quinta-feira, outubro 30, 2008

Querido diário,

Terça vi o meu segundo show do Paralamas do Sucesso. O primeiro foi em Floripa, há alguns anos, no CIC. O de agora foi no parque Anauá. Muita gente, mas nem todos buscando desfrutar do som do Herbert, Barone e Bi. Estavam esperando os sorteios que o Governo do Estado, promotor da festa (graças aos impostos que pago) por conta do Dia do Servidor, estava fazendo.
Aliás, quem pagou a inscrição no concurso público, estudou, fez a prova e entrou com recurso para garantir a sua vaga no serviço público ficou curioso com o sorteio. Foram chamados mais funcionários das empresas terceirizadas que do próprio governo. Eu mesmo não sabia que empregado de empresa que presta serviço podia entrar no bolo.
O show foi muito bom, de uma hora e pouco. O problema veio depois. Ao chegar em casa, lá pela uma da manhã, e preparar-nos para dormir, o indiozinho resolveu acordar, muito bem disposto, e quis atormentar- brincar comigo. Se não fosse a ação rápida e eficiente da Swat, quer dizer, da mamãe dele, o resultado teria ruim para este cronista.
Daí, no outro dia, nada como dois copos de capuccino para segurar a onda de calor que está parada em Boa Vista há algum tempo. No fim da tarde, antes de ir para o Atual Empreendedor, resolvo fazer o que há meses não fazia: tomar um copo de guaraná. Os caras se excederam e fizeram dois pelo preço de um. Resultado: nada de sono ou cansaço até meia-noite, quando caí. O lance é que lá pelas 3 e pouco comecei a acordar e lá pelas 4, quando olhei o relógio, percebi que a cafeína finalmente havia surtido efeito. Assim sendo, das 7 da manhã de sábado até o momento em que faço esta postagem (o horário tá lá no título), novamente no Atual Empreendedor, só dormi 150 minutos
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E vamo que vamo, querido diário, pois “o comandante da Polícia Militar do estado de Roraima, coronel Márcio Santiago de Morais, 49 anos, foi detido na noite desta quarta-feira (29/10) após protagonizar uma confusão que terminou em agressão, no shopping Pátio Brasil, no Setor Comercial Sul”, conforme diz a matéria do Correio Braziliense. O cara não gostou quando reclamaram dele mijando em público. Pô, aqui em Boa Vista ninguém faz isso, só para evitar que alguém pense que reina la mala educación.

terça-feira, outubro 21, 2008

Aparência


- Você mudou...


- Como assim?


- Você não é mais como era antes.


- Não tô te entendendo...


- Aquele teu espírito revolucionário, aquela vontade de mudar o mundo, saca? Onde ficouaquela garra toda?

- Ficou na outra calça, que já está sendo lavada.


- Antigamente você não era tão materialista, era mais pelo social e tal...


- Hum...


- O que te aconteceu?!

- Sou uma vítima do mundo capitalista selvagem.


- Que história é essa de mundo selvagem?


- Quer provar?


- Ah?


- Quer ou não?



Ilustração: Rayma , direto da Venezuela, pais do socialismo chavista

quinta-feira, outubro 16, 2008

Vamos embora II (ou Do que se abdica quando se tem um molequinho)

Eduardo Bueno chega em Boa Vista trazido pela Fundação Banco do Brasil, que agendou uma palestra dele nas Faculdades Cathedral, pertinho de casa. Sou fã do cara desde meados dos anos 1990, quando li suas obras de história, muito antes dele ir parar no Fantástico. Vamos nessa então eu, a mamãe do indiozinho e o próprio pemoncito, doidos para ouvir o cara.


Uns minutinhos de atraso, vai logo que já começou, não tem problema com cadeira pois será no auditório com mais de mil lugares, chegamos, vejo alguém e penso: o que aquele escritor está fazendo do lado de fora, hum, isso cheira a palestra chata ou que ainda não começou.


Um guarda avisa que a palestra mudou de lugar e será na videoteca, biblioteca, sei lá, interessa que é uma saleta. Pela janelinha de vidro na porta, a visão de muitas pessoas em pé. Um rapaz sai e explica para o trio pemônico e a outras quatro pessoas que a organização decidiu mudar o encontro de lugar pois não tinham certeza se ia dar público.


