segunda-feira, março 02, 2009

465


Final e começo de mês é o tempo de planejar o que fazer com o que se ganhou ou vai se ganhar. Tempo de planejamento.

465

Verificam-se as entradas e as possíveis e confirmadas saídas de grana, adiam-se projetos, adiantam-se vontades, corre-se para o cheque especial, se for o caso.

465

Na capital, meus primos civilizados jogam no Excel as receitas e despesas. Alguns riem de alegria pois aquela vontade será saciada. Outros, riem de desespero pois não sabem como vão chegar no próximo final de mês.

465

Na minha aldeia, ponho as contas de meus colares na mesa, pego todos os papeis de fiado e jogo uma aritmética que tente me favorecer. O desafio: tocar a vida e guardar pelo menos umas penas para o escambo com os brancos.

465

Listadas as necessidades, cortadas as vontades, analisadas todas as possibilidades, vejo que a renda ainda tem condições de cobrir o corpo desrendado. Isso desde que não chegue o IPTU, o IPVA, o IR e outra qualquer coisita a más neste mês que se inicia hoje.

465

Sobrevivente, pergunto-me: como é que vivem as pessoas com renda igual ou inferior a um salário mínimo?

Enquanto não encontro resposta, vou cantando Sucursal del Cielo, música do guatemalteco Ricardo Arjona:

Me sorprendí sumando ceros a una cuenta
Víctima del impuesto sobre la renta
Y me olvide de las pequeñas cosas (...)

Nenhum comentário: