvir os fãs alucinados esperando pela estreia do novo filme.

terça-feira, novembro 24, 2015

Mamis, aquela que sempre está para me deixar alegre

Dona Neide, filha de Maria José e seu Borges, comemorou aniversário no sábado, 21 de novembro.

Rápida nas palavras e melhor cozinheira best forever, a avó do Edgarzinho é daquelas mães padrão coruja, sempre tentando deixar tudo melhor com amor ou com humor.

Diz a patroa que melhor sogra nunca haverá pelas bandas de cá.

Na manhã de sábado, bem cedinho, conversávamos ao telefone sobre o resultado preliminar do VI Festival Canto Forte, no qual Zanny e eu estávamos concorrendo com uma música cada como compositores. As eliminatórias haviam sido quinta e sexta, com o as finalistas sendo divulgadas na segunda noite.

- Classificaram as músicas?

- A Zanny sim. Eu, não.

- Que bom, meu filho. Fico feliz por ela. E não fique triste por não ido pra final: pra uma pessoa que foi criada ouvindo merengue na Venezuela, só o fato de fazer um samba já é vitória.

Eu, que já tava de boas, sem tristeza musical nenhuma, fiquei melhor ainda e gargalhei horrores.

Aproveito a deixa e disponibilizo aí os vídeos dos ensaios gerais das duas músicas. A minha,  Ensinamentos, foi cantada por Paulo Segundo e a da Zanny por Claudia Lima. Meu Canto de Amor por Roraima ficou em sétimo lugar.

Confiram:


quarta-feira, novembro 18, 2015

Sobre comentários xenofóbicos

Comentário xenofóbico do dia: "Chegaram os sírios bolivarianos.". 

Disponível na matéria http://www.folhabv.com.br/noticia/Venezuelanos-vem-para-RR-fugindo-da-crise-/11591

Me entristece, me enraivece, me emputece gente que não entende que as sociedades foram transformadas pelas migrações, pelo contato entre os diferentes.

Me entristece, me enraivece, me emputece gente que desconhece que há poucos anos o Brasil era o país em crise e que a Venezuela recebia milhares de migrantes daqui, dando a todos a oportunidade que não encontravam em sua terra natal.

Me entristece, me enraivece, me emputece gente sem o mínimo filtro entre a mente retrógrada e a língua e os dedos soltos a falar e escrever bobagens sobre os nossos vizinhos usando chavões esculpidos pela imprensa sulista e encampados pela mídia regional.

Me entristece, me enraivece, me emputece todo pensamento xenofóbico, discriminatório e preconceituoso. Sou filho de gente que foi embora para a Venezuela na década de 1970, viveu, foi triste e foi feliz lá, mas decidiu voltar e ser triste e feliz no Brasil.

Me entristece, me enraivece, me emputece gente que acha lindo reclamar dos muros entre Israel e Palestina, México e Estados Unidos, Europa e Oriente, mas que não duvidaria um segundo em fechar a fronteira aqui do lado.

Me entristece, me enraivece, me emputece gente que não se esforça para ser gente.

sábado, novembro 07, 2015

Meus dias de artista visual em Roraima


Se acaso você já cavucou este blog, poderá ter lido várias vezes que sempre tive vontade de mexer com artes visuais. A vida e a falta de oficinas de desenho e escultura, entre outras coisas, como vocação e talento, sempre me afastaram desse pedaço do mundo.

Mesmo assim, vou metendo as caras, customizando miniaturas de carrinho 1:64 (também chamados pela marca Hot Wheels), estudando como fazer stêncil, fazendo  arte postal e repintando gavetas para alojar minhas actions figures.