- Quer dizer que vocês não confiaram no próprio evento?, manda um dos rapazes do quarteto.

- Não, veja bem, é que a gente não tinha certeza de que ia dar público suficiente, responde o rapaz da organização.

- Ou seja, não confiaram no próprio evento, diz este cronista.

- Mas tudo bem, vocês entrar e ficar em pé sem problema. Tem vaga aí, convida, sorridente, o rapaz da organização.

Olho para ele, penso em como era bom quando podia sentar no chão sem me importar com ninguém mais, olho para o neném e para sua mamãe, penso no desconforto dela, e decido: vamos embora. Evento no qual os próprios organizadores não tem confiança não vale a pena ficar, mesmo prometendo ser bom.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Vamos embora (ou Do que se abdica quando se tem um molequinho)

É noite de domingo, o grupo é de fora e o espetáculo fala de um ensaio e tal. O teatro do Sesc Mecejana tem muitos lugares, mas para criar uma atmosfera intimista, vai todo mundo para cima do palco, ficar bem pertinho dos atores. A peça começa e a família Pemón chega um pouco atrasada, já que parou para comprar os alimentos não perecíveis que serão entregues a título de ingresso.


Por um cálculo errado da organização, poucas cadeiras foram colocadas no palco, aparentemente menos de 30, e agora só há espaço nas cadeiras da platéia, abaixo do nível do cenário e com os outros espectadores à frente. Ou seja, não tem mais vaga para três e meio retardatários.


Digo para ir embora e a mamãe do indiozinho demora. Saio e os atores que estão na porta, preparando-se para entrar em uma nova cena, me dizem: senta no chão. Eu até sento, mas não vou deixar a mãe de meu filho ficar no chão, incomodada, a peça toda, respondo. Desculpa, a gente não sabia, diz a menina.


Tudo isso acontecendo e nada da mamãe do indiozinho deixar o recinto. E olha que estava pertinho da saída. Aí, eles entram gritando e batendo com muita força a porta, conforme previsto no roteiro. Resultado: o neném se assusta com o ruído e abre o berreiro, chorando como quem pegou uma lapada de galho de goiabeira. Então, finalmente, mamãe sai, assustada com a reação do bebê. Eu a olho, penso e falo baixinho: bem que eu falei antes para sair e irmos embora.

sexta-feira, outubro 10, 2008

Verdade absoluta




(foto: Luciene Henrique dos Santos)


(Foto: Rute)

(foto: Nuno Moedas)
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-->Onde há tentação pode haver pecado e onde há pecado houve tentação...


(todas as fotos são do Olhares)


terça-feira, outubro 07, 2008

Campanha

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Viveu um amor de eleição. Em outubro, perdeu o voto e a paixão.

segunda-feira, outubro 06, 2008

Das eleições


Boa Vista reelegeu o prefeito Iradilson Sampaio (PSB) com 54,35% dos votos válidos, ou 66.998 votantes.

Luciano Castro (PR) ficou em segundo, com 51.329 votos (41,64%).

José Luís Oca (PSOL) recebeu 3.029 votos (2,46%).

1.921 (1,56%) pessoas votaram em Ariomar Farias (PCO).


O colégio eleitoral de Boa Vista é de 159.075 pessoas. É o maior do Estado de Roraima.


Foram reeleitos Alfonso Rodrigues, Lurdinha Pinheiro, George Melo, Masamy Eda, Telmário Mota, Sebastião Neto (Pelé) e Braz Behnck.


Entraram Manoel Neves, Maurcélio Melo, Chico Doido (o mais votado, com 3.360 votos), Joziel Vanderlei, Paulo Linhares, Pastor Rosival e Idinaldo "Dunga" da Silva ( o menos votado dos que entraram, com 1.231 eleitores).


