quarta-feira, abril 04, 2007

Céu perigoso em Roraima: três aviões caem

Três aviões tucanos da Força Aérea caíram em Boa Vista nesta tarde de quarta-feira (4). Um deles caiu no meu bairro, o Paraviana, depois de bater numa torre de telefonia celular. Morreu uma pessoa. Outro caiu ao sul da cidade, perto do matadouro. O terceiro foi apenas um pouso forçado perto da BR 174, ao norte de Boa Vista.
Talvez a chuva fortíssima que caiu na cidade tenha alguma culpa. Choveu por cerca de duas horas, a tal ponto que as ruas alagaram e o nível dos igarapés que cortam os bairros subiu muito.

Abaixo, a matéria do repórter Luciano Torres, publicada no site Fonte Brasil:

"Por volta das 13h30 de hoje um Super Tucano A-29 da Aeronáutica caiu na rua Abacateiro, na Praça do bairro Paraviana. O acidente ocorreu após o avião ter colidido com uma torre de telefonia celular. Os dois pilotos da Base Aérea de Roraima que estavam no avião morreram na queda. Conforme testemunhas, o avião permaneceu por cerca de 30 minutos sobrevoando a parte leste de Boa Vista sem poder pousar no Aeroporto devido a forte chuva que encobria o céu. A causa da queda não foi divulgada pela Aeronáutica, mas suspeita-se que os pilotos tenham tentado realizar um pouso de emergência quando colidiram com a torre. Antes da queda os pilotos ejetaram os assentos, mas não sobreviveram por estarem muito próximos do chão. Os corpos foram encontrados em um terreno baldio a cerca de 30 metros da praça onde o avião caiu."




Olha aqui as fotos do Luciano




A torre do Paraviana, com os ferros soltos depois da colisão:








Os agentes de trânsito no local







Outras informações podem ser encontradas nos sites do jornal Folha de Boa Vista e no site Jornal do Rádio.




Up Date: O portal G1 entrou com uma info nova: seriam quatro e não três os aviões caídos.

terça-feira, abril 03, 2007

Histórias de amor e sexo ou sexo e amor



1.Alfredo está agitado, nervoso. Aos seus pais, conta que são as provas que o tem assim. Coitado, anda uma pilha, diz a sua mãe. Alfredo, na verdade, está apaixonado. Não por uma, mas por duas meninas. Uma é da escola, faz a oitava série junto com ele, senta na cadeira em frente, tem um cabelo liso negro lindo, olhos esverdeados e um pouco fechados, parece uma japonesa. Além disso, para ele, é a dona do sorriso mais bonito da cidade.
A outra é a irmã de seu melhor amigo. Alfredo adora ir visitá-lo. Da varanda, entre os vidros da janela, consegue vê-la às vezes dançando na frente do espelho, apenas de calcinha e sutiã. A menina, mais velha que ele, gosta de passear pela casa vestida apenas com uma camiseta. Ah, como Alfredo gosta quando ela se abaixa para pegar algo e ele está por perto.
Alfredo, coitado, só encontra paz quando fica algum tempo sozinho no banheiro ou quando vai se deitar.

2.
André diz não saber o que fazer para ficar em paz. A Paulinha agora quer namorar, já pensou, pergunta a cada novo encontro. Qual o problema se ela é linda, simpática e o deseja? Ora, é justamente esse o problema, quase grita o impaciente André. Eu não quero nada sério, foi ela que me procurou, passou a cantada, insiste nos encontros e agora vem com essa. E aí, o que você pretende fazer, perguntam seus amigos. Por enquanto nada. Eu não quero namorar ninguém agora, só me falta gritar isso na cara dela, mas também não resisto a uma mulher linda, simpática e que me deseja.

3.
Sim, eu sei que parece bobagem, mas que custava, pergunta a quase deprimida Ana Lúcia. Se era para tanto eu não sei, mas, poxa, as pessoas deviam pelo menos argumentar de maneira menos agressiva, continua. E o que houve, que coisa tão horrível aconteceu? Aconteceu que ando toda estressada com os meus dois empregos, a faculdade e o cursinho para o concurso. Por tudo isso não temos muito tempo para namorar e outras coisinhas mais. E quando eu peço para ele me acompanhar da entrada do prédio até minha sala, sabe o que ele me responde: para quê vou entrar se daqui a pouco vou ter que sair? E ainda por cima eu quis um beijo de língua e ele me deu uma bitoca, como se fosse meu namorado há tanto tempo que tivéssemos criado laços fraternos. Onde já se viu isso, preguiça de caminhar 15 metros e ainda por cima preguiça de beijar?

segunda-feira, março 26, 2007

Conversando sobre livros



Bruno Garmatz, um amigo fotojornalista aqui de Roraima, lançou dia desses um livro bem bacana, quase um filho. “Conversando com Guillermo” trata das andanças e aventuras do costarriquense Guillermo Alfaro Garbanzo, hoje com oitenta e dois anos, morando atualmente na Casa do Vovô, um abrigo do governo de Roraima para pessoas da terceira idade.



Guillermo, na década de quarenta, depois de uma desilusão amorosa, resolveu aventurar-se mundo afora, sem rumo definido, apenas com o propósito de conhecer e viver novos lugares e culturas. Perambulou durante quase trinta anos e um dia parou em Roraima, de onde nunca mais saiu.



Durante suas andanças, Guillermo conheceu lugares históricos, pessoas importantes, culturas interessantes e enfrentou muitas dificuldades, mas isso nunca o assustou o suficiente para fazê-lo voltar para casa. Seu espírito aventureiro falava mais alto e assim percorreu quase cento e cinqüenta países.


No livro, escrito como uma grande entrevista, com muitas notas de rodapé para contextualizar os temas, Guillermo, com uma visão crítica, política e social, relata as suas andanças, principalmente pelos países da América do Sul.


O livro, impresso na Editora Comunicare de Curitiba, é ilustrado com 99 imagens, contendo documentos pessoais, fotos e mapas ao longo de suas 262 páginas. Há muitas fotos de Roraima também, incluindo algumas onde este cronista aparece. Costumo dizer ao Bruno que essas são as melhores páginas do livro, hehehe.

Se lhe interessou, contate por aqui o autor e compre 10 livros ou indique ou indique uma livraria para ele colocar os exemplares à venda. Seja um mecenas.

Se você quiser ver fotos de autoria de Bruno, acesse o flog do cara.

quinta-feira, março 22, 2007

Nero e o YouTube

No fim de uma acalorada discussão sobre a história e as conquistas da engenharia romana, surge a dúvida: Nero tacou ou não fogo em Roma? Reacendido o debate, com pesquisas aparecendo no Google e na Wikipedia dando as diferentes versões sobre o caso, vem a frase lapidar:
- Seguinte, tu tava la?
- Claro que não.
- Tu viu alguém tacando fogo na cidade? Tu viu Nero lá, doidão, jogando as tochas nas casas?
- Óbvio que não, né, ô coisa.
- Tu viu alguém filmando e colocando o vídeo no YouTube? Tu conseguiu baixar esse vídeo?
- Não...
- Então como é que tu quer jogar a culpa no coitado do Nero?..


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Falando em YouTube e filmes, Alex Pizano produziu o primeiro curta-metragem de Boa Vista. Com o título Dívida Sangrenta, o curta apresenta a disputa de uns mafiosos venezuelanos e guianenses pelo domínio do tráfico de cocaína na cidade.

Para os curisosos, o trailer do filme pode ser encontrado aqui.

Uma reportagem da TV Globo local pode ser vista aqui.

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Dúvida 1: Como é que posta para a janela do vídeo aparecer direto no blog?
Dúvida 2: Desde a mudança para o "new blogger" só consigo vizualizar os comentários indo no site do haloscan. Caso você, querido (a) leitor (a), esteja vendo ou tenha passado por um problema semelhante, passe um e-mail ou me diga pelo sistema de comentários como acabar com esse perrengue.

segunda-feira, março 19, 2007

Discussões de amor


No final da briga, quase certo de que aquele era o fim do relacionamento, ele não resistiu e tentou fazer um último e desesperado apelo para não ser abandonado:

- Meu amor, você quer mesmo me deixar?
- Quero! Sai da minha vida!
- Meu amor, que poderá te fazer feliz e te entender como eu? Eu, que conheço como a palma de minha mão cada estria e celulite de teu corpo?

(Deixo aí o espaço dos comentários para que cada um escreva o final da história: vocês acham que isso é apelo que se faça?)

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19 de março, dia de São José. Reza a tradição católica, herança da colonização nordestina no Estado de Roraima, que neste dia sempre chove. E se chover, é sinal de que o inverno será generoso com os agricultores. Neste ano, quase não acontece, mas choveu às 17h30 em Boa Vista. E assim sempre foi nos anos anteriores, dando ao povo o mesmo crédito que se dá aos serviços de meteorologia.

quinta-feira, março 15, 2007

História de felicidade



O seu coração solitário começava a ficar alegre. Finalmente a mulher amada estava chegando de sua longa viagem. A sua face, eterno nevoeiro que cobre a serra ao amanhecer, parecia agora o sol do meio-dia.

Adeus, tempo de tristeza. Adeus, noites mal dormidas. Até mais ver, amores substitutos, meios amores. Olhava para o céu com ansiedade, esperando vislumbrar no horizonte o avião que traria sua amada. Sorriso aberto, até a postura corporal mudara. Andava ereto, feliz, completo. "Completo, é isso mesmo. É assim que me sinto", contou-me. "Dizem que quem espera, sempre cansa. No meu caso, de tanto quase ficar cansado, alcancei", reforçou. Assim, mudado, realizado, saiu caminhando pelo meio da praça.

terça-feira, março 13, 2007

Eita, consegui...


