terça-feira, abril 14, 2009

Sim, temos bananas...


(Série Cenas e fotografias de Boa Vista)



E outras tantas frutas, verduras e legumes à venda todo final de semana na Feira do Produtor, localizada ao lado da avenida Venezuela, via que na década de 1990 convencionou-se chamar da linha divisória da Boa Vista rica e da Boa Vista da periferia.


(foto minha: Edgar Borges)

Todo sábado a feira enche, com vários produtos muito mais em conta do que qualquer vendinha ou supermercado da cidade. Reformada há alguns anos, tem barracões para cada tipo de produto. Esse da foto é do exclusivo para bananas, a maioria vinda da região sul de Roraima. O cacho, dependendo do tipo, do mês e de quanto está maduro, pode sair entre dois e cinco reais.

segunda-feira, abril 13, 2009

Semelhanças

Antes era Centro Federal de Educação Tecnológica de Roraima.




Agora virou Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima


Com uma logo que me pareceu lembrar a da Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura de Boa Vista. Acho que somente por conta do verde "fique calmo e relaxe".

quarta-feira, abril 08, 2009

Putz...já é páscoa...



Não sou cristão nem adepto de nenhuma religião, mas sei que a data é importante para a humanidade. Pena que hoje todo mundo acredite que é somente para comprar e presentear com ovos de chocolate. No máximo, que se trata de um feriadão.



Mas eu sou índio velho consciente das datas e de seus significados. Por isso, vou aproveitar o lance do milagre da volta da vida e compartilhar com meus amigos, rir, escutar música e, principalmente, brincar com esse indiozinho aí da foto. Ele, com certeza, é o meu milagre da vida.
Até segunda!



Fotinha de orkut: a molecada já nasce plugada
Roraima existe

Esse é o tema da I Mostra de Trabalhos Criativos dos acadêmicos da Faculdade Atual da Amazônia, uma das atividades da VIII Semana Roraimense de Comunicação e Marketing.


O evento será nos dias 12, 13 e 14 de maio, com o tema “Grandes Oportunidades à Vista!”.

Conforme o regulamento da Mostra, o conceito expressa o atual contexto de Roraima, com a implantação da ALC (Área de Livre Comércio) de Boa Vista.


A mostra será dividida nas seguintes modalidades:
a) Curtas de 1 minuto;
b) Paródias;
c) Composição Visual e
d) Fotografias.

O regulamento taqui, ô.


Podem participar da Mostra alunos regularmente matriculados nos cursos de graduação da FAA e do curso de Comunicação Social da UFRR. Mas se liga: não há premiação em dinheiro. Os expositores receberão certificados de participação que contarão como horas de atividades complementares. Isso já vale, né? Ou tu tava querendo levar o milhão do BBB?


terça-feira, abril 07, 2009

Série Remember - a caminho dos cinco anos

Em 10 de agosto de 2004, no primeiro ano deste blog, publiquei esta crônica, inspirada numa viagem à Venezuela. Rendeu-me bons comentários. O melhor foi ter sido comparado ao estilo de Charles Bukowski.

Mais um final de semana

Esvazio mais uma garrafa de cerveja enquanto meus amigos conversam sobre seus filhos e suas amantes. A tarde está quente e a transmissão do rádio diz que o meu time está perdendo novamente. Amanhã será domingo e com certeza amanhecerei de ressaca.

Não sei se é pior a resultante da bebida ou a proveniente do convívio com as pessoas que geralmente se misturam nos finais de semana à fumaça do cigarro da casa de bilhar onde me divirto bebendo, fumando e apostando nos cavalos.

Gosto de cavalos. Eles pelo menos algumas vezes me trazem lucro. Quando ganho uma aposta, tomo rum. Se a tarde é boa, arrisco um trago de uísque e compro um pouco de carinho. Tudo para esquecer que logo será segunda e o meu maldito trabalho estará lá, a minha espera, como uma onça espreita a presa.

segunda-feira, abril 06, 2009

Hoje em dia erros acontecem, inclusive na Rede Record




O programa Hoje em Dia, da Rede Record, veiculou na manhã desta segunda (6) a matéria relacionada à seletiva local do Beleza na Favela. Belas imagens, alta produção, panorâmica feitas do céu. De repente, no meio do off da repórter, me sai um “Rio Branco” referindo-se à capital Boa Vista.