Este ano, para ampliar o alcance da minha iniciativa particular de ser artista visual, decidi inscrever-me em duas mostras de artes organizadas pelo pessoal da Universidade Federal de Roraima. Dei sorte nas duas e meus trabalhos foram aceitos. Olha só:

A primeira mostra rolou em junho de 2015, como parte do I Simpósio em Educação Ambiental. A obra foi uma escultura, feita juntando um monte de coisas velhas que tenho lá em casa e colocando-as dentro de um invólucro de plástico transparente, como se fosse um saco. O nome foi “Guarda. Vai que...”.
Vejam se conseguem descobrir o que empacotei:






Tinha umas lâmpadas para iluminar no escuro

Esse rádio tem mais de 30 anos



Poeta e professora do curso de Artes Visuais Eli Macuxi e o artista visual JJ Vilela

Com Eli Macuxi e Dayana Soares, ambas professoras do curso de Artes Visuais da UFRR


 

Edgarzinho Borges Bisneto, meu artista preferido


A segunda mostra fez parte do I Seminário de Patrimônio, Arte e cultura na Amazônia: a educação patrimonial em foco, que aconteceu entre os dias 3 e 6 de novembro de 2015.

Também foi uma montagem de coisas transformadas em escultura. O material, que na foto pode parecer simplório, tem para mim alto valor simbólico: são tijolos do prédio histórico do Hospital Nossa Senhora de Fátima, o  primeiro do estado, construído no começo do século passado em Boa Vista e derrubado no carnaval deste ano. 

Peguei os dois uma noite antes das máquinas terminarem o serviço de colocar tudo nos caminhões de lixo. A ideia inicial era um dia colocar eles em um museu ou casa de memória que um dia talvez-quem-sabe-oxalá monte.

Enquanto esse dia não chega, juntei os dias e por cima deles joguei uma luva e uma seringa. O nome eu curti colocar: “Aqui havia um hospital”.

Olha só:

Aparentemente simples, a obra tem o seu peso simbólico. Quem mais tem tijolos do patrimônio histórico para chamar de seus?



Se liga no conceito. De ado sempre me pareceu essa luva uma pessoa morta.



Percebam como envelheci entre uma mostra e outra...hehehehehe








segunda-feira, outubro 19, 2015

Muita plata pra pouco efeito



Sobre o repasse de R$ 322 mil que a Prefeitura de Boa Vista​  fez para a turma das motos organizar dois dias de festa particular cara no estacionamento de um shopping, só tenho a dizer três coisas:

1. R$ 322 mil dividido por dois é igual a R$ 161 mil por dia. Está na média dos repasses para esses eventos. A Marcha para Jesus deste ano, por exemplo, levou R$ 150 por um único dia.

2. Cada cidade e cada estado têm a gestão cultural que merecem e pela qual lutam.

3. Para os fazedores de cultura que acham bacana esse tipo de repasse direto, fica a questão: já pensaram nessa grana repassada pra gente via editais focados nos segmentos, com bolsas e prêmios para quem apresentasse as melhores propostas, independente de pressão política ou amizades?

(Sim, isso foi uma indireta para todos os gestores da área cultural de minha timeline)

Somente meu grupo, que faz ações de baixo custo no segmento Literatura, com apenas 10% da grana do encontro das motos organizava uns seis meses de sarau em Boa Vista, distribuía livros de autores regionais, pagava cachê pros poetas e outros artistas convidados, fortalecia a cena das Letras e organizava encontros literários que, a médio e longo prazo, trariam mais efeito para o desenvolvimento sócio-econômico de Boa Vista que meras noites de festa.

Pronto, falei. Boa segunda pós-rock a todos.


  
Prefeitura fez convênio e liberou verba para 'Encontro Internacional de Motos'.

Presidente do 'Roraima Moto Clube' disse que 'tudo foi feito na legalidade'.