Conexões ruins ou bloqueadas no trampo e a falta de conexão na casa fazem deste blogueiro um postador vagabundo, sem responsabilidade aparente com a atualização do blog.

As idéias para os textos se acumulam na cabeça. O problema é que não anoto nenhuma e daqui a pouco somem, feito fumaça. Falando em fumaça, sábado vai rolar um festival de reggae em Boa Vista, com participação da banda Guybras, que tem no vocal o negão mais simpático da cidade, Mike Guybras, também organizador do evento. Além dele, haverá apresentações de bandas da Guiana e outras locais. Fumaça? Que associação mais preconceituosa é essa? Associação me lembra o show de rock de sábado passado, na Associação de Moradores do bairro 13 de Setembro, com as bandas Yekuana, Espírito Juvenil e outras.

A mais esperada por mim e pela Zanny foi a que não apareceu: a 24 da Vovó, uma novata, criado por uns garotos do próprio bairro. Não que eu conheça o estilo, mas 24 da Vovó é um nome e tanto. Parecido com uma que está sendo formada por uns moleques do Jóquei Clube: Jeniffer chegou de Fortaleza...
Bá. Já divaguei muito e não postei nada. Vamos ver se o blogger finalmente carregou as fotos que tento há duas semanas postar.






Parque anauá, com o lago ao fundo, no meio do inverno,
balsa que leva os fiéis no dia de São Pedro, durante procissão aquática.


Amanhacer na BR 174, em direção à Venezuela.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Imagens das férias de carnaval.

O monstro do Lago Ness, na versão o índio do laguinho dos rápidos de Kamoiran


Salto La Llovizna, parque homônimo, na cidade venezuelana de Puerto Ordaz, a uns 600 do Brasil.

Visão da estrada da Gran Sabana. Ao fundo, o monte Roraima, ou o Kukenan, perto da tríplice fronteira Brasil-Venezuela-Guiana.


Curvas e morros da estrada da Gran Sabana, a 1.440 metros de altitude, Venezuela.





quinta-feira, fevereiro 15, 2007



Pegando a estrada

Desde 1999 estive sempre presente, a trabalho, em todos os carnavais de Boa Vista. Com conhecimento de causa posso afirmar que cada ano a organização da festa melhora, mas os desfiles sempre oscilam entre o tosco, o horrível e o ridículo.
Por mais que haja grandes repasses de verbas públicas (este ano a Prefeitura e o Governo repassaram R$ 350 mil a quatro escolas) para garantir a entrada das escolas de samba no corredor do samba, o que se apresenta é pífio, sem graça e sem beleza. Fantasias horríveis, sambistas desafinados e sem alegria no rosto, mulheres feias, homens mais feios ainda. Assistir a um desfile de samba em Boa Vista é verdadeiramente uma experiência horripilante sem igual.
Também não há como evitar a risada lendo, vendo ou assistindo reportagens com os presidentes das escolas reclamando todo ano do suposto atraso na liberação dos recursos e dizendo ser esta a razão de não apresentarem um espetáculo bonito. Os presidentes dão todo tipo de desculpas para justificar a falta de ações concretas para fazer um carnaval decente. É tudo culpa da falta de infra-estrutura, dizem. E o público, todo ano, apenas se pergunta: o que fazem com tanto tempo livre e com o dinheiro do repasse que não aparece um bom desfile?
No quesito organização, as escolas de samba perdem feio para as associações folclóricas que se apresentam nos arraiais organizados pelo poder público no meio do ano. As quadrilhas juninas levam beleza, animação, empolgação e garra ao público local e conquistam prêmios em outros estados. É impossível ficar impassível diante das quadrilhas. Se não fosse aquele maldito grito "anarriê!" a toda hora eu até gostaria mais delas.

É por isso que este carnaval, se tudo der certo, vou encarar a estrada e me entocar na Venezuela, curtindo um carnaval regado com rum e a batida dos tambores dos descendentes dos negros antilhanos.


Rumo à terra do Chávez






Feito um aventureiro



quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Depois de mais um tempo sumido, superei a falta de assunto de um dia com a preguiça de outro com post da campanha da BR-Linux para dar uma força à Wikipedia, que anda com as pernas bambas. Quem quiser, também pode participar.



Ajude a manter a Wikipédia no ar - mesmo sem colocar a mão no bolso!
O BR-Linux.org lançou uma campanha para ajudar a Wikimedia Foundation a manter a Wikipédia no ar. Se você puder doar diretamente, é sempre a melhor opção. Mas se não puder, veja as regras da promoção do BR-Linux e ajude a divulgar - quanto mais divulgação, maior será a doação do BR-Linux, e você ainda concorre a um pen drive!


terça-feira, fevereiro 06, 2007

Pontos, vírgulas e declarações

Pensamentos desconexos. Preguiça. Cansaço. Um teclado empoeirado. Cadernos rasgados escondem textos de amor e contas a pagar. 3 de fevereiro de 1991. Dominar a língua é mais difícil que conhecer tua língua. Chegada ao Brasil. Nova vida, novas obrigações. Rock and road. Hablame de ti. Estradas de barro, rodovias de asfalto. Acidentes, previsões, queima de fogos na beira do mar. 16 anos. Muito tempo. Mais vida que a de uma estudante aprovada no vestibular de medicina. São Paulo, São João da Baliza. Alto alegre é o oposto de baixinho desanimado. Fernando Pessoa, Zeca Baleiro, The Same People e Neruda. Mortes familiares. Um, dois, três, quatro, trocentos ódios e amores e desafetos e amigos afastados. Verão infernal. Invernos torrenciais. Alagações, desabrigados e as manchetes com os clichês de sempre.

Pensamentos ainda desconexos. Sesc. úsica. Versos. Fotografias. Índios e reservas. Xenofobia. Corrupção. Insetos. Gafanhotos nos campos, verdes dólares nos campos. Assunção ou queda. Soul, bossa, praia e folhas de coca do Peru. José Maria Emazabel, Eduardo Oxford, Vitória Mota Cruz, Gonçalves Dias, UFRR, IBPEX. Crônicas diárias, árduas, paridas.

Malocas, histórias, igarapés, cantos. Serras e lavrados. Chaparros são caimbés, negritas são neguinhas, catiras são loiras, cerveza es la Polar. Salsa brava, salsa erótica. Movimento estudantil. Bocas. Beijos. Mãos. Corpos. Olá. Adeus. A Deus e ao homem. Cursos. Discursos. Ah, Fidel! Pampeiros. Dureza. Blogs. Correios.

25 de maio. 26 de dezembro. Afilhadas. Cumadis. Damorida. Vinho de buriti. Açaí. Roraimeira. Guaraná no Maryvaldo. Roubos. Reencontros. Recomeços. Praça da República, Plaza Central, Praça Ayrton Senna. Rock in the jungle, mister. Avenida Beira-mar. Férias na Ilha. Cuzco. À deriva no Amazonas. Pela via das dúvidas encontram-se certezas. Trilhas no mato, aventuras urbanas, descobertas amorais. Concursos, sorteios e algumas premiações.

E se tudo isso não passasse de um sonho que nunca existiu, fugaz como tudo o que se faz à noite, sem destino certo ou hora de partida? E se tudo não fosse separado por pontos ou por uma vírgula mal colocada? E se em vez de uma interrogação houvesse um sinônimo afirmativo, prepotente, vaidoso e, quem sabe, paciente de um psiquiatra, embebedando-se de prozac e outras sete maravilhas artificiais? Dá-lhe então uma noite perdida, sem endereço certo para reclamar as conseqüências. Bá! Que se f*#%$ as conseqüências e os inconseqüentes. Quem deve que pague e quem não puder que se esconda, assim gritou o sábio naquele boteco imundo à beira do rio antes da batida policial. E nada mais se leu naquele espaço no tal dia atípico, quente e pós-carnavalesco.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Conseqüências cirúrgicas

Pode acontecer de um dia surgir a necessidade de fazer uma cirurgia bucal. Algo simples, de fácil recuperação. Mas sabe como é, cirurgias sempre trazem conseqüências, têm aquele prazo de recuperação até o corpo esquecer-se do procedimento invasivo.

Primeiro vem o corte do bisturi, depois os pontos, fechando com o inchaço e o hematoma. Um espetáculo. É algo mais ou menos assim: você entra bonitinho no consultório e quando chega em casa parece uma versão pop do chupa-cabra.

No outro dia, a boca inchada não deixa você falar ou comer direito. Eis então que o verdadeiro problema surge. Já pensou se justo para aquela manhã estava prevista a apresentação do projeto de inovação científica que certamente seria aprovado pelos seus chefes e os investidores, resultando em aumento considerável de seu salário e talvez uma participação como sócio da empresa?

Pior: depois de chegar em casa, querendo repousar um pouco, a sua namorada liga e quer discutir a relação. Você tenta murmurar que aquela não é uma boa hora, que a cirurgia te deixou meio baqueado, mas ela está intransigente. Quer discutir agora os pontos do namoro, diz que você não lhe dá mais atenção, que prefere ficar em silêncio a dialogar, ameaça terminar tudo se você não detalhar como vai ser o novo você no namoro. E você, desesperado e exasperado, articula frases guturais, tenta garantir a namorada e os pontos estourando....

De repente sua mãe, velhinha e meio cega, chega em casa, trazendo um prato de lasanha. O microondas não está funcionando e o gás acabou, por isso o almoço vai rola frio. A massa dura talvez machuque a boca, mas como articular essas frases no ouvido da mãe, se ela também está um pouco surda? O jeito é gesticular, afastar o prato, negar-se a comer.
Mas para que isso, pergunta mamãe, acusando-te de ser um filho desnaturado, mal-agradecido, desses que não dão valor a uma boa lasanha feita com carinho. Mas se fosse daquela tua namorada, aposto que comias, arremata a magoada velhinha.

