Sobre como foi o Dia Nacional da Poesia em 2009
Manhã
Hum...
Checa a lista de tarefas, confere o que falta e o que já está pronto. Tudo Ok? Então vamos à feira, para a rotina.
Tarde
Hum...
Opa, falta isso, meninos? Então vamos fazer, né? Mas antes...que horas é a merenda, Tana Halu? É dia de tambaqui assado?
Transporta os cubos, espera abrir o centro de artesanato para guardar e pegar depois, pega Zanny, volta para a praça, carrega os cubos, monta o big cubo, o palco, a instalação elétrica, o telão, calor, suor, cansaço...
Noite
Tana monta os varais e toda a parte plástica. Vai embora por força das obrigações de formiga, mas ele queria mesmo era ficar para ser cigarra e aproveitar a festa que montou. Luiz, o tímido, assume a locução e explica que somos o Coletivo Arteliteratura Caimbé celebrando o mundo dos versos.
O pessoal parou para ler
A noite chega na Praça das Águas, Zanny, a Adairalba, já organizou a logística e agora é esperar os primeiros poemas. E eles chegam com um venezuelano falando de juventude e liberdade para o país vizinho. Segue-o Lindomar Bach, que enche um cubo com seus poemas curtos e um desenho. Na sequência chegam a professora de letras Conceição Lopes, carregada de banners com poemas que serão muito lidos e copiados à noite, Daniel Moraes e Idalece Rodrigues, com cartolinas recheadas de imagens e poemas.
Lindomar Bach e sua caixa de poemas e desenhos
Tana Halu e Malena montando os varais
Zanny e Malena na ativa
Aos poucos, a praça é tomada pela poesia. Os cubos despertam curiosidade nas pessoas, que não sabiam que podem tocá-los para ler com mais conforto. Maior surpresa é saber que também podem escrever seus versos neles.
Roberta Cruz e Alex Pizzano na montagem dos poemas
Os varais vão se enchendo. A noite está agradável e boas pessoas ficam no local por muito tempo. Os poetas e declamadores ocupam bem o tempo e o público ouve e lê atento. Até as crianças arriscam versar. A tudo isso assistem atentos uma equipe da TV Cidade e os alunos do quinto semestre de jornalismo da Faculdade Atual.
Bia Figueredo, minha afilhada: 7 anos de poesia
Perguntas: “quem organiza? Do que se trata? Dia de que? E posso mexer nos cubos? Mas vocês divulgaram isso nas escolas e nos jornais? Vai ter rock? E tu, Edgar, não vais declamar nada?”
Venda de livros
Afirmações: “nossa, que legal, deviam fazer mais vezes! Putz, eu não sabia disso, senão teria trazido meus poemas que estão lá em casa!”
Professora Conceição Lopes e seus banners poéticos
Alguns nomes de pessoas que tive tempo de ouvir declamar: Daniel Moraes, Cyneida Correia, Walber Aguiar, George Farias, Riza Abensour, contramestre Ongira Palmares, Camila (sobrinha da Cyneida), David de Paulo, Romário Guimarães e seu Navio Negreiro homenageando Castro Alves.
Contramestre Ongira carregando os versos do finado Mestre Macaô
Cyneida Correia, correndo pra galera depois de declamar Florbela Espanca
Daniel Moraes e Idalece Rodrigues na montagem
Além de tudo isso, Bach, Walber Aguiar e Adair Santos vendem seus livros, Luiz Valério exibe suas poesias visuais, a dupla de hippies Diogo e o argentino Alejandro faz uma performance para poder passar o chapéu, o pessoal da Ordem dos Músicos do Brasil aparece do nada pedindo as carteirinhas musicais da turma da banda Iekuana e a Guarda Municipal e a Polícia Militar garantem a segurança da intervenção.
Lendo e escrevendo nos cubos
Vai ter rock?
Vai, mas acaba às22h. Enquanto isso vai lendo ou escrevendo. Ou melhor, faz as duas coisas.
Atrasos que surgem para bem. 21h é o pico da declamação, com fila e tudo o mais. Dezenas de espectadores ouvem na praça, outros tantos ficam lendo o que já foi feito. Enquanto isso, a Iekuana ganha tempo para se arrumar no palco.
Antes dela, Magoozaia toca três de suas composições. A primeira é Bicho da Manga, agora em ritmo de jazz. Muito bom. Valeu, negão. Mandaste bem.
Os iekuanas mandam três suaves, param para Romário arrepiar a platéia com mais de Castro Alves, e retomam a sessão de rock, reggae e hip-hop que apresentam no repertório. Elogios à musicalidade, novos fãs surgem, o tempo corre, a energia que está rolando vai e volta entre a banda e o público. O fogo está alto mas o tempo e o contrato do equipamento de som nos pressionam. O público grita pedindo mais. Lamentavelmente não dá, mas é bonito ver a galera pulsando e pulando.
Walber Aguiar foi um dos poetas já publicados presentes
Encerramos? Antes disso, Luiz convida o povo para ver um espetáculo de pirofagia numa das pontas da Praça das Águas, que todo sábado ferve com a turma do hip-hop quebrando a coluna para mostrar quem dança mais.
Agora sim, agradecemos ao público, ao Sesc, à Fetec, ao Estúdio Parixara e avisamos que agora vamos trampar para produzir o DVD de poesias visuais com os textos autorizados nesta noite.
Depois de recolher tudo, as conversas, os elogios, a sugestão de continuar fazendo intervenções, as risadas e as piadas que não surgem necessariamente nessa ordem, a pizza depois da meia-noite com os velhos e novos amigos, o retorno cansado e feliz para casa.
Foi bom. Muito bom. E como falam por aqui, se tu não foi, perdeu.
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