O caimbé é uma árvore típica do cerrado, resistente ao fogo e clima inclemente de Roraima. Na Venezuela é conhecido como chaparro. Com suas folhas ásperas, é possível dar brilho em panelas de alumínio. Seu tronco é retorcido e sempre parece estar descascando. Pode chegar a quatro, cinco metros de altura.
É a primeira planta que cai quando chegam os fazendeiros buscando criar plantações de arroz, de soja ou qualquer outra coisa. Como sua madeira é de pouco ou nenhum valor comercial, é desprezado, tido como estorvo.
O caimbé foi a árvore escolhida para dar nome ao coletivo formado por este cronista, pela gestora cultural/poeta Zanny Adairalba, pelo jornalista/blogueiro Luiz Valério e pelo artista plástico Tana Halu. Temos a certeza da escolha correta. A planta que identifica o grupo resiste a tudo o que se faça contra ela, do mesmo jeito que a arte e a cultura roraimense. Mesmo no mais rigoroso verão e passando pela mais criminosa das queimadas, o caimbé continua de pé, acima das gramíneas, altivo, marcando a paisagem do lavrado de Roraima.
A nossa primeira intervenção será neste sábado 14 de março, instituído dia nacional da poesia em homenagem ao nascimento do poeta Castro Alves, autor, entre outros, de Navio Negreiro. Como já foi dito, vamos montar base na Praça das Águas, Centro de Boa Vista, e instalar um varal de poemas, declamar, exibir videopoesias e fazer com que as pessoas sintam a palavra nos cubos poéticos que preparamos.
A intervenção é aberta a quem quiser participar. Já convidamos autores para que levem seus livros e declamem seus textos. A noite também terá rock com a banda Iekuana, parceira neste evento. A primeira ação do coletivo já conseguiu o apoio da Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura e do Sesc – RR. O Estúdio Parixara está a postos para fazer um CD com os poemas de autoria de quem escrever no varal. Estamos empolgados e esperamos marcar a passagem do dia nacional da poesia, criando cancha para outras ações. E sempre com uma regra: entrar e sair sem levar peso.
O coletivo ArteLiteratura Caimbé é uma nova experiência em nossas vidas. O mais experiente na vida artística, com maiores resultados alcançado, é Tana Halu, que já ilustrou e publicou livros e cartilhas. Os demais temos muita estrada basicamente como espectadores, exceção feita a Zanny, que atua como gestora cultural há quase cinco anos.
Sim, eu tenho um e-book na revista de micronarrativas Minguante, escrevo crônicas para outros sites e tal, já fui publicado em três coletâneas de poesia e não sei mais o que. Também lembro que quando estava cursando jornalismo organizava as semanas culturais da UFRR, fazendo programação e contatando artistas para que expusessem e tocassem no campus do Paricarana. Mas isso na minha história não me basta. Chega um momento da vida em que é necessário decidir se vamos ser sempre apenas formigas operárias ou vamos tomar conta de nossa parte cigarra e sair tocando pela mata.
É chegado então o momento de parar de ser tão formiga operária. O que vai resultar disso, ninguém sabe, ninguém aposta, pois trabalhar em grupo é difícil, principalmente quando todos são amigos. Mas que vai ser divertido, ah, isso vai.
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