Forçado pelas circunstâncias, você engole uns pedacinhos da comida, deixa a mamãe feliz e vai escovar os dentes. Hum...escovar os dentes sugere abrir a boca, passar a escova pelos dentes, língua, palato... mas e se bater no machucado, como vai ser? Será que é melhor ficar com o bafão, evitar o risco da pancadinha ou fazer a limpeza, como os bons costumes da casa orientam? Optas pelas limpeza, a porcaria da escova bate nos pontos, a boca incha e você, que já não estava bonito, parece ter saído de uma briga de rua com 10 pessoas. Apanhou muito, é claro, mas precisava ver como os caras ficaram.

Ficaram rindo de ti, né, do mesmo jeito que teus amigos do trabalho quando você ligou e disse que não poderia ir, pois precisava repousar. Um desses mais engraçadinhos ainda perguntou se era operação de fimose ou tinha alguma coisa a ver com exames de toque. E o pior é que nem à merda você pôde mandar, já que a palavra exige uma abertura maior da boca e não é bom correr riscos com os pontos. Mas deixa o inchaço diminuir para todo mundo saber com quantos bisturis se faz uma operação.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Conversando


Daí a menina liga para o trabalho do namorado e diz:

- Ai, amor, estou tão cansada...
- Meu amor, se é por falta de dica, eu te ajudo: vai dormir, pô!

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Da série "Usei teu texto sim, e daí?", um pouco de Avery Veríssimo, que deixou Belizonte e está nesta semana em Manaus (AM), a caminho de Roraima.

Totem 2

Numa cantina italiana, oito amigos discutem a vida pós-estouro da bolha da blogosfera. A discussão já dura uma hora e estamos num momento impreciso da cronologia, pois que no virtual esta frase tem a mesma (val)idade que esta e enquanto isso não se sabe mais com quem está a palavra. A mistura de discursos exige uma tomada de providência. Resolvo assumir a parada, embora sem nenhuma intenção de encerrar o assunto.

- Não, não, interrompi. Acho que vivemos algo parecido com a transição da literatura para o cinema e daí para a televisão. Da mesma forma que as pessoas passaram a ler menos com o audiovisual, o hipertexto passou a ser desprezado se se mantém apenas como texto. Os internautas deste século querem ver, ouvir. Viajar em sensações programadas, ser conduzidos pela grade de opções da rede, como telespectadores dos programas de domingo à tarde.

- É, mas isso não é de todo verdade, diz Leãdro Wojak. O cinema, por exemplo, já foi tido como destruidor da literatura, mas não conseguiu fazer isso, e nem era essa sua intenção. Assim como a televisão não destruiu o cinema. As mídias podem conviver umas com as outras, tranqüilamente.

- Sim, mas isso não explica a queda brutal de audiência do meu blog, ri Edgar Borges.

- É que você é um ciberdissidente, gargalha Vandré Fonseca, reconhecendo logo depois a própria condição de publicador bissexto.

- O problema é que a gente não ocupa bem esse território anárquico do ciberespaço. Nós temos que avançar, rapaziada, entrar de sola nas outras formas de sociabilidade, com áudio, vídeo e o escambau, propõe um empolgado Israel Barros.

- Rapaz, não tenho certeza disso. Falta afetividade. Em vários lugares a territorialidade é importante. E não falo só do Acre. Em Guarulhos, não há campanha na TV. A eleição se decide com santinho e cartazete na rua. Ao mesmo tempo, a política é exercida de forma cada vez menos territorial e mais virtual. Portanto acho que é a possibilidade de falar, isso mesmo, simplesmente falar, que vai garantir nossa sobrevivência, atesta um messiânico Maurício Bittencourt.

- Mas isso só aumenta a dispersão, avalia Nei Costa. A internet é um punhado de lixo, muitas vezes reciclado, a maior parte inútil. Garimpar algo bom é tão difícil quanto garimpar mesmo. Por isso é que temos de instigar o povo a assumir os media.

- Falas como um comunicólogo, meu caro. O que todos nesta mesa, de certa forma, são, observo.

- E o corporativismo, onde fica? Não é assim não, qualquer um metendo o bedelho na nossa mais-valia?, grita Rogério Christofoletti, posando de sindicalista radical.

- Ó pá, mas que diabos vocês estão a dizer? Blogue é edição. Blog é edição. Blogging is editing. Mesmo, Avery, que um bandalho como tu, armado em chico esperto na terra da pavórnia, venha a dizer o contrário. E peçamos algo para comer, decreta Luís Ene.

- Só se for agora, atalha Leãdro, ávido por umas saltenhas chilenas das que têm na Vila Madalena. Saltenhas!

- Chico Esperto, como é que é isso?

- É comida italiana, italiana, grita o Vicenzo.

- Então mande mais algumas biras, grita Edgar.

- Você não era assim, diz Nei.

- Ô vida dura.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Sobre o horizonte

Não há obstáculos no horizonte de minha cidade. O pôr-do-sol é alaranjado, vivo, quente. Um espetáculo. Na pressa, muitos ignoram a sua beleza. Quem dirige fica mais preocupado com o carro à sua frente. Quem vai de carona, olha para os lados. Ciclistas estão mais ocupados evitando atropelamentos e outros obstáculos nas ruas. Usuários de ônibus querem chegar rápido aos bairros da zona oeste e tomar um banho para voltar a sair ou então ficar na sala, vendo novelas que tratam de outra realidade.

Não há muitos prédios com mais de quatro andares em minha cidade. A lei não permitia, a cultura popular alegava solo arenoso e impróprio. A lei agora permite. Conjuntos habitacionais e prédios residenciais são o novo horizonte do mercado imobiliário. Até o poder público dará a sua contribuição. O horizonte do cerrado talvez suma.
Não se dá muita importância ao horizonte de minha cidade. Quem chega, estranha a falta de muitos prédios, estranha que haja avenidas largas e arborizadas. Quem já vive aqui há muito tempo se acostumou e não levanta mais a cabeça, prefere óculos e boné para olhar o chão.
No verão, o horizonte sempre tem uma nuvem que sai da terra. Costumes antigos de brancos e índios, falta de educação moderna. Queimadas em nome da lavoura ou da limpeza. O cerrado arde, os animais fogem ou morrem. Os idosos e as crianças reclamam da fumaça. A natureza morre, o horizonte fica manchado.

À noite, quando se chega do norte, Boa Vista é uma imensa linha de luz que surge depois de um pequeno morro. Da BR 174, a pequena capital de Roraima parece abrir-se àquele que se aproxima. Na linha do fim do mundo, abaixo da linha do Equador, mais perto da Guiana e da Venezuela que de qualquer grande cidade brasileira, no meio do lavrado, há um horizonte de dúvidas e esperanças sobre o presente e o futuro.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Estudando lembranças


Estou fazendo um trabalho sobre memória, coletando recordações de idosos sobre o cotidiano de Boa Vista. Nunca fiz nada parecido, nunca havia lido sobre a parte teórica de entrevistar pessoas e conseguir delas relatos sobre como era a sua vida quando jovens.

Tenho que ler Agnes Heller, Éclea Bosi e Michael de Certeau para começar. Já passei pela primeira, estou com Bosi. Gosto do que leio, é instigador, quase poético.

De repente, não sei como, viajo para 1992, volto para 1990, retorno a 1992/93, relembrando cenas aparentemente desconexas, mas que se relacionam e trazem à minha mente meninas das quais gostei quando era um garotinho de 13, 14 anos.

Lembro de um beijo dado com os rostos entre os vidros da janela da sala de aula, lembro que a prima da garota beijada deixou de falar comigo, lembro que era ela quem eu de fato queria beijar; ela o sabia, mas a outra se adiantou...
Uma era loira e outra tinha cabelos negros. Todos estávamos na sétima série. Logo depois fui embora da cidade. No primeiro ano que passei no Brasil, a catira, que é como chamamos na Venezuela as mulheres loiras, morreu atropelada. 

Um ano depois, quando fui visitar minha antiga cidade, fui na casa da morena deixar meus pêsames e ela não foi cortês comigo, pediu que fosse embora se já havia terminado, parece que ainda estava chateada comigo. Qual é o nome dela, meu Deus? Só me lembro que era branca, também faz aniversário no dia 4 de junho, como eu e era prima de um grande colega meu à época. Putz, como é que o cara se chamava mesmo?.. Juan Carlos Gonzales, me relembra uma anotação em um velho caderno.

Lembro de outra menina da sétima série. Lembro que a olhava demoradamente, apesar de lembrar que sempre olhava um monte de garotas demoradamente. Aliás, timidez é uma porcaria. A gente só olha; conversar, que é bom, nada. Quando tentamos, que conversa ridícula costuma sair. Essa menina era morena clara, cabelos claros, irmã de um colega desses que a gente encontra na praça de cidades pequenas para conversar sobre o nada. Qual era o nome deles?

Lembro que nos primeiros anos em que estava morando aqui, me contaram que ela havia sido atropelada. Ela e a menina loira que me beijou pela janela da sala de aula estavam juntas no acidente. Três anos depois de ter vindo morar aqui, nos encontramos na rua da Alcaldia de Guasipati. Ela lembrou do meu nome. Eu, apenas de seu rosto. Trocamos duas palavras e tchau. 

Aliás, sempre fui horrível para guardar nomes. Mesmo o daquelas meninas que me chamaram a atenção quando eu era um moleque que se encantava a cada semana por uma pessoa diferente.

sábado, dezembro 23, 2006

Sobre esse feliz Natal e Próspero Ano Novo


Por muito tempo não gostei das festas natalinas. Essa história de ''feliz ano novo", "tudo de bom para você no ano que chega" e "o novo ano é uma oportunidade de recomeçar" não me empolgava. Acho que fiquei assim quando era um moleque, morador da Venezuela. Um primeiro de janeiro qualquer, depois das festas com muita comida, bebida, risadas e votos de prosperidade, acordei cedo para ir dar uma volta na praça da cidade.