Marcelo Marques Do G1 RR

Publicação do convênio foi divulgado no Diário do Município (Foto: Reprodução/) 
 
Publicação do convênio foi feita no Diário do Município
 
(Foto: Reprodução)
 
O 9º Encontro Internacional de Motos de Alta Cilindrada gerou polêmica nas redes sociais devido a um convênio da Prefeitura de Boa Vista, por meio da Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura (Fetec). O objetivo era repassar recursos financeiros para apoiar o evento, organizado pela 'Associação dos Motociclistas Roraima Moto Clube'. O 'valor total estimativo' era de R$ 332 mil, segundo o extrato de termo de convênio.
Em nota, a prefeitura disse que 'a proposta é fomentar o turismo em Roraima, em especial, na capital'. O presidente do 'Roraima Moto Clube', Cézar Rivas, disse que 'são críticas sem sentido', referindo-se aos comentários contrários ao valor do convênio.
Os shows ocorreram na sexta-feira (16) e sábado (17) no estacionamento de um shopping da cidade e o alto valor dos ingressos para a festa, parcialmente custeada pelo município, causou 'estranheza', segundo Bebeco Pojucam, conselheiro estadual de Cultura.
No Diário Oficial do Município do dia 13 de setembro foi publicado o extrato de convênio entre a Prefeitura de Boa Vista e o Roraima Moto Clube em que foi firmado o repasse de R$ 332 mil para o 9º Encontro Internacional de Motos. A publicação do convênio viralizou na web.
Nas redes sociais, internautas reclamavam do alto preço para assistir ao evento. Para o primeiro dia, conforme divulgado, os ingressos custavam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Na segunda noite, que teve a banda carioca 'O Rappa' como atração principal, o primeiro lote tinha ingressos por R$ 160 (inteira) e R$ 80 (a meia). Para o segundo lote, o valor chegou a R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia).
"Todo repasse para a cultura é bem-vindo. Mas com dinheiro público temos de ter cuidado. Se a prefeitura pagou para o evento acontecer, a entrada deveria ter um valor popular ou gratuito, pois o dinheiro é público. É injusto pagar duas vezes pelo show. A verba investida é nossa. O município investe para divulgar a cidade e atrair turistas. Concordo com o investimento, mas discordo da maneira como é feito", reclama Pojucam, que também é produtor musical.
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Internautas criticaram valor cobrado pelo show (Foto: Reprodução/Facebook)Internautas criticaram valor de convênio para realização de evento (Foto: Reprodução/Facebook)
Ainda de acordo com ele, não houve uma atenção adequada para as bandas locais em razão da inexistência de uma proposta que atendesse aos grupos musicais.
"Não houve discussão. Ou se aceitava ou não. Cada banda do estado tem um valor e algumas deixaram de tocar porque não teve acordo vantajoso e não ofereceram condições. Se o grupo já tem um valor próprio, não se respeita isso. Pagam uma única quantia para todas as bandas", critica.
Um cantor de Boa Vista disse lamentar o município gastar um valor 'salgado' para trazer uma atração nacional.
"Que traga alguém de fora e dê condições para as pessoas irem ao show. Estavam cobrando R$ 200 na última noite, quando cantou 'O Rappa'. Ainda teve a questão do atraso. Quem pagou para assisitir ao grupo musical, deve reclamar. Não podemos deixar isso acontecer. É bater na nossa cara e beijar", opina o artista, que pediu para não ser identificado.
Embora a maioria dos internautas tenha criticado o alto preço dos ingressos, houve aqueles que defenderam o valor cobrado.
'Moto Clube' diz não querer polemizar
O presidente do 'Roraima Moto Clube', Cézar Rivas, disse estar ciente dos comentários negativos que estão circulando nas redes sociais.