Tudo bem que do lado direito do nosso rio Branco foi fundada Boa Vista, que há muitos e muitos anos era Boa Vista do Rio Branco, mas o Acre fica bem distante daqui e os caras de lá também não gostam de ver o nome da capital deles trocado.

Aí, quando abriu para o trecho da matéria feito numa maloca do município, apareceu o letter “Boa Vista (RO)”, trocando o RR de Roraima pelo RO de Rondônia. Tudo bem que tudo é Amazônia, mas um mapinha pendurado na redação ou uma consulta ao Google não faz mal a ninguém.

Então, vai aí: Boa Vista é capital de Roraima (RR), como bem lembrou o pessoal do estúdio.

Ah, a escolhida foi a adolescente Rayssa, de apenas 14 anos e segunda participação no programa. Eu torcia pela garota com traços mais indígenas. Seria mais exótica, mais regional que a branquelinha do bairro (ou comunidade)Aparecida.


De todo jeito, o lance agora é torcer pela Rayssa e esperar que se dê bem.

sábado, abril 04, 2009

Vamos fechando, vamos fechando...



Fazemos agora a leitura das crônicas. Fabio aponta onde podemos melhorar e nos preparamos para ir embora. À noite tem tambaqui assado para alguns da turma e palestra sobre dança para outras pessoas. Valeu, bom final de semana e até outra postagem
Macondo na Linha do Equador

(Texto-exercício para a Oficina do Rumos Itaú Cultural, publicado originalmente aqui)

Abril é sempre calorento, mas desde ontem chove um pouco na cidade. Quer dizer, chove intensamente por alguns minutos e aí o sol ressurge para lembrar que estamos no meio do planeta, próximos à Linha do Equador e não temos direito a dia frios. Quando muito, uma vez por bimestre no verão, a dias amenos.


Fim de tarde fotografado por Marcelo Seixas

Março foi bravo. Secou tanto no lavrado que em alguns dias era difícil até respirar. De um trabalho para outro saía correndo para entrar na sala e aproveitar ao máximo os condicionadores de ar no máximo.

Alguns amigos não têm essa sorte e ficam o dia todo pegando o sol que queima o lavrado. Amigos e parentes. Meu pai é um deles. Neste ano, meio pela crise, meio pela vontade de trabalhar um pouco mais afastado, garantiu um trampo na Venezuela. Lá, apesar de muito quente em algumas regiões, sempre venta mais que aqui no começo da manhã e no final da tarde. Dá até para colocar as mãos nos bolsos das calças e pensar em usar jaquetas.

Aqui não. Aqui é uma Macondo sem estação de trem, sem uma família de Buendías, mas com aquela loucura das pessoas e a simplória divisão do tempo em dois blocos: calor e chuva, chuva e calor.

O bom de ter um verão tão definido é que sabemos quando poderemos assistir a shows e atividades culturas feitas ao ar livre. A menos que entre uma grande fria pelo Atlântico, não há risco nenhum de cancelamento. Mas, por garantia, é bom não contar com a certeza climática quando se vive em Macondo, quer dizer, em Boa Vista.

Quarta fase do Rumos Cultural em Boa Vista



Fabio Malini acaba de dar uma aula sobre blogs e a história e repercussão dos mesmos na comunicação. Depois falo mais disso. Agora o lance é produzir uma crônica sobre Boa Vista e eu ando a zero imaginação.
Histórias de nomes de jornalistas

Quer saber de onde surgiram os nomes de alguns profissionais e estudantes de jornalismo de Roraima? Clica aqui para saber. Tem a história do Tana Halu, do Nei Costa, Cyneida Correira, Adriana Cruz, Eliane Rocha e de um outro tanto de gente que eu não conhecia.

E aproveita para conferir a última atualização, em muitas e longas semanas, do blog do Nei, outro participante da oficina do Malini, esse carinha de 32 anos aí da foto:




Lá no fundão, este cronista escuta com atenção a fala do Dr. Malini

As demais fotos da oficina estão disponíveis no Flick.

Antes que me esqueça


Que mulher inteligente, hábil no trabalho e BONITA (em caixa alta mesmo) é a jornalista Eliane Brum.

A história de meu nome


(Exercício para a oficina do Fábio Malini, publicado originalmente aqui)


- Nome?

- Edgar

- Nome completo, por favor?