Na minha casa, os restos da alegria: pratos e copos sujos, minha mãe dormindo, o silêncio da ressaca. Nas ruas, trabalhadores de plantão, muitas garrafas de cerveja, casas fechadas e um sol forte. Esse passeio me fez pensar que o mundo não muda apenas pela força de um voto que se repete todo ano de maneira mecânica, que a pobreza de uns continuará a mesma e as dificuldades ou maus hábitos de outros também. O simbolismo do Natal e do ano novo havia morrido naquele momento em mim, à época um guri de 11 ou 12 anos de idade.

A cada virada de ano, a mesma falta de empolgação com as festas tomava conta de mim. Sabe essa história de todo mundo se abraçar e desejar mil coisas boas quando chega a meia-noite? Bá, pura hipocrisia, desculpa para fingir que gostamos uns dos outros, depois que passamos o ano todo brigando e ignorando as necessidades do próximo.

Daí, em 2004, passei o Natal em um ônibus, atravessando o altiplano boliviano, sem nenhum conhecido por perto. Depois de quatro dias viajando de ônibus e trem, cheguei na casa de minha amiga Carla, em Floripa. Na virada do ano, reunido com a família dela, o jantar, as risadas, a queima dos fogos na avenida Beira-mar, o surgimento de uma nova percepção sobre este período do ano.

Onze meses depois, quando a PM matou meu primo, um natal sombrio se aproximava. A família fez força e juntos superamos a tristeza, reforçada por ser dezembro o mês em que o moleque aniversariava. Dessa perda, da dor, veio um ganho: o simbolismo do Natal e do ano novo recobrou sua força. Abraçar meus pais, beijar meus avós, desejar (do fundo do coração) que os meus amigos tenham sempre um ano melhor que o presente, torcer por todos, esse é o grande presente desta época do ano.

Que venham as festas e fique a força para superar desafios e conquistar um outro mundo a cada dia, refletindo sobre como melhorar a nossa conduta e sobre como alcançar os nossos objetivos. Feliz 2007 para todos os que lerem esta crônica, feliz 2007 para todos os que acreditam que podemos sorrir mesmo quando tudo parece perder o sentido, feliz 2007 para quem acredita que o ano novo começa sempre a cada manhã.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Coisas para lembrar do dezembro de 2006

Caos nos aeroportos
15 anos de minha afilhada
fichamentos para a monografia
Exames médicos
Compra do novo som
Calor, muito calor
Poucas postagens no blog
Começo da coluna mundo web no jornal do Nei
Ligeira engordada
II Mostra Canta Roraima
Morte de meu ex-sogro
Viagens ao interior do estado
Enanitos Verdes e Maná no Youtube
Gastos com presentes e lembranças para a família

terça-feira, dezembro 12, 2006

Kd tu?

Ouço nos canais de música da Sky a balada Eyes Whithout a Face e me pergunto: por onde andará Billy Idol?
Converso com amigos sobre clássicos da música pop, sobre trilhas de novelas e lembro do Rick Astley, outro sumido.
Será que os dois viraram produtores musicais, executivos de outros ramos empresariais ou simplesmente engordaram e abriram uma revenda de automóveis ou decidiram criar cavalos?
Do Vanilla Ice, alguém dá notícia? São poucos os estouros do final dos anos 1980 e começo dos 90 que conseguiram chegar na memória coletiva dos anos 2000. Os que chegaram, marcaram o nome da obra e não o seu próprio, como o intérprete de Ghostbusters, tema do filme Os Caça-fantasmas. Ah, você não lembra ou nunca soube? Tranqüilo, eu só sei pela legenda do canal de áudio. É Ray Parker Jr., primo distante do Peter Parker, mais conhecido como Homem-Aranha.
E o Vinicius Cantuária, que outro grande sucesso além de ?Só você? conseguiu emplacar nos últimos anos? ?Meu pensamento voa de encontro ao teu...?.
E você, sente falta de qual artista?

segunda-feira, dezembro 04, 2006


Diários da bicicleta


Então... para aqueles persistentes visitantes, que tantas mensagens deixaram e tantas vezes pensaram no que teria acontecido com este cronista, um fugitivo de suas atribuições blogueiras de escrever e ler com mais regularidade, vai aqui um pouco das aventuras de um índio acima do Equador.

A ultima postagem para valer foi o microconto da porta fechada, postada em primeiro de setembro, há mais de dois meses. Em tópicos, algumas das praias visitadas nestes dias:

- Mudei de emprego e de salário. Agora sou um jornalista a serviço da Universidade Estadual de Roraima.
- Entrei na fase da monografia. Fiz o projeto em duas semanas após o começo do meu ultimo semestre de sociologia na Universidade Federal de Roraima, arranjei o orientador que queria e empaquei na resenha e apresentação de um livro da Agnes Heller.
- Agora viajo quase toda semana para o interior do Estado. Fico surpreso com o que vejo em cada município, tanto para bem como para mal.
- Tirando o Lula, nenhum dos candidatos em que votei na eleição ganhou.
- Participei da comissão julgadora das composições inscritas na II Mostra de Música Canta Roraima, uma realização da Prefeitura de Boa Vista e do Sesc.
- Reaproveitei textos do Crônicas e os publiquei no Overmundo. Também escrevi algumas colaborações para divulgar na agenda do site o que se faz de arte por estas bandas de Boa Vista.
- Me inscrevi no 10º Concurso de Poesia do Sesi e não classifiquei, mas pelo menos fiquei feliz vendo a Zanny recebendo uma premiação na categoria escrita.
- Completamos aqui na oca dos Borges um ano da morte de meu primo (detalhes nos arquivos de novembro de 2005)
- Engordei um pouco...
- Cortei um pouco o cabelo...
- Não vejo há tempos minha afilhada Bia...
- Instalei um som com mp3 no carro e baixei 700 megas de música latina da net...
- Amigos foram embora, outros engravidaram e alguns resolveram entrar no MSN para conversar desde a Venezuela...

Assim, de supetão, é mais ou menos isso. Prometo pelo menos ser um ser semanal.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Ando vivo...

ainda que pareça o contrário.

Trabalhando muito, estudando muito, descansando pouco.

Pronto para voltar.

sexta-feira, setembro 01, 2006

Vingança

De repente, no meio de mais uma confusão, ela disse:

- Ponha-se para fora! Nunca mais quero te ver!


Ele foi, mas levou a chave da porta e trancou por fora.

(E você, o que faria?)

terça-feira, agosto 29, 2006

Ponto e contraponto


A morena Zanny Adairalba participou no final de semana de um evento promovido pela entidade Nós Existimos, que congrega diversos movimentos sociais. Zanny foi convidada para declamar uma poesia, mas a timidez não deixou.
Para suprir a falta de coragem de encarar o palco, convidou o músico George Farias para a leitura do texto.
George foi além e musicou o poema. Mas a morena não estava sabendo disso e tomou um susto ao ouvir a canção, a sua primeira composição mostrada em público.

A letra do poema é esta:

Vôo

Queria ser pássaro
Voar nas alturas
Romper as barreiras
Pousar nos lavrados
Planar sobre os campos
- Aroma de matos!
Subir as colinas
Banhar-me em seus lagos
Meus sonhos e encantos
Deixar na passagem
Ser ponto na imagem
De interrogação

- Que faz esta ave
tão livre no espaço
colhendo os pedaços
de tanta emoção?

- Que faz esta ave
de cor de alegrias
bailando nos dias
de minha canção?


Eu, para não ficar muito sério, dediquei ao seu poema estes singelos versos:

Queria ser menino
solto no campo
alegria no coração.
Queria ser menino
com boa pontaria
e um estilingue na mão.


(Zanny ficou deveras emocionada com a minha homenagem...)

sexta-feira, agosto 25, 2006

textos velhos resgatados do fundo do baú digital, apenas para não fechar a semana na mesma postagem. Este aqui tem pelo menos uns três anos.

Conselhos

Acredite no destino ou na vontade
Dos homens de fé.
Lute e tente ser o melhor
Conquiste mundos, multidões, sucesso.
Viva como um rei, seja divino.
E com tudo isso acontecendo
Lembre-se a cada manhã
Caro amigo ou cruel oponente:
Todo amor acaba
E aquilo que em tudo te atrai
Uma manhã qualquer só te distrai.
Vá à lua ou passe as férias na praia
Beba até cair ou faça campanha contra
As guerras no Oriente Médio.
Execute a sua vontade e esqueça dos outros
Só porque é sempre assim:
Todo amor acaba
E aquilo que em tudo te atrai
Uma manhã qualquer só te distrai.

terça-feira, agosto 22, 2006

Vida na floresta amazônica



Serras ao norte, cerrado no centro e floresta tropical ao sul. Essas são as coberturas vegetais do estado de Roraima. A mais fria das regiões é na fronteira com a Venezuela, acima dos 1.000 metros de altitude, com um clima que varia de 10 0C a 27 0C.

Estas fotos foram batidas durante uma visita com a minha turma de Sociologia à vila de Campos Novos, um assentamento no meio da floresta do município de Iracema, sul de Roraima. A vila foi criada há dez anos e tem cerca de mil habitantes. Fica a uns 140 quilômetros da capital do Estado, Boa Vista.

Foi no meio da mata que os intrépidos alunos-pesquisadores estiveram buscando conhecimento. Essa aqui é uma das trilhas abertas pelos agricultores para chegar até suas propriedades e escoar a produção. Observe o tamanho das árvores.

Sem sucesso, a floresta parece querer resistir ao desmatamento. É surpreendente sair de uma área de mata fechada e surgir no meio de um capinzal, com o sol a pino.

Nas vicinais, sobrevivendo com muito trabalho e sem o conforto da energia elétrica, os agricultores vivem em casas de palha e de madeira.