Vão cair fora da Câmara o atual presidente Marcello Vieira, a vice-presidente Iracema Araldi, o primeiro secretário Osmar Sampaio e o segundo secretário Rogério Trajano. Também perderam a vaga Francisca Pleneilda e Paulinho Marchioro.

quinta-feira, outubro 02, 2008

O tempo passa e Roraima completa 20 anos



Quando vim morar em Roraima, o Estado ainda esperava o 5 de outubro chegar para completar quatro anos de criação. Do quente fevereiro de 1991 até o também quente outubro de 2008, muitas coisas aconteceram em minha vida e na história desta parte do Brasil.


Na minha chegada, o prefeito era Barac Bento. Lembro de um mapa confeccionado em sua gestão, nas cores verde e amarelo predominando, com as fotos ou nomes dos vereadores e os poucos bairros da época. Conjunto Cidadão, Cidade Satélite, Raiar do Sol, Parque Caçari e algumas outras partes da cidade ainda não existiam.


Lembro da campanha da sucessão na prefeitura, tendo Salomão Cruz e Teresa Jucá, entre outros como candidatos. Teresa levou. Depois veio Ottomar Pinto, que era o governador no ano em que cheguei e havia eleito o atual deputado federal Neudo Campos seu sucessor. Aprovada a reeleição, Fernando Henrique Cardoso engatava um segundo governo, assim como Campos, que rachou com Ottomar, que perdeu a campanha para Teresa, que depois se reelegeu deixando em segundo lugar o à época ex-governador Neudo. Na seqüência veio Iradilson Sampaio, vice por duas vezes de Teresa e disputando domingo a reeleição.



Parque Anauá e o seu lago urbano, em frente à avenida Brigadeiro Eduardo Gomes: caminho feito por vários anos a caminho da UFRR e agora da Atual. (foto: Antônio Diniz)



Outros momentos importantes da vida política foram o impeachment do governador Flamarion Portela, a volta de Ottomar à governadoria, sua reeleição e a morte em novembro passado (no mesmo dia marcado para o chá de bebê de meu filho), a vitória e reeleição de Lula, cassações de vereadores, deputados e prefeitos, criação dos municípios de Pacaraima, Bonfim, Normandia, Uiramutã (entre os que me lembro) e recorrentes operações da Polícia Federal para tentar acabar com esquemas de corrupção envolvendo representantes do poder público e seus amigos/familiares empresários.


Tudo isso acontecendo e eu estudando. Primeiro fechando o primário na escola Vitória Mota Cruz, depois indo para médio no Gonçalves Dias, sendo aprovado no vestibular de jornalismo na UFRR, para onde voltei em 2001 ou 2002 para cursar sociologia paralelamente a uma pós-graduação. No meio de tudo isso, trabalhei como office-boy, prestei serviços ao Sesc, fui redator de jornal, passei pela assessoria de comunicação da prefeitura e vim parar na UERR, instituição que não existia em 1991, assim como a Univirr e as faculdades particulares Cathedral e Atual (onde sou professor), entre outras.


O mundo, seja na ótica local ou mundial, mudou muito nesse período. A internet explodiu, assim como as bolsas de valores o fizeram várias vezes. Veio o 11 de Setembro, a invasão do Iraque e do Afeganistão, as eleições de Hugo Chávez, Evo Morales e Vladimir Putin.


Apareceram vários canais de TV na cidade, muitas pessoas ficaram ricas de uma hora para outra, a população aumentou, as agressões à natureza idem. Amigos e amores chegaram e se foram. Bandas de rock nasceram e sumiram, modismos também.


Em 17 anos muita gente próxima apareceu e foi embora. Nasceram muitos priminhos e sobrinhos postiços deram a cara as minhas afilhadas Sângela e Beatriz, um policial militar matou meu primo Sandro e desconhecidos assassinaram o primo Janderson. Nesse percurso, apareceu a figura mais importante de minha vida: um indiozinho a quem tenho o prazer de chamar de filho.