- Edgar Jesus Figueira Borges.

- Dos nomes, algum é herança de um antepassado, amigo dos pais, ator de novela?

- O Edgar é de meu avô materno. O Jesus veio direto de meu pai, Sebastião Jesus.

- Legal…

- Na verdade, o nome era para ser Edgar Borges Ferreira Neto, mas na Venezuela não aceitaram.

Fotinha de passaporte


- Como?

- Deveria ter sido registrado com o nome de meu avô materno, mas como nasci na Venezuela - os meus pais são brasileiros, antes que você pergunte - as leis da época não deixaram e tal.

- Que chato.

- Nada. Juntou o Edgar Borges de meu avô com o Jesus Figueira de meu pai. Ficou quase igualzinho.

- E que nome profissional você usa?

- Edgar Borges.

- Ou seja, deu no mesmo, né?

- Então…mas lá na Veneca o costume é te chamar pelo sobrenome do pai. Isso significa que até os meus quase 15 anos fui Edgar Figueira.

- Isso não te dá uma crise de identidade?

- Nada. É uma história legal de se contar. Imagina meu filho explicando de onde saiu o Bisneto dele.

- Como?

- Meu filho…

- Sim…

- Edgar Borges Ferreira Bisneto. Fiz até um blog, que não alimento mais, para ele.

- Cara, você gosta de teu avô, heim?

- Gosto, o velho é gente boníssima.

- Ok, então. Pode sair. Próximo!

- Peraí. Sabia que ainda tem o meu tio, que é o Edgar Filho, e um jornalista, como eu, que é da Venezuela, é escritor premiado e tal, que também se chama Edgar Borges?

- Sério?

- Sério, vai no Google que tu acha.

Segundo dia de oficinas do Itaú Cultural

Começa agora a oficina Blogs, Estilos Textuais e a Construção da Reputação em Rede, com Fabio Malini. No momento, Claudiney Ferreira fala dos editais, das premiações para os estudantes (publicação em revista, viagens etc.) sobre ouvir, sobre os blogs do Rumos e do Fábio para o Rumos.

Luiz Valério está "twitando" e blogando também caso você queira dar uma olhada em outras informações.

Outras infos de Boa Vista:

Chove desde ontem. Quer dizer, chove e para. A cidade está muito agradável, mesmo com o sol forte de sempre.

sexta-feira, abril 03, 2009

Quem sou eu

(Segundo texto-exercício para a oficina de jornalismo cultural do Itaú Rumos)


Sei lá quem sou eu. Eu sei o que faço, do que gosto, o que quero. Sei que hoje gosto de coisas, pessoas e até comidas que ontem não gostava. Sei que sou jornalista (à época do vestibular ainda não havia cursos de filosofia nem psicologia em Roraima) e sociólogo de graduação, assessor pela remuneração e professor por diversão e talvez um pouco de brilho no ego.

Gosto de ler, apesar de cada vez fazê-lo menos quando o meio é o livro em papel. Sou pai de um lindo indiozinho de um ano e três meses, tenho livros de poesia e prosa no prelo. Sou escritor no ciberespaço. Sou chato para alguns, divertido para outros. Melancólico também. Sou materialista, apesar de não gostar disso. Sou controlado, extremamente controlado nos meus impulsos. Tenho um pouco de medo de dar vazão a eles. Sofre da síndrome de ser de nenhum lugar (culpa de ter vivido anos na Venezuela e o outro tanto no Brasil), de querer o que não tenho e me cansar do que sou e tenho.

Sei lá quem eu sou. Acho que vou me procurar no Google, como sempre recomenda a minha amiga Cyneida.

A busca do singular

(Texto-exercício produzido para a oficina de jornalismo cultural do projeto Rumos)


Sexta chuvosa, 3 de março de 2009. Mais de 20 alunos de jornalismo e profissionais graduados deixaram suas casas e trabalhos para participar de uma palestra sobre jornalismo cultural com Eliane Brum. No bloco 3 da Universidade Federal de Roraima, todos aguardam o começo da atividade, prevista para as 9h30.

Eliane chega em um carro da Universidade, entra na sala de informática e aguarda o fim dos preparativos. Conversa com alguns blogueiros que haviam visitado o blog do projeto Rumos, iniciativa do Instituto Itaú Cultural e responsável pela sua segunda visita conhecida a Roraima.