"Entendemos que são críticas sem sentido. O município dispõe de verbas para o turismo e a cultura, aplicando da forma correta. Não vamos polemizar a respeito disso. As pessoas falam e as informações se multiplicam sem conhecimento de causa. Não entraremos neste mérito [polêmica] porque temos a certeza de que fizemos tudo dentro da legalidade", afirma.
Rivas não informou quanto a banda 'O Rappa' recebeu para o show no sábado. Ele disse apenas que irá prestar contas à prefeitura. "Independentemente da polêmica, o evento foi um sucesso", conclui.
Prefeitura diz que convênio foi de R$ 300 mil
Em nota, a Prefeitura de Boa Vista esclareceu que o convênio firmado foi de R$ 300 mil. "A proposta é fomentar o turismo em Roraima, em especial, na capital. O 'Encontro Internacional de Motos de Alta Cilindrada' trouxe turistas de outros estados e países a Boa Vista, movimentando a economia da cidade, com hotéis lotados e restaurantes ocupados", diz a prefeitura.

Sobre os artistas locais, o Executivo municipal destaca ser 'o maior contratante de Roraima, com pagamento de cachê bem acima dos valores aplicados em eventos privados'. Ainda segundo a nota, são contratados artistas para arraial, carnaval, aniversário da cidade, e, recentemente, para o 'Festival dos Pioneiros', sem contar os apoios a diversos eventos na cidade.

A Prefeitura de Boa Vista conclui reforçando ainda que a pessoa que se sentir lesada por atrasos ou outros fatores, pode procurar os órgãos de defesa do consumidor


terça-feira, setembro 22, 2015

Sobre a Guarda Nacional, o jeitinho brasileiro, o sargento preso e a vida na fronteira

A Guardia Nacional da Venezuela é extremamente corrupta, principalmente nas fronteiras. Pertinho daqui, desde a abertura da BR 174 e da Troncal 10, brasileiros contribuíram para a corrupção da turma, dando aquela gorjetinha básica, aquela caixinha de bombons Garoto, aquele espumante, qualquer coisa que facilitasse a convivência entre os países e, quem sabe, promovesse a internacionalização do jeitinho brazuca. 

Daí, a voracidade dos Guardas cresceu e a cobrança de propina em plata-cash-money-bufunfa cresceu e passou a ser rotina, amparada pela impunidade que sempre (atenção: sempre e não apenas a partir do surgimento do chavismo) reinou do lado de lá da fronteira.

Quase tudo bem até aí, mas quem come e acha gostoso quer repetir e comer até ficar empanturrado. Afinal, só se vive uma vez e que se danem as dietas. E então, a turma dos verdes pensou: que tal um assalto em Pacaraima vez ou outra para aumentar a circulação de divisas na fronteira?

Plano fechado. Bolaram um para setembro. Deu errado. Dois fugiram, um foi preso. Era um Guarda. Novinho, 25 anos, sargento. Nome: Elvis Geovanny Manrique Marcano. Homem da lei do lado de lá, criminoso do lado de cá.
Resultado: o senso de corporativismo da Guarda explodiu e, em represália, começaram a apertar a fiscalização na fronteira. 

Pegaram algumas famílias por aquelas coisas bobas de sempre na rotina de quem vive aqui na linha do Equador (muito dinheiro não declarado no bolso, compra acima da cota etc.), mandaram para Puerto Ordaz e, dizem os parentes, não dão notícias. 

Claro que isso era o esperado: afinal, o poder de la Guardia Nacional na fronteira sobrepuja qualquer acordo do Itamaraty com la Cancilleria venezuelana. Antes de falar com o Maduro, é melhor sempre conversar com o comandante de plantão en el Comando. Fica mais fácil e menos burocrático.

Ciente desse poder, a Guarda deve continuar apertando o cerco contra os brasileiros por um tempo. Se o band...ops, se o Geovanny for condenado, essa coisa de exigir dos brasileiros que cumpram a lei do lado de lá vai continuar. 

A propósito, o deputado estadual Oleno Matos está propondo a criação de uma comissão para acompanhar a situação dos presos na Venezuela. Acho digno e importante. Afinal, direitos humanos não são uma prioridade em meu país natal. Muito menos com estrangeiros.

http://www.folhabv.com.br/noticia/Deputado-propoe-comissao-para-acompanhar-presos-na-Venezuela/10116