Não sei como estará Roraima quando ele completar 17 anos. Não sei se estarei vivo para contar-lhe como era Boa Vista quando cheguei e quando ele nasceu. Só sei que tento dar a minha colaboração para que não fique pior do que já está, com gangues juvenis demarcando espaços na periferia, igarapés sendo mortos, miseráveis invadindo as ruas e pessoas desonestas enriquecendo às custas dos impostos que pago.


segunda-feira, setembro 29, 2008

10 coisas que detesto + bônus track


  1. A voz depressiva da Adriana Calcanhoto.
  2. O pseudo-intelectualismo-reflexivo e o vocal depressivo da banda Los Hermanos.
  3. O calor de Boa Vista.
  4. Alguém fazendo muitas ou poucas perguntas sobre mim.
  5. Gente arrogante.
  6. Ligação de atendentes do telemarketing.
  7. A linha editorial de algumas revistas que não questionam o lado ruim do sistema econômico predominante.
  8. A programação das TVs abertas domingo à tarde.
  9. Gente bêbada que cospe enquanto fala.
  10. Cheiro de cigarro.
  11. Trabalhar muito e ganhar pouco (ou a disparidade entre o custo da vida e o que entra na conta no final do mês).
  12. O calor.
  13. Ser ignorado quando dou atenção.
  14. Minha timidez.
  15. Pressão política, amorosa ou pessoal.
  16. Forró elétrico, calipso e rock metal.


segunda-feira, setembro 22, 2008

Poesia alheia



Texto dum paranaense louco, que veio a Roraima em busca de dias melhores, mas decidiu reencarar a vida no sul maravilha, levando na bagagem uma carioca e uma macuxizinha. Aliás, decidiu ir para a Ilha da Magia, também conhecida como a Terra dos Manezinhos.

Por sinal, mesmo lugar para onde voltou minha grande amiga Carlotinha Cavalheiro depois que decidiu economizar na conta do protetor solar.


Pouco me lixando



meu verso é lixo


e recolho pelo chão da sala


pelo piso da cozinha, atrás dos móveis


por debaixo dos tapetes


em meio a restos de tão pouco


montanhas e mais montanhas de ainda menos


nas prateleiras não há nada, leve o quanto quiser.


minha rua é um deserto


a vizinhança é o meu peito aberto


cravado de balas e migalhas de biscoito


estou sempre convidado a beber meu chá das oito


que às cinco é outra droga, algum esterco tipo oriental


e das seis às sete pratico yôga e me perco no quintal.


eu sou meu próprio eco, meu reflexo no espelho


é quando a deus mais me assemelho


eu sou meu lar


doce e amargo endereço, qualquer lugar


sou eu mesmo a qualquer preço


respiro meu próprio ar


eu sou meus versos, sou todos os meus lados


meus passados passos reciclados


-prazer, me chamam rodrigo!


eu sou tudo que trago comigo


e não descarto por puro romantismo.


sou mesmo isso


sou meu mais nobre e repugnante monte de lixo.




rodrigo mebs (em versão orkut)


sexta-feira, setembro 19, 2008

Ardem as nuvens

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De tão quente, os anjos deixaram o céu
e estão tomando banho no rio Cauamé.

(foto:Tiago Orihuela)

quarta-feira, setembro 17, 2008

Roraima Blues


A revista on-line portuguesa Minguante leu, analisou, gostou e publicou uma série de micronarrativas de minha autoria, transformando-as em um e-book chamado Roraima Blues.




Convido você a acessar e ler. Depois, se odiou ou gostou, não fique em silêncio. Volte ao blog e faça um comentário positivo ou depreciativo, tanto faz. O importante é participar.

E aí, se você ficou afins de participar da Minguante, produz tuas micronarrativas e manda para o Luis Ene dar uma olhada e ver se te coloca na próxima edição.



Essa aqui é a apresentação


Para ler o e-book, clica aqui, ô.



Para ler a edição da Minguante, é aqui.

sexta-feira, setembro 05, 2008

Ego

O fato é velho, coisa de três ou quatro semanas. Trata de uma ação de trabalho deste cronista educador. Rendeu a nota abaixo reproduzida, inicialmente publicada no site da Faculdade onde trampo à noite e numa coluna veiculada semanalmente em dois jornais locais. Como tudo neste blog, não tem nenhuma relevância para a humanidade, mas é bacaninha, pois me ajuda a lembrar depois o que andei fazendo da vida.