Gripada (“Peguei um vírus em algum lugar do Norte”, conta), a jornalista começa sua palestra falando do personagem Tião Nicomedes, ex-morador de rua que virou escritor de livros e peças de teatro. Eliane tem a fala mansa, é magra, com aquilo que alguns chamariam de aspecto suave. Impossível imaginar que é a mesma pessoa que despertou a ira da sociedade local em 2001, quando publicou uma matéria para a revista Época abordando algumas singularidades de Roraima, como danças de forró na Praça das Águas e o preconceito contra os indígenas (Ok, é verdade, o preconceito não é tão específico do Estado).

Eliane trata da busca do personagem singular e recomenda: para que o encontremos, precisamos olhar primeiro para nós, buscar conhecermos. Parece fácil, mas quem disse que olhar para si é tão fácil como olhar para o outro?

quarta-feira, abril 01, 2009

Vai pensando que é só ir passando


Se para baixo todo santo ajuda, então para cima o lance é direto com Deus, Alá, Buda, Vishnu etc.


Contudo, porém, entretanto, quando até o caminho para o espaço celeste está bloqueado para acesso direto e ninguém sabe dizer quando o sinal vai abrir, o que se faz?

No mínimo, vai pedir perdão pelos teus pecados, pela conta não paga no bar de Seu Pedro, pela mulher/marido de teu/tua amigo(a) que você pegou enquanto ele (a) estava dormindo, pelo serviço que tu contratou e nunca pagou, pelo aumento que se prometeu e nunca se deu, pela mentira que homens e mulheres contam.

Ou então avança logo o sinal.

terça-feira, março 31, 2009

Quais rumos você quer tomar?

A Universidade Federal de Roraima (UFRR) e o instituto Itaú Cultural realizam nesta sexta e sábado o lançamento dos editais Rumos 2009, com palestras sobre Dança Contemporânea e Oficinas de Jornalismo Cultural. Os editais deste ano estão focados nas áreas de expressões da Arte Cibernética, Cinema e Vídeo, Dança e Jornalismo Cultural.


Conforme a programação, haverá oficinas e palestras gratuitas. Bom para o Itaú Cultural, bom para nós, que temos a chance de ver novos rumos no jornalismo local. O resultado depois você pode conferir no blog dos caras.

Atividades

Oficinas de Jornalismo
Campus Paricarana
Laboratório de Informática do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT), sala 312, Bloco III / Tel (95) 3621-3106.

Dia 3 de abril - sexta-feira

Das 9h30h às 12h30 e das 14h às 18h - (40 vagas - de acordo com a ordem de chegada)

Em Busca do Personagem: Um Olhar Singular, com Eliane Brum

Oficina de reportagem em jornalismo cultural, com destaque para a construção de personagens. Aberta a profissionais e estudantes de jornalismo, a atividade tem como foco uma reflexão sobre o que é um olhar singular para o jornalista, que deve ser livre de clichês, do óbvio e do mero exótico. A definição do projeto, a organização da pauta e as técnicas de entrevista são alguns dos tópicos abordados. Os participantes que quiserem produzir um texto terão seu trabalho divulgado no blog do Rumos.

Eliane Brum é jornalista e documentarista, repórter especial da revista Época, com mais de 40 prêmios de reportagem, como Esso, Vladimir Herzog e Sociedade Interamericana de Imprensa. Gaúcha de Ijuí, trabalhou no jornal Zero Hora, de Porto Alegre. O Olho da Rua (2008, Globo) é seu terceiro e mais recente livro. O documentário Uma história severina (2005), do qual é co-diretora e co-roteirista, foi contemplado com mais de 20 prêmios nacionais e internacionais. Seu foco de trabalho são os personagem anônimos.


Dia 4 de abril - sábado



Das 9h30 às 12h30 e das 13h às 18h - (40 vagas - de acordo com a ordem de chegada)

Blogs, Estilos Textuais e a Construção da Reputação em Rede com Fábio Malini
Oficina que aborda o estado geral da blogosfera brasileira, mostrando os diferentes formatos e estilos textuais dos blogs brasileiros - sobretudo as clivagens entre blogs, jornalismo e literatura - que se predominaram durante os últimos 10 anos na rede. A atividade também discute o estado da blogosfera local em cada um dos Estados onde é realizada e, num terceiro momento, propõe exercícios de produção de textos para blogs, técnicas de construção de reputação e relevância em blogs. Por fim, há um debate sobre os principais dilemas da prática blogueira.