No inverno, as picadas viram lamaçais e dificultam o escoamento. Em alguns pontos, a lama engole a metade da perna. Noutros, como nesse, parecem uma trilha de rali, pronta para engolir a sandália de desavisados como este cronista.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Ele já está chegando. Vem dia sim, dia não.
Às vezes fica por dois, três dias, some, parece que nunca mais voltará.
De repente, ele amanhece esparramado, à vontade, faz da sua presença uma constante.
Às vezes fica o final de semana inteiro e some na segunda de manhã, mas antes das dez já está de volta, tocando, sentido, visto.
À noite, não deixa ninguém dormir tranqüilo. Fica ali, mexendo, provocando, fazendo suar, suar, suar...
Parece que setembro é o seu mês.
Quando setembro chegar, ele não sairá mais daqui. Talvez tire férias no ano que vem, lá por abril, maio, mas enquanto isso vai trabalhar muito. Até com mais intensidade que neste ano.
Maldito verão amazônico...

terça-feira, agosto 15, 2006

Queda

Tua ver
da

de dói.
Tua men

tira
também.
Foge d

aqui.
Foge
e re

nega
tudo
o
que
um dia te ofereci.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Em tempos de pouca inspiração literária, fotos de Boa Vista

Se bem que postar as fotos demora mais que postar texto....mas tudo bem.

Este é um dos principais monumentos da cidade: a Estátua do Garimpeiro. Fica bem no centro de Boa Vista. Poucas crianças nasceram e cresceram aqui sem bater uma foto com ele ao fundo. Eu tenho várias...

Essa é a fachada do Estádio Flamarion Vasconcelos, inaugurado na década de 70 pelo governo militar. O Canarinho é o palco dos cláááássicos do futebol da terceira divisão local....


E esta é uma mostra do grafitte local.


segunda-feira, agosto 07, 2006

Interatividade


É difícil ser justo


(Complete a frase com versos, manifestos, filosofias ou exemplos)

quarta-feira, agosto 02, 2006

Boa Vista Shows


Fora os botecos de sempre com as mesmas horríveis bandas de forró, há semanas em que não acontece nenhum show em Boa Vista. E então, de repente, tudo explode. Agora, com a proximidade da seca e a diminuição progressiva das chuvas, as bandas e cantores voltam a ocupar espaço na night macuxi.

No final de semana passado, por exemplo, foi realizado o II Roraima Sesc Fest Rock, o maior festival do estilo em Roraima. 23 bandas se apresentaram de sexta a domingo no espaço multicultural do Sesc Centro, várias delas com repertório formado por músicas próprias, muito diferente do ano passado, quando a proposta autoral foi tímida. Bandas de Manaus (AM), a Pink Rock, e da Guiana, a Brutus, também deram o ar de seu rock em BV.

As fotos e o histórico das bandas podem ser conferidos aqui. Comentários e algumas entrevistas com as bandas podem ser conferidos aqui.

Na mesma sexta em que começou o Sesc Fest Rock, o cantor Neuber Uchoa lançou o seu mais novo CD, com o título ?Eu preciso aprender a ser pop?. Daí, como trabalhei até tardão, tive de escolher entre começar a noite no roquenrol ou na batida amazônica do Neuber. Já rolou um desencontro.

E agora, nesta sexta-feira (4), novamente o público vai ter de escolher e alguém vai perder nessa história. Na mesma noite, o Sesc promove um show com Helen Abad, uma professora de música que agora vai encarar os palcos com um repertório de MPB.
No mesmo horário, 21h, os roqueiros da Mr. Jungle fazem um show no teatro Carlos Gomes para lançar o seu single demo. E apenas para confundir mais a cabeça do público, Geraldo Azevedo (yes!) e Guilherme Arantes (arg!) apresentam-se no Iate Clube da cidade. Tudo ao mesmo tempo de agosto.

Na outra semana, a segunda edição do ano do projeto Sonora Brasil em Roraima traz o grupo curitibano Banza, para única apresentação no dia 11 de agosto no Espaço Multicultural Sesc Centro. No dia 13, é a vez dos Titãs tocarem no Iate Clube.

O problema agora é tempo e grana para comprar tanto ingresso.

Up date

Ahã, eu sabia que algo estava faltando. No sábado, a banda Garden comemora dez anos de estrada com um especial de O Rappa. No domingo, a Prefeitura de Boa Vista e o Sesc Roraima lançam o CD do projeto Canta Roraima (postei sobre ele em dezembro do ano passado), com 18 músicas, incluindo cantigas indígenas, rap e outros ritmos.

E onde estarei eu às 8h da manhã de sábado e domingo? Nas aulas da pós, feito um bom índio, até as 20h, pelo menos. Ou seja, nada de descanso para poder ir relaxado aos shows.

Up date 2

Às 20h deste sábado (5) começa a temporada de músicas eruditas do segundo semestre de 2006. Depois de apresentar-se com grande sucesso no 26º Festival de Música de Londrina (PR), a Orquestra de Câmara da Prefeitura de Boa Vista realiza novos concertos no Centro de Informações Turísticas da Intendência, localizado na Orla Taumanan, bem em frente ao rio Branco.

segunda-feira, julho 31, 2006

Prevenção


De repente, no meio do café da manhã, ele perguntou:

- Ei, tu teve um orgasmo ontem, não foi?

Ela ficou estática, chocada com o questionamento, e respondeu:

- Que tipo de pergunta é essa?

Ele, olhando para o seu pedaço de cuzcuz, disse:

- Nada não, é que passou no rádio que hoje é dia do orgasmo. E como tu gosta de ganhar presente por tudo, só quero te avisar que se tu teve um orgasmo ontem, te contenta com ele, que hoje estou cheio de serviço.

terça-feira, julho 25, 2006

Refrão

Quando estava indo embora, ela disse:

- Gostei da noite. Quando quiser me ver de novo, liga neste número.

Ele, encabulado, preso à sua ética pessoal, respondeu, temeroso:

- Até que gostaria, mas você é a namorada de meu melhor amigo. E se perdermos o controle e algo a mais rolar?

Ela o olhou no fundo dos olhos, suspirou e cochichou em seu ouvido:

- Não quero parecer insensível, mas o que os olhos não vêem, o coração não sente. E se um não quiser, dois não se enrolam.

quarta-feira, julho 19, 2006

Lições da vida após a visita da morte


Nunca se perca de quem você gosta.

De vez em quando, ligue para uma pessoa amiga e diga-lhe o quanto gosta dela.

Sorria mais de quem só quer viver sério.

Ame. Ame nem que seja uma ave, mas ame e demonstre.

Viva o dia. E se for o seu perfil, a noite também.

Reúna-se de vez em quando com pessoas queridas e inteligentes. Faz bem à alma e ao cérebro.

Procure entender como é o outro, o desconhecido, e descubra novos matizes da existência.


...............

Agora, também brincando no Overmundo.

segunda-feira, julho 17, 2006

Justificativas de índio

O blog está completamente às traças, com as baratas fazendo a festa e devorando os bits de cada texto. Ando trabalhando muito. Não estou reclamando disso. Pelo contrário, estou na melhor fase profissional da minha relativamente curta vida.

Ando meio sem vontade de escrever. Falta a dose certa de inspiração e gana de transpiração. Ando meio seleção brasileira, na real. Não são problemas pessoas. Aliás, se há algo do que posso me alegrar é da falta de grandes problemas pessoais. Nisso sou bem diferente de todas as pessoas que me rodeiam. Cada uma tem um drama para contar ou resolver. Eu, no máximo, me preocupo (quando lembro) da falta de um tema para a monografia.

Acho que é a saudade da aldeia, de pescar de noite no rio, brigar com jacaré, de ficar na rede quieto para evitar chamar a atenção do Canaimé, de acordar cedo para ir caçar...Ops, peraí, saudosismo não. Também não era tudo isso de bom a vida na maloca.
Bom, talvez seja só preguiça, sem tanta filosofia ou elucubrações. Por isso não escrevi nada no dia 7 de julho, quando o Crônicas da Fronteira completou dois anos de existência, ou no dia 9, quando meu querido município, Boa Vista, chegou ao 116º aniversário.

Para não deixar a poeira tomar conta do blog, resolvi colocar um texto tolo rabiscado no caderno entre as 22h e as zero horas, depois de uma aula de segunda ou quinta-feira.

Visitas? Assim que estiver mais folgado vou retribuir todas. Pode ser hoje ou amanhã. Quem sabe o que a vida nos guarda para daqui a algumas horas?
Beijos índios a todos.




Mão no queixo, silêncio.
A parede branca, mesa bagunçada.
Memórias, papéis velhos.
Maio se esvai, águas chegam.
Como se fala da inquietação?

Fotos, conchas do mar, canetas
Objetos e outras mil coisas se valor.
Notícias velhas, contas de energia.
É muito fácil pintar a inquietação.

Uma mosca, um copo d?água, calor.
Palavras para ler e guardar.
Um caminho sem sinalização de volta.
Uma foto do presente
Como escritores definem inquietação?

Jazz no canal de áudio.
Músicas com gaitas escocesas falam de rosas.
Substantivos, adjetivos, desconstruções gramaticais.
Traduções, induções, possessões.
Para quê tanta inquietação?

quarta-feira, julho 12, 2006

Ocupado.
Volte amanhã.
O dono manda avisar que vai grudar um cartaz de poesia.
Ou quem sabe um bilhete com uma prosa.
A leitura será (espera-se) boa.

segunda-feira, julho 03, 2006

Texto do Sérgio, mais um acertador do bolão do Crônicas da Fronteira, sobre um jogo da copa de 1998, muito semelhante ao de sábado. E com uma pitada de teoria da conspiração.