Acadêmicos distribuem nova edição do Jornal União Informa

Acadêmicos de Jornalismo da Faculdade Atual da Amazônia começaram a entregar essa semana mais uma edição do Jornal União Informa. O mutirão entre os acadêmicos do 3 ° semestre, atingiu além da própria comunidade da instituição, os principais pontos do bairro União, desde escolas, pontos comerciais e moradores.

A distribuição do jornal integra o processo de produção do produto, já que é na entrega que os estudantes têm a resposta direta do público leitor. Conforme a aluna de jornalismo, Elaine Tavares, o União Informa está sendo uma oportunidade para preparar e qualificar os aluns para o mercado de trabalho. "Considero um momento fundamental de aperfeiçoamento e uma rica experiência que o acadêmico possui de praticar o jornalismo com a permissão de errar estando mais capacitado para atuar na área jornalística", frisou.


Misturados na foto, alunos do antigo e do atual terceiro semestre.

Para ser mais exato, meninas do antigo e meninos do atual. Atenção ao chifre no Anderson, de camiseta azul.



A principal manchete da sexta edição: Cabelos de Prata: A força da terceira idade introduz uma reportagem especial, sobre 200 idosos que participam de segunda a quinta-feira de atividades esportivas e culturais no centro de múltiplo uso do bairro União. A iniciativa é aberta a todas as pessoas com mais de 60 anos. O União Informa traz ainda matérias sobre o nascimento do bairro, alunos de outros municípios que enfrentam dificuldades para estudar na Faculdade Atual, da aldeia para cidade – milhares de indígenas abandonam as comunidades onde nasceram e vem para cidade a procura de melhores condições de vida.

O jornal tem doze páginas, circulação mensal, no formato tablóide, capa e contra capa colorida, e impressão de responsabilidade da Folha Boa Vista. Os focos das reportagens são dos bairros próximos a faculdade. O impresso é uma produção da primeira turma de jornalismo da Faculdade Atual da Amazônia, fazendo parte da disciplina Oficina de Texto II sob a orientação do professor Edgar Borges.


quarta-feira, setembro 03, 2008

E a vida?



Para não dizer que tudo tá igual, chuviscou agora há pouco. Bem pouco, apenas o suficiente para mostrar que até para o mundo acabar precisar dar uma refrescada.

Dona Maria José, minha vó fonte de informaçoes sobre o passado de Boa Vista, me conta:

- Ainda não estamos no mês quente. O calor vai chegar em outubro. Antigamente ainda chovia muito em setembro, mas agora eu não sei como estão as coisas. Mudou tudo, né?

Como assim, vó? Ainda vai ficar mais quente? Daí relembro que ainda virá um mês em que não venta na cidade. As folhas ficam paradas, o calor aumenta por 10 e a sensação é de asfixia.

Ou seja, o mundo vai acabar e tudo vai começar por aqui.


E a história do 3 de setembro?

"Este dia não está nas listas de história, ninguém se lembra dele ou lhe dá o devido valor, mas é muito importante para que Universidade Federal de Roraima seja o que é, pelo menos no lado positivo".

A frase, sem nenhuma ponta de vaidade mas sim de quem acredita que trabalhou por uma educaçaõ melhor para todos, é de meu amigo químico-guitarrista-compositor Rhayder Abensour, que lembra o 3 de setembro de 1998, quando ganhamos a eleição do Diretório Central dos Estudantes. Éramos da chapa Acontecer, que tinha como componentes André Vasconcelos (jornalista), Adelaide Moura (médica), Dorinha Leal (professora de Letras), Érica Figueredo (jornalista) e outros que saíram logo em seguida e por isso não me lembro deles.

Minha função? Diretor de comunicação. Era fácil demais. Tínhamos uma reitoria que não fazia nada para melhorar a estrutura, conhecíamos todo mundo na imprensa, éramos (quer dizer, eles eram) simpáticos e conseguíamos mobilizar o povo rapidamente.


Ocupamos a reitoria; brigamos com os adversários; coordenamos assembléias e assembléias; conseguimos o malocão do campus, à época abandonado, para o DCE; promovemos festas, exposições, ajudamos a formar os Centros Acadêmicos de vários cursos e a fortalecer outros tantos.