Fabio Malini é professor adjunto do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo, pesquisador-associado do Laboratório de Estudos sobre Território e Comunicação e do Laboratório CiberIdea, ambos da UFRJ. É membro da equipe do periódico acadêmico Revista Lugar Comum e do comitê editorial da Revista Global.Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Redes Sociais, Território e Novas Mídias. Vive e trabalha em Vitória (ES). Mantém o blog http://fabiomalini.wordpress.com/


Palestra Processos de Criação em Dança Contemporânea

Campus Paricarana
Auditório do Núcleo de Estudos Comparados da Amazônia e do Caribe (NECAR), Anexo do Bloco I.


Dia 04, abril - sábado


19h

Palestra Processos de Criação na Dança, com Marcelo Evelin
50 vagas (por ordem de chegada)

A palestra abre a discussão sobre processos de pesquisa, partindo do questionamento do corpo como matéria, sujeito, pensamento e ação em dança. Os trabalhos de coreógrafos da atualidade são abordados para tratar da concepção, improvisação, criação e desenvolvimento de material coreográfico e dramaturgia na construção de uma obra de dança contemporânea.

Marcelo Evelin é coreógrafo, diretor e intérprete. Criador residente do Hetveem Theater em Amsterdã, com sua Cia. Demolition Inc., desde 2006 administra o Teatro Municipal João Paulo II, em Teresina (PI), onde fundou e dirige o Centro e Núcleo de Criação do Dirceu.

segunda-feira, março 30, 2009

Taca fogo

Em nome do desenvolvimento, queimemos tudo antes que seja tarde demais para não progredir.
Na cidade, derrubemos todas as árvores que ocultam as fachadas de vidro de nossas lojas.
E esses rios? Para que rios se a água vem pela tubulação? Suja, suja tudo.
As consequências? Bah, quem se importa se poderemos comprar centrais de ar condicionado?
Querem amenizar? Então façam como já se faz: pensem que estão em Paris e plantem palmeiras, palmeiras, palmeiras que não protegem do calor nem dão sombra.


Charge da ComCiência, revista eletrônica de jornalismo científico.

quinta-feira, março 26, 2009

Mais uma dose

Lembro-me como se fosse agora, como se tivesse acontecido no começo desta frase. Era uma da manhã e o bar estava quase vazio. A luz amarela realçava a fumaça dos cigarros e tornava os ocupantes das demais mesas seres desfocados.

Pedi mais uma dose. O dono do boteco disse que estavam fechando. Pedi mais uma dose. Ele repetiu a ladainha:

- Estamos fechando. Já é quarta-feira e até eu tenho que acordar cedo.

E eu perguntei alguma coisa sobre a vida dele? Ele por acaso não tinha percebido que um homem bebendo até de madrugada no meio da semana só possui três opções de vida: estar desempregado e depressivo, ser um bebum assumido (com ou sem grana) ou então sofrer do mal do amor não correspondido?

- Mais uma dose, por faaavoor, repeti, enfatizando bem a última palavra da frase.

De cara feia, o dono do bar não trouxe a dose e sim a conta. E eu pedi a conta? Se por acaso eu tivesse preocupado em pagar estaria pedindo mais uma?

Depois disso, só lembro de ver o seu João, 55 anos, havia 20 à frente de seu boteco, estirado no chão. Igualzinho às cenas de cinema, o sangue escorria de sua cabeça partida por mim com a cadeira de ferro que ele insistia em não trocar por outra mais confortável. Depois veio a polícia, a fuga, a prisão, a condicional, um novo amor, uma nova decepção e mais uma dose.

Lembro-me como se fosse agora...

terça-feira, março 24, 2009

Rotina


Um dia, acordou cansado da vida que levava. Decidiu não tomar o café de sempre, na cadeira de sua casa de sempre e foi comer na pastelaria duas esquinas à frente. Encontrou lá a que seria o seu feliz amor se acaso ela soubesse que o destino os havia definido como amantes eternos.

Ela não sabia e não se preocupou em saber. Estava demais ocupada rindo com o seu amor concreto e presente.

Nessa manhã, e em muitas outras até o último de seus dias, ele continuou cansado da vida que levava.