Porque Voltamos

...E naquela tarde ele já se sentira mal, os amigos ficaram apreensivos, e logo vazou...A equipe adversária soube, e um dos jogadores, que era seu amigo, ligou preocupado pra concentração...Não quiseram dar mais detalhes... "comeu um doce e passou mal..."...Só isso, mas foi o bastante...Era sexta-feira e provavelmente Saulinho não jogaria no domingo.

Exames para lá e repousos pra cá, e no fim, abatido, disse que queria jogar de qualquer maneira...Achava que devia isso ao povo. Foi aconselhado a pensar e só na hora do jogo decidiriam o que fazer. Ferreira estava muito aflito, era como se fosse com seu filho. Os nervos da equipe estavam em frangalhos. Matheus disse que por ele Saulinho não jogaria e caiu sobre os ombros do mais experiente e do jogador a difícil decisão. Jogar ou não jogar?

Faltando uma hora para o jogo, alguém põe um envelope embaixo da porta. Alguém leu e houve uma reunião a portas fechadas. Demorou muito até alguém quebrar o silencio. Então o maioral disse: - Temos que perder o jogo! Todos se perguntaram, e perguntaram aos outros...- Como???.....- Estamos obedecendo ordens!...Foi o que falou o "seu" maioral.

Na entrada do campo uns concordavam, outros não. Chamaram o Saulinho no canto, e lhe disseram algo...Ela acenou com a cabeça...- Que vergonha! ? pensou. Num jogo em que o time estava irreconhecível, nervoso, querendo gritar, o placar foi 3 x 0 para o adversário. Era inacreditável. Eles foram os campeões.

sexta-feira, junho 30, 2006

Meus mundiais


O Sérgio postou dia desses sobre onde e o que estava vivendo nos últimos mundiais de futebol. Desde o post da Luma, tentei me lembrar qual foi a copa que acompanhei com tanta atenção como esta. Resultado: nunca havia assistido a tantos jogos desta competição.
Daí comecei a pensar onde estava na final de cada mundial que rolou desde meu nascimento. A conta ficou assim:

Argentina 1978 - Com certeza, estava dormindo ou no seio de mamãe.
Espanha 1982 ? Não lembro, mas é provável que estivesse brincando com os meus bonequinhos no quintal ou no quarto.
México 1986 ? Estava na quarta série. Fiquei sabendo bem depois que a Argentina era campeã.
Itália 1990 ? Ah, essa final eu lembro. Um gol apenas da Alemanha contra a Argentina. Assisti na casa do meu amigo Gustavo. Alguém falou que final com placar tão magrinho não valia a pena pagar aposta.
EUA 1994 ? Assisti na varanda da casa de meus avós.
França 1998 ? Não lembro. Acho que estava dormindo. Mas depois acompanhei tudo...
Coréia do Sul & Japão 2002 ? Estava dormindo na final. Apenas ouvi os gritos de meus primos e tios na casa ao lado. É ruim de assistir jogo às 7h da madrugada!


E você, lembra onde estava nas últimas finais da copa do mundo?

segunda-feira, junho 26, 2006

E com vocês, Lumita, a grande vencedora do prêmio "Acertei o placar nos jogos do Brasil"!!!!!!
(Rufar de tambores, histeria coletiva na blogosfera, milhões de acessos etc. etc. etc.)
Que a ficção de Luma ilumine a segunda-feira de todos nós.





na fronteira

Doce era a ilusão de segurança das rotinas. Prezava-as.
Mas aquele dia era um dia diferente.
O dia estava chuvoso, frio, e isso não a impediu de sair para a rua.
Vagueou sem destino até que entrou naquele mesmo café. Todos os dias era ali que ia almoçar e jantar.
Mal entrava e recebia um sorriso rasgado do garçom, que já nem perguntava, vinha apenas servir-lhe, com meia garrafa de água e meia garrafa de vinho.
Levava com ela um livro, fingia ler algumas páginas, mas essencialmente sonhava acordada. Pensava nele, na sua vida, alheia a tudo o que se passava a sua volta.
A chuva teimava em cair, fustigando as vidraças. Lá fora, viu gente que corria de um lado para o outro, tentando proteger-se.
Não reparou naquele homem, sentado à frente, que a olhou curioso.
Pagou e saiu. Não viu que o homem a seguiu.
Percorreu o caminho até a casa, cabeça baixa e olhar perdido.
Entrou no prédio e subiu as escadas. Não viu o homem....

Novamente saiu de casa e o destino levou-a ao mesmo café.
O garçom trouxe o jantar. A chuva estava suspensa e o negro da noite venceu a negritude daquele dia.
Repara num homem sentado à sua frente. Ele sorri, ela devolve o sorriso. Um sorriso triste, de alguém para quem a vida já nada significava.
Sem uma palavra, ele juntou-se a ela e acariciou-lhe uma das mãos. Mãos frias de um coração vazio....

Saíram juntos do café e percorreram as ruas da cidade.
E recostada a um carro, ela sonhou a sofreguidão de um grande amor.

Era o seu aniversário de casamento. Um casamento sem brilho, sem emoções, um fardo para a sua alma.

A partir desse dia, depois de muitos anos, sonha que vive um grande amor. Fantasia sobre a sua vida e revive, ainda que por breves momentos, o sabor da paixão.

Alguma coisa mudou dentro dela. Não olha mais os outros no café com olhar de indiferença, olha os outros clientes com uma curiosidade assanhada, como se pudesse beber deles a vida que não tinha: o casal de namorados a beijar-se; as três amigas que vinham desabafar suas mágoas e um casal de gays com ar culpado, que claramente tinham outras famílias em casa, mas que todos os dias se encontravam ali antes de subirem para um quarto do hotel ao lado.

Todos fantasiando a felicidade. Não se sentia mais só.
Tudo o que via, analisava, e o que não via, imaginava. Completava a realidade de cada um com os seus próprios sonhos e assim vivia feliz.

Saía dali somente quando começava a esvaziar, mas não ia ainda para casa.
Encostava-se em um carro. Rua vazia de vida naquela hora, via os carros que passavam e sentia a impressão que produzia neles. Muitos olhavam para ela como se fosse doida, com a curiosidade natural de ver uma mulher sozinha àquela hora da noite. Muitos homens solitários como ela, abrandavam, olhavam-na demoradamente, tentando percebê-la.
Às vezes, havia um que parava. Confundia-a com uma prostituta, perguntava-lhe o preço. Ela sorria, entrava no carro, fazia-lhe tudo e não levava nada.
O calor de um corpo, a intimidade, mesmo que falsa, para ela não tinha preço.
Separam-se, sem trocar um olhar ou uma palavra.


E com muito prazer,
Luma invadindo o espaço do Edgar
Beijus

sexta-feira, junho 23, 2006

Cotidiano (Ou sessão querido fotolog)

Sem mais futebol, sem cheias de rios, sem dores ou febres na alma. Apenas algumas fotos do cotidiano de um índio em Boa Vista.

Ler, ler e ler. E ainda falta tanto...


Para ler, que tal uns óculos direto do Feirão do Garimpeiro?


Consciência pesada? Joga nessa balança importada da Venezuela.


Raízes...

Uma nega bonita chamada Zanny...

Um indiozinho chamado Edgar...

A família do índio, pintada pela artista plástica macuxi Carmézia Emiliano...


E um close do índio, na tela da pintora Mari Faccio.

quarta-feira, junho 21, 2006



Céu vermelho no Norte

Há duas formas de chegar a Boa Vista: em avião ou pela BR 174. A capital de Roraima fica a 758 km de Manaus, capital do Amazonas. Se alguém quiser sair daqui para o sudeste ou nordeste por terra, a maneira mais segura para não quebrar o carro é pegar uma balsa em Manaus e passar dias navegando no rio Amazonas até chegar no Pará.

Em caso de pressa, a solução mais fácil é pegar um vôo. O que leva dias por terra e água leva apenas algumas horas no ar. É claro que se for uma saída de Florianópolis, por exemplo, o viajante acorda cedo, perde um dia inteiro e chega em BV somente depois da meia-noite.
Apesar de tudo isso e do preço exagerado das passagens, o povo estava acostumado a essas duas opções e à comidinha furreca dos aviões.

Agora, com a crise da Varig, chegou a péssima notícia: a rota para Boa Vista foi cancelada. A empresa anunciou nesta quarta-feira que manterá os vôos somente até Manaus. Outras cidades na lista de vôos que não continuarão a ser operados são Belo Horizonte, Goiânia, Natal, Petrolina e Vitória. Ao lado, os jornais desta quinta-feira, 22. Como diz o pessoal da revista Trip, a gente deu antes e gostou.

Uma das conseqüências do cancelamento é que vão acabar os passeios até tarde no hall do aeroporto de Boa Vista. Quem nunca tinha vindo à cidade, costuma ficar surpreso com o número de pessoas que esperam amigos e parentes para levar para casa ou simplesmente dar um abraço antes dos demais.

Outro costume local é dar adeus ou oi aos passageiros desde um balcão onde é possível acompanhar embarques e desembarques. É como se fosse um mirante de vôos.

Outra notícia dos céus é a chuva que cai por aqui. Boa Vista está no meio do chamado inverno amazônico. O rio Branco, em cuja margem direita nasceu a cidade, subiu quase nove metros. Estamos vivendo a maior cheia desde 1996. Segundo a Defesa Civil, O número de desabrigados e desalojados ultrapassou a 400 pessoas. Nos abrigos são 157 pessoas de 30 famílias. A cada dia aumenta o volume das águas do rio e dos igarapés que cortam a cidade. Em alguns bairros, o que era rua virou lago. É a força da natureza, contra a qual nem sempre há o que fazer.

A Orla Taumanan, principal ponto turístico da cidade, é a referência para quem quer saber como está o humor do rio.

Há quem a visite diariamente para saber quanto subiu ou quanto desceu o Branco.
Essa foto é do sábado passado. A água ainda não havia escostado na laje.