O mais importante de tudo, porém, foi ter registrado o DCE no cartório. Outras gestões já haviam passado pelo diretório mas não haviam feito isso. Com a turma do Acontecer, o DCE da Federal de Roraima passou a existir de fato e de direito.

Foi um tempo divertido. Trabalhoso, mas divertido.

Pena que o único que conseguia namorar as meninas bonitas ou mais chegadas no movimento político estudantil era o presidente do DCE.

segunda-feira, setembro 01, 2008

(Boa) Vista de setembro


Boa Vista no termômetro: temperatura mínima de 24º, máxima de 35º.
Boa Vista sentida na pele: ardência, queimação, suor, muito calor, muito acima de 35º.
Boa Vista na mente: cansaço, desejo de chuva, tropical.
Boa Vista vista com óculos: dia ofuscante, miragens no asfalto, olhos a fechar.
Boa Vista, quente Boa Vista: noites sem vento, pele grudenta à la Manaus, chão queimando, sol impiedoso.
Boa Vista das praças: vazias de dia, cheias à noite.
Boa Vista, Roraima: chuva? Só em 2009.
Boa? Só a vista, pois o calor...

quinta-feira, agosto 28, 2008

Qualquer gato vira-lata tem uma vida sexual melhor que a nossa



Ok, há quem discorde, mas essa é a premissa do título da peça que a Cia. Arteatro estréia neste sábado.
O texto bem-humorado de Juca de Oliveira foi adaptado pelo grupo e garante muitas risadas ao público, que acompanhará o relacionamento problemático do casal Marcelo e Tati, vivido por Baronso Lucena e Silmara Costa. Não bastassem as complicações normais de todo namoro, tudo fica mais confuso depois que entra em cena Conrado, interpretado por Vito Souza.

Os últimos espetáculos da Cia. Arteatro, um dos seis grupos que formam a Federação de Teatro de Roraima, foram dramas densos, como A Última Estação e O Santo Inquérito. A mudança para a comédia romântica é fruto de viagens a festivais, estudos e muitas discussões feitas pelos componentes. A idéia é buscar aprofundar-se em linguagens que o grupo não domina e descobrir novas formas de atuação.



O ciumento Baronso (E) e o intruso Vito (D) disputam a atenção da indecisa Silmara (Foto: Marcelo Seixas)

A estréia de Qualquer gato, primeira comédia da Cia. Arteatro, será no Espaço Multicultural do Sesc Centro, às 20h30, com reapresentação no mesmo lugar e horário no domingo (31). O ingresso custa R$ 8 a inteira e R$ 4 para estudantes e comerciários com carteirinha.

Para saber das paradinhas teatrais do extremo norte brazuca, acesse o blog Teatro de Roraima.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Manhã de julgamento no STF sobre
a reserva indígena Raposa - Serra do Sol


Frases ditas na manhã pelo advogado-geral do União, José Antônio Dias Toffoli, durante o julgamento do caso Raposa-Serra do Sol no Supremo Tribunal Federal (STF), tendo ao fundo a advogada do CIR (Conselho Indígena de Roraima), Joenia Wapichana,com o rosto pintado.



"Eu não sabia que para ser um estado é preciso ser latifundiário", referindo-se à alegação de que sobrariam poucas terras para o Governo do Estado gerenciar.



"Se a terra é da União é muito mais fácil defender fronteiras do que se fosse de particulares", sobre a questão da fragilidade da soberania nacional, argumento muito usado pela turma contrária à demarcação em área contínua.



"Se houver declaração de independência (na reserva) o Estado vai lá e vai agir".



Frases da advogada Joenia Wapichana, argumentando a favor da demarcação em área contínua:




"Que nossos valores culturais e valores espirituais sejam garantidos na aplicação do artigo da Constituição".



"Vivemos há mais de 30 anos (sic) se arrastando, esperando".



"Somos acusado de ladrões, de invasores dentro de nossa própria terra. Somos caluniados e isso tem que ter um fim".



"O que está em jogo são os 500 anos de colonização. Isso é o que está em jogo. Nós temos a nossa economia e isso não é contabilizado pelo Governo do Estado de Roraima. Somos os maiores criadores de gado".



"Circulam anualmente na terra indígena mais de RS 14 milhões".



Manchetes dos jornais nesta quarta-feira (27)




Roraima Hoje





Raposa Serra do Sol

Destino de Roraima nas "mãos" do STF



Folha de Boa Vista


Supremo começa hoje decidir (sic) sobre demarcação da Raposa Serra do Sol



Para saber mais dos lances locais, clica aqui, na Folha de Boa Vista.

Para saber mais dos lances nacionais,que são os que valem mesmo, pode ser no G1



Mas antes de tudo isso ser visto ou lido, o lado pitoresco do dia 27 de agosto:



Edgar: Filho, hoje é um dia histórico e você vai ficar aí, mamando no peito de sua mãe e depois indo dormir?

O indiozinho fica em silêncio, a boca no peito da mãe, o olhar meio perdido.

Edgar: Vamos, filhão, vai ficar aí?

O indiozinho me olha, meio perdido, como a dizer: vai lá e garante a minha parte. Te vira.


No trabalho, a ligação:


Tana Halu: Ei, seu acomodado, consegui um carro. Vamos pra reserva fazer matéria!

Edgar: (Risada) Fala sério. Tenho um monte de coisa para fazer hoje aqui.

Tana Halu: Pára de ser assim. Hoje é um dia histórico e tu vais ficar atrás de uma mesa, escrevendo release?

Edgar: Ei, cara, mas esse aqui é o meu trampo. Se eu estivesse num jornal, eu iria.

Tana Halu: Tu já foi mais ativo. Hoje só quer saber de ganhar teus milhares de reais mensais sem fazer esforço.

Edgar: Pois é...


E na hora do almoço, depois de ouvir a transmissão no trabalho:



Edgar: Vó, a senhora está perdendo a transmissão do julgamento do caso da Raposa!


Vó Maria José: Isso já tá perdido faz tempo, meu filho.


Edgar: Como assim, vó?


Vó Maria José: Isso tudo é coisa de um bando de índio e branco sem-vergonha. Ninguém vai ganhar nada com isso.

terça-feira, agosto 26, 2008

Teatro de Roraima

Cia. do Lavrado faz leitura aberta de texto



Como parte da preparação da estréia da peça Homens, santos e desertores, a Cia. do Lavrado promove nesta quarta-feira (27) uma leitura aberta do texto de Mário Bortolotto. Amantes da dramaturgia estão convidados a participar do processo e conhecer o processo de construção de um espetáculo teatral.

A leitura será feita a partir das 20h no Centro de Cidadania Nós Existimos, rua Floriano Peixoto, Centro. Na quinta-feira (28), no mesmo local e horário, os atores da Cia. farão um ensaio aberto. A intenção, além de divulgar o espetáculo, é promover uma maior interação entre o grupo e o público, contribuindo para a formação de platéia.

Homens, santos e desertores tem estréia marcada para o dia 6 de setembro. A peça aborda a passagem da adolescência para a vida e as opções e dificuldades de comunicação entre pais e filhos e jovens e adultos. Marcelo Perez e Renato Barbosa atuam como atores e Graziela
Camilo na direção. As músicas ficaram a cargo de Gilson Larialp e a iluminação é de Ivan Andrade. A montagem de Homens, santos e desertores tem apoio cultural do Jornal Roraima Hoje, Fetearr, Centro Nós Existimos e Perin Veículos.

Depois da leitura e do ensaio abertos, a Cia. do Lavrado faz no sábado (30), às 20h, a festa de lançamento do site www.ciadolavrado.com.br, da nova logomarca e do novo espetáculo do grupo Os shows com as bandas Somero e HCL, sarau poético e a exposição
da artista plástica Vera Aparecida também serão realizados no Centro de Cidadania Nós Existimos. O ingresso custa R$ 5 mais um quilo de alimento não perecível. Para comprá-lo antecipadamente, ligue 8114-0349, 8118-6016 ou 81175768.

sexta-feira, agosto 22, 2008

Sobre as Olímpiadas

Acredito que o melhor das Olimpíadas é ver os resumos na TV e ficar com vontade de ter visto “aquela” competição ou então agradecer não ter perdido tempo vendo aquela “outra”. É a mesma lógica que aplico aos jogos de futebol televisionados. Prefiro conversar sobre qualquer coisa e só ir lá para ver o gol (se e quando ele sair).