E o inverno está apenas começando. Até o lago do parque Anauá, na parte central urbana, já ultrapassou os limites que a mão humana tentou impor-lhe.

terça-feira, junho 20, 2006

E a Lumita acertou...


Devia ter postado ontem, mas deu um pau na net local e não conseguia abrir nenhum blog, muito menos o blogger. Mesmo assim, aí vai, como se ainda fosse segunda:

2 X 0. O time caminha. Pesado, mas caminha. A Luma ganhou o prêmio do post anterior. Agora é ver se ela vai querer cobrar.

Está valendo a mesma promoção para o jogo de quinta-feira. Quem acertar o placar, leva o bolão da publicação. Mais barato que na promoção da Globo.

Manchete da Folha de S.Paulo: "Sem magia, Brasil vence e se classifica". A parte "e se classifica", em letras menores, parece um suspiro que vai da alegria ao muxoxo.

A parte boa da copa é que você pode ir para a casa dos parentes da namorada e empanturrar-se de graça com caldo e churrasco usando a desculpa da confraternização, do civismo esportivo e da socialização.

A parte ruim é ouvir piadas sobre o seu país de origem, que nunca se classificou para uma copa.

Dúvidas de todos os tipos podem te tomar ao ouvir o Galvão Bueno definir as cores do uniforme da Austrália como "um amarelo-fechado". Entre um pedaço de carne e outro, todos na sala perguntam: que cor é essa? E a da camisa brasileira, o que é então? Amarelo-aberto?

E no intervalo, o Faustão tirando onda com o resultado? Hilário.

Kaká. Até agora, esse é o cara da seleção.

Apesar da recuperação do fortucho Ronaldo, Robinho mandou bem melhor.

A ignorância é uma porcaria. Fred faz o gol e todo mundo pergunta: Fred? Quem é Fred?

Fred ficou tão empolgado que tentou levar a bola para casa, mas a Fifa não deixou.

O Miami Heat venceu o Dallas Mavericks por 101 a 100, na noite de domingo, e fez 3 a 2 na série melhor de sete da final da temporada 2005/06 da NBA. O próximo jogo está marcado para amanhã, e o último, se for preciso, será na quinta.

sexta-feira, junho 16, 2006

Notícias da Copa da Alemanha

E aí, qual será o placar de domingo? Vamos fazer um bolão on-line de apostas sem fins lucrativos. Quem acertar, me manda um texto para publicação no Crônicas da Fronteira. Aposte, aposte, aposte e concorra a este fantástico prêmio!!!!!

A Holanda acaba de fazer um gol. (dei um ponto final lá embaixo, voltei para olhar de novo o texto e a Holanda já fez outro gol. Eficiência igualzi....A Costa do Marfim acaba de fazer o seu. Golaço. Isso é jogo. Continuando: Eficiência igualzinha à do time brasileiro.)

Igrejas alemãs exibem jogos para atrair fiéis, mas não vale xingar a mãe do juiz.

Os argentinos aplicaram a maior goleada da copa. A turma de Crespo e Tevez enfiou seis gols nos servo-montenegrinos. Aposto que a alegria dos platinos vai aumentar se o time do Brasil não mostrar um bom desempenho no domingo contra o time da Austrália, que entrará em campo com vários jogadores reservas.

Por bom desempenho, entenda-se pelos menos um placar com dois gols ou mais de diferença. Exatamente o que toda a turma de meu trabalho apostava que seria o resultado no primeiro jogo, disputado contra os croatas, que só levaram um gol.

Vocês já viram as roupas típicas alemãs? Como é que os homens vestiam aquelas roupas de jardineiro se dizem que lá faz tanto frio?

Neste jogo de domingo, o melhor time brasileiro desde 1982 (ou 86, estou confuso) tem a obrigação de mostrar entrosamento, alegria, espetáculo, qualidade, técnica, gols e dribles de todos os tipos. Não interessa como, não interessa que apesar de o Brasil ser o favorito, o futebol mundial esteja mais equilibrado a cada Copa.

E se não acontecer dessa forma, a culpa será dos Ronaldos. Tanto do gorducho-forte-pressionado Nazário, como do Gaúcho, o dentuço simpático que foi capa de todas as revistas semanais na semana passada.

Para quem está cansado de futebol, a pedida no domingo é relaxar vendo as finais da NBA. Ontem à noite, o Miami Heat venceu o Dallas Mavericks por 98 a 74, e empatou em 2 a 2 a série melhor de sete da final da temporada 2005/06 da NBA.

E se você está com pouca grana para o encontro de domingo, o Crônicas da Fronteira orienta: checa no site da Receita Federal se o teu nome saiu na lista da primeira restituição do Imposto de Renda. Quem sabe não voltou uma grana?

segunda-feira, junho 12, 2006

Histórias de índio: uma década e meia no Brasil (Ou: vamos acabar com a lenga-lenga para começar a falar da copa e do arraial Boa Vista Junina)


Cheguei no domingo 3 de fevereiro de 1991. Na segunda à tarde, lá estava eu, cursando a oitava série, em uma nova escola, novo país, nova língua e nova gramática, tanto de texto como de comportamento.

Larguei no meio o primeiro ano do ensino médio. As notas em física não dariam para aprovação nem que fosse para recuperação, pensei à época. É claro que a conta estava errada, mas já era tarde...

Se bem me lembro, durante todo o ensino médio, não houve ano em que não ficasse na berlinda em alguma matéria. Aliás, o resultado do vestibular saiu justamente na manhã do último dia de recuperação. Apesar da fama de bagunceiro e pouco afeito a prestar atenção nas aulas, fui um poucos (entre 5 e 10) alunos de minha escola que conseguiram entrar na universidade naquele ano.

A vontade era de cursar filosofia, psicologia ou fisioterapia. Mas em 1995 apenas a Universidade Federal de Roraima ofertava cursos superiores no Estado e nenhum desses estava na lista. Pelo gosto com a leitura, fiquei entre letras e jornalismo. Optei pelo segundo quando vi na ementa do curso uma disciplina chamada "Comunicação Comunitária". Acho que fiz uma boa escolha.

Em terras brasileiras aprendi a jogar (pessimamente) vôlei e andar de bicicleta e mobilete. Desleixado, somente tentei dirigir carro há quatro anos e passei quase 24 meses entre fazer o exame de habilitação e me lembrar de pegar a CNH no Detran.

Cabelo comprido, bermuda, camiseta e uma mochila nas costas. Esse é o meu visual preferido até hoje, apesar de tudo.

Aos 18 anos, tive a minha primeira desilusão amorosa, com um fora daqueles. Mas acho que a grande perturbação foi ter sido justamente no auge das músicas melosas do pagode romântico. Daí, não tinha como superar rápido.

Entre 1991 e 1998, quando comecei no extinto jornal O Diário como repórter, trabalhei como office-boy, datilografei trabalhos para colegas, alfabetizei adultos, vendi fotos para capoeiristas e fui monitor de várias oficinas do Sesc. Grana pouca, economia muita.

Estive na Guiana, Peru e Bolívia, passei um mês em São Paulo esperando o resultado do concurso de estágio para novos repórteres do Estado de S.Paulo, aplaudi Fidel Castro e vaiei Zé Dirceu no Ginásio Mineirinho durante um congresso da Une, desfrutei das praias e do frio de Florianópolis, superei os 2.875 metros de altitude do Monte Roraima e andei por garimpos de ouro do outro lado da fronteira venezuelana.

Já escrevi para revistas regionais, fui professor substituto da UFRR, ativei o blog Crônicas da Fronteira em 7 de julho de 2004 e estou no mesmo local de trabalho desde 1999, atualmente no maior posto hierárquico do setor.

Algumas pessoas gostam muito de mim, muitas me detestam profundamente. Graças ao cargo que ocupo no momento, meus amigos dizem que a carga de veneno e inveja que despejam sobre o meu nome aumentou 100%. Mas como a vida é assim mesmo, vamos vivê-la, sem medo de urucubaca.

Taí, 15 anos de vida em pouco mais de três mil toques. É a vida de um índio em terras estrangeiras.

quarta-feira, junho 07, 2006

Histórias de índio: da infância à migração

Até a quarta serie sempre fui um dos melhores (e menores) alunos da sala. Na Venezuela, a nota máxima é (ou era, tantas mudanças acontecem e a gente não fica sabendo) 20. Eu, na base de muita pressão maternal, batia sempre 18, 19 e 20. Ai de mim se tirasse algo abaixo disso...


Em Guasipati, nome de meu pueblito¸ só havia rádio AM naquele tempo distante. Todos os dias ouvia a radionovela "Taguari, el rei blanco de la selva" e outras. Também ouvíamos à noite o programa de recados de uma rádio AM de Boa Vista. Numa era pré-internet e sem grana para telefonar periodicamente, "O Mensageiro do Ar" alegrou muito a minha mãe com as notícias da família.

Ali pelos 11, 12 anos comecei a jogar bola com os amigos todos os dias. Perna-de-pau no ataque, era bom na defesa, mas com certeza nunca chegaria a ser profissional. O bom dessa época é que ampliou o meu círculo de conhecidos, já que andava em quase todos os bairros do pueblo jogando, e aproveitei para conhecer outras duas cidades. O ruim era ouvir o maldito comentário: "Nossa, mas como é possível que um brasileiro jogue tão mal?".

Foi mais ou menos nessa época que trabalhei vendendo picolé. Passar o dia na rua me ajudou a ganhar malícia e deixar de ser muito bobo. Ganhava por semana o mesmo que um operário de empresa mineradora. Mesmo assim, ai de mim se saísse para passear na pracinha ou na rua de cima e chegasse depois das 21h. Dona Neide não perdoava atrasos.