Nestas Olimpíadas, agradeço o expediente das TVs de fazer o resumo diário para quem não tem como ficar vendo os jogos. Se não fosse assim, como saberia que o jamaicano Usain Bolt quebrou três recordes mundiais em apenas uma edição dos jogos? Ver o sujeito dando dois, três, quatro passos de vantagem sobre os adversários é algo fantástico, espantoso.

Daí, como a única referência que tenho da ilha caribenha em torneios é a do filme Jamaica abaixo de zero, fiquei pensando de onde ele surgiu. Se fosse africano, alguém já teria saído com a velha piada: “ah, mas lá eles estão acostumados a correr atrás de leão, por isso correm rápido”.

E o Bolt? O cara, com o perdão do trocadilho, tem uma usina de volts nas pernas. É puro músculo e velocidade. Não coincide com a outra imagem que tenho da Jamaica: vodu. Não tem feitiçaria que derrube tantos bons atletas. Isso é treinamento do bom ou então é doping.

Doping? Drogas? Peraí, então vem à cabeça outra imagem: la erva. Quer dizer que na Jamaica os caras inventaram uma marijuana que deixa o cara acelerado em vez de lerdo? Só pode ser essa a explicação. Ou então é aquilo: investimento no esporte e bons patrocínios para poder deixar, literalmente, todo o mundo para trás.

Salve, Bolt. Você é minha inspiração para começar a fazer caminhadas.

Bolt, no revezemento 4 x 100 (foto: G1)

Mas quero deixar bem claro que eu me amarro é na gostosona da Maurren Maggi, a mulher-pássaro de Pequim e seus 7,04m de vôo. Com nome de cubinho de sopa, a atleta superou todos os perrengues possíveis e chegou onde pouca gente apostaria: na medalha de ouro. Mesmo se não tivesse conseguido, eu ainda continuaria achando-a gostosona e competente.


Ma, fazendo qualquer um saltar de alegria (foto: site Terra)

Ops, errei na foto e na legenda. A que vale é esta:






Um grande salto para Maurren e para o atletismo (foto: G1)

quarta-feira, agosto 20, 2008

Propaganda (Ou como escrever sem nexo aparente)

Aprendi faz tempo que propaganda não é publicidade. Aprendi faz uns dias que marketing na Venezuela é “mercadeo”, ou seja, venda no mercado.

(Quebra de pensamento, seguido do pouco recomendável começou de parágrafo com um elemento aditivo “e”.)

E aprendi também há anos que toda eleição só começa quando o primeiro programa eleitoral dos candidatos majoritários é exibido na TV. Portanto, hoje, terça-feira (20) começou a campanha eleitoral em Boa Vista. Entraram no ar, às 12h, horário local, os programas dos candidatos Iradilson Sampaio (PSB), Luis Oca (PSol) e Luciano Castro (PR). Ariomar Farias, do PCO, não apareceu.

(Nova quebra de pensamento, ficando cada vez mais confuso.)

Outro que não apareceu hoje foi meu acesso à internet no notebook. Os técnicos passaram a manhã toda mexendo na máquina e na rede e nada de acessar a web. Tudo isso motivado pela ida da CPU para manutenção para ver se retiram os vírus e as falhas no sistema.

(Fim do texto sem nenhuma ligação com os parágrafos anteriores)

Falando em acesso à net, os modens das operadoras de telefonia são a melhor pedida para quem quer ficar longe da lenta internet discada ou da inútil web via rádio que há em Boa Vista, mas o preço de compra (R$ 300 e poucos) e a manutenção (Quase cem pilas mensais) do serviço, que nunca chega àquilo que oferece na propaganda, são motivo de reclamação entre os usuários.