Nessa época, ainda continuava um covar...quer dizer, pacifista, evitando as brigas tão comuns entre os moleques de minha idade. O paradoxo é que nas três ou quatro em que me meteram, acabei levando a melhor. Daí, ninguém mais se metia comigo e eu aproveitava para não procurar encrenca com ninguém.

Por ser fominha de bola na escola, repeti o primeiro ano do liceu, equivalente no Brasil à sétima série. Pense na surra e no castigo imposto pela dona Neide... O pior é que havia aprovado em Geografia, mas o professor errou na hora de jogar a nota. Em compensação, no ano seguinte fui um dos melhores da turma.
Ah, como peguei bomba em quatro ou cinco e não fiz o exame de recuperação, passei um ano com aquelas matérias apenas. Sobrava um tempo louco para jogar futsal.

O time da Sétima B, com o complicado nome de "Parepacupa", chegou a ser vice-campeão do torneio do Liceu. Perdemos apenas para os velhotes do terceiro ano, todos da base da seleção municipal de futebol e futsal. Mas perdemos na moedinha, depois do jogo, da prorrogação e dos pênaltis. Maldita moedinha!

Por esses meses, percebi que Guasipati não era o meu lugar. Sem emprego, sem oportunidade de fazer os cursos profissionalizantes que quase todos os meus conhecidos faziam no Ince (o Senai da Venezuela), sem vocação para peão e sem vontade de ser mais um jovem venezuelano que teria na cerveja Polar e nas apostas de sinuca, jogos de azar e corridas hípicas o seu divertimento ? além do risco de casar cedo e ter logo 2 filhos nas costas, o que aconteceu com 98% dos meus amigos do bairro ? decidi que era hora de mudar os ares.

Dona Neide não queria voltar. Apesar da vida dura, já estava acostumada com a Venezuela, recomeços sempre são difíceis, blá blá blá. E eu pensando: "quer ficar, fica. Eu vou". Acabou voltando ao Brasil para acompanhar o filho único em seu surto de loucura.

Chegamos no dia 3 de fevereiro de 1991, carregando roupas, ventilador e centenas de gibis. Estava com 14 anos e oito meses de idade. O resto da história, só em outro post, se houver interesse manifesto.

segunda-feira, junho 05, 2006

Histórias de índio: infância


Nasci apressado, antes dos nove meses de gestação. Para aprender a controlar a ansiedade, passei uns dias na incubadora.

Naquele dia, conta minha avó Maria José, chovia muito. Era junho, quando o inverno amazônico já está com tudo, elevando o nível dos rios e das lagoas.

Conta dona Neide que a minha primeira palavra escrita foi "Deus".

Ainda lembro daquele gibi do Scooby Doo em português que a professora pegou no jardim de infância e nunca mais devolveu.

Na Venezuela, todos me chamavam de "brasilerito". Quando vinha passar as férias no Brasil, me chamavam de "mira, muchacho".

Entre os seis e oito, acredito, tive hepatite e fui considerado caso perdido pelos médicos. Com muito carinho de mãe, ervas medicinais, frutas e uma promessa à Santa Virgen de la Pastora, sobrevivi.

Aos nove anos queria ser dono de uma banca de revistas.

Acho que entre os 10 e 11 anos era apaixonado pela Blanca num mês e pela Rocio no outro.

Quando moleque, lia e entendia bem o português. Pensava que falava bem, mas era uma ilusão.

Fui um moleque quieto demais, chorão demais, protegido demais.

Fui beijado na boca, com língua e tudo, pela primeira vez aos 10 anos. Fiquei de olho aberto para ver que história gostosa era essa. Foi bom...

quarta-feira, maio 31, 2006

Histórias de índio e notícias da fronteira

Metade da vida em pais estrangeiro e um tantinho a mais em solo brasileiro.

Frio roraimense à noite...

O carro sai da oficina hoje.

Final de semana tem pós.

Prenderam 15 quilos de cocaína no final de semana na fronteira com a Venezuela. Desta vez foram pegos um colombiano e um cara da África do Sul.

Hoje tem show do Fagner.

Ando sem inspiração para fazer versos ou escrever prosa.

O pagamento saiu hoje. As contas já estão vorazes esperando por mim lá fora.

Quando chove, chove. Quando o sol abre, a pele arde.

Adília e Rodrigo, amantes amorosos e meus rivais no jogo Perfil 3, decidiram fazer mais do que amar-se e criaram um blog de poesias: Unir-versos.


O que te irrita mais: chegar aqui e ver a mesma postagem ou ler uma postagem meia-boca?

Alguém sabe como conseguir na net todo o texto da peça de Bertolt Brecht chamada "O declínio do egoísta Johann Fatzer"?

Na fronteira com a Venezuela abriram um posto que vende gasolina a um real por litro para brasileiros. Mesmo aumentando o preço em 900%, quando comparado com o valor cobrado aos venezuelanos, ainda é muitíssimo mais compensador que os R$ 2, 99 de Boa Vista. Pena que o posto fique a 220 quilômetros.

quinta-feira, maio 25, 2006

Divagações em uma aula


O novo não é eterno
Modernismo resposta processo
Acordos incorpora desejos
Estética recorte materno
Nostalgia fragmentos acesso
Contrários lamentos lampejos
Memórias pós-modernismo fé
Horários tempo palestinos
Lixeiras seios filosofia
Aves idéias touché
Regras bíblias destinos
Razões contexto maresia.

.........

E outros comentários

Chove, faz sol, esquenta, esfria...

O carro está na oficina. De carona para o trabalho e de bike para a universidade.

Projeto Pixinguinha no domingo. 45 minutos de atraso, as de sempre falhas no som e um espetáculo fantástico de música com Chico Aafa, Luiz Gayotto e o grupo instrumental paulista Qu4tro a Zero.

Editar uma revista para um evento não é fácil. Como será o nível de adrenalina dos editores das semanais?

O retorno à bike me leva a antigas paisagens que não via desde o ano passado. Como a dos carros estacionados dentro do parque Anauá depois das 21h e seus bancos abaixados.

O sol? Como é que anda esse tal de sol? A única prova que tenho de sua existência é uma brecha na cortina da sala.

Aulas de especialização, aulas de graduação. Estudar tanto deve valer a pena.

Minha afilhada aniversaria hoje. Onde está o número de minha comadre?????

Maio e junho, tempo dos geminianos. Aproxima-se mais um aniversário...deve ser por isso que as rugas e os cabelos brancos estão ganhando espaço...

quinta-feira, maio 18, 2006

Dia de feira

Final de semana chegando, todos se preparam para fazer as compras. Vaí uma salada aí?



Estas fotos são da Feira do Garimpeiro, um mercado a céu aberto que se instala na avenida Ataíde Teive, a principal via de Boa Vista, nas manhãs de domingo. Milhares de pessoas passam pelo local.


Creio que cinco ou sete quadras são ocupados pelos comerciantes. Vende-se de tudo, até produto vencido a um real por gente desonesta.

terça-feira, maio 16, 2006

Por falta de tempo e vontade de escrever, a Ed Borges Letras & outras crônicas apresenta sua mais nova série: Imagens da Fronteira.


A alma do negócio

Sem maquiagem, sem artimanhas, sem linguagem subliminar e, com certeza, sem nenhuma sutileza, algumas empresas garantem o seu espaço no mercado.


quinta-feira, maio 11, 2006

terça-feira, maio 09, 2006

Perfis de maio


Em todos os dias de sua vida, desejou ser engraçado. Morreu como um impertinente.

Nunca declarou o seu amor àquela moça. Além da paixão reprimida, a Receita Federal o classificou como sonegador.

Dizia que era fácil de amar, bastava querer...e pagar o preço justo. Afinal, alguém tinha de sustentar os seus gostos.

Pediu perdão a Deus por todos os seus pecados. Na falta de resposta positiva, perguntou se havia possibilidade de pagá-los em suaves parcelas.

Era tão melancólico que achava animadas as músicas de motel.

sexta-feira, maio 05, 2006

Especulando...


Se não houvesse decidido vir morar no Brasil em 1991...
Se não houvesse reprovado um ano e largado outro no ensino médio...
Se tivesse afinidade com números ou tivesse escolhido letras em vez de jornalismo...
Se fosse herdeiro de uma fortuna, sem maior trabalho que descobrir como desfrutar meu dinheiro...
Se não conhecesse a Silvany e ela não me avisasse daquele estágio no jornal...
Se o chefe tivesse detestado o primeiro texto que lhe entreguei...
Se nunca aceitasse o convite para acompanhá-lo na nova função na prefeitura...
Se perdesse meu emprego quando mudou o gestor municipal...
Se houvesse aceitado uma daquelas propostas furadas de emprego que recebi...
Se a maldade lograsse sempre seus objetivos...
Se não houvesse conhecido a Zanny...
Se ela não prestasse serviço numa fundação ligada ao município...
Se ela não virasse minha namorada...
Se não fosse compromissado com o trabalho...
Se este ano não houvesse eleição e uma tal de desincompatibilização...
Se não tivesse sido promovido...
Se não houvesse arraial em junho...
Se a tal da revista do arraial fosse responsabilidade somente de outras pessoas...
Se tivesse desmarcado a reunião com Zanny e Chiquinho para falar da revista...
Se o motorista deles ficasse só um pouco mais depois das seis...
Se o motorista de meu setor avisasse quando vai embora...
Se tivesse deixado eles irem embora de táxi e ficasse até mais tarde como sempre...
Se o outro motorista respeitasse a preferencial e a placa de trânsito...
Se os dois dirigíssemos mais acelerados...
Se o Chiquinho não se fantasiasse de agente funerário, atraindo urucubaca...
Se não fosse o grito de alerta da Zanny...quem sabe...
Talvez não fosse apenas um acidente com danos materiais no meu pobre Gol...



quarta-feira, maio 03